Você tem recapitulado o mundo com sua vida?

Você sabia que com a nossa vida conseguimos salvar almas no dia a dia? O tema de hoje nos embarca numa jornada de pequenos desafios diários que podem transformar a vida de muitas pessoas.

Para começar, preciso explicar que quando Deus nos convida a estarmos inseridos em uma vocação dentro de uma Comunidade Católica, Ele suscitará também formas de vida para nos ajudar a viver.

Existem duas formas de vidas: a aliança e a comum.

A forma de vida comum é quando os missionários deixam suas casas, suas famílias e vão morar juntos em uma casa católica, em um ambiente comum, convivendo juntos, e através da vida fraterna, testemunhar Cristo.

A forma de vida de Aliança são os missionários que moram em suas próprias casas, com as suas famílias, trabalham fora, têm momentos apostólicos com os seus irmãos, mas não convivem diariamente, e testemunham Cristo em seu ordinário.

Como recapitular o mundo, sem ser do mundo?

Dentro da Comunidade Católica Pantokrator somos chamados na forma de Aliança a estarmos inseridos no mundo, mas não nos tornar do mundo. 

Estamos inseridos no meio das pessoas, realizando a nossa rotina diária, sem chamar atenção com as nossas vestes, mantendo o valor da castidade, e sem gritaria ao pregar o evangelho. 

Não somos chamados a sair por ai, impondo o catolicismo para as pessoas, mas, ao contrário, estamos no mundo para ser o amor, para sermos o Cristo nas pequenas coisas.  

Somos a face dEle e as atitudes no simples do nosso dia a dia, sendo a solidariedade, a escuta, aquele que faz corretamente o que é certo e não vai para a cabeça dos outros, fazendo a diferença mesmo que ninguém note, cortando uma fofoca, uma piada de mal gosto, agindo como Ele agiria. 

Inseridos no meio da juventude, somos chamados a mostrar como é bom ser de Deus, apenas com a nossa radicalidade e alegria, atraindo eles para Cristo no nosso jeito simples de ser. 

Entre os adultos, somos chamados a levar Deus ao mundo na maneira como Ele nos chama: inseridos nos nossos trabalhos diários de evangelização, nas ruas, nas nossas rotinas.

Realizar esse chamado é fácil? Claro que não! Mas ele é gratificante e posso te garantir isso. 

Testemunhando com a minha própria vida. 

Sou uma pessoa de um temperamento forte, de uma personalidade forte, e na maioria das vezes as situações não saem como eu gostaria. Amo conviver com as pessoas, mas claro ninguém é fácil, eu também não. 

Mesmo diante do meu chamado que é forma de Aliança, enfrento muitos desafios, não é fácil ser o Cristo em um mundo hoje onde a religião é banal, onde tudo pode e ninguém deve satisfações a ninguém. 

Não saio por aí  falando que sou consagrada, que faço parte de uma comunidade e muito menos saio convencendo as pessoas que precisam aceitar a Cristo. Não! 

Simplesmente tenho a minha rotina normal, como qualquer outra pessoa, a diferença é como eu vou agir mediante as dificuldades e como eu trato e convivo com essas pessoas.  

Sou imensamente grata por esse chamado, porque através dele eu posso testemunhar na vida que sim, podemos ser de Deus, que Ele é o sustento de todas as coisas. 

Mesmo quando as coisas não dão certo, se estou irritada, se sou injustiçada, eu preciso optar em amar, e nessas horas nem sempre significa ficar quieta, mas sim como vou colocá-las. Se errei, preciso assumir e dar o perdão. 

Minha vida, um ato de Amor no mundo. 

Gosto de sempre ter na minha mente que um trabalho jamais é só uma maneira de me sustentar e ganhar dinheiro, ele é uma missão. 

Existem pessoas no ambiente de trabalho que precisam de Cristo, seja através de um bom dia, de um sorriso, ou de uma má resposta recebida, que não foi entregue de volta. As pessoas estão sedentas de amor, elas não são máquinas, não posso tratá-las como se fossem. 

Atualmente trabalho em uma sala com mais de sessenta pessoas, e sim é muito estressante quando todos resolvem falar no telefone ou realizar uma reunião, mas eu não posso deixar isso me abalar, preciso ter um olhar fixado em Deus.

A forma de vida de aliança é chamada também a ter uma oração continuada, que simplificando é, trazer Jesus para o seu dia, englobando tudo onde preciso estar e viver. 

Chamo ele para me ajudar a realizar o meu trabalho, as coisas que dão errado, para tomar um café, enfim ele fica comigo, para me dar o olhar e a sabedoria que preciso, para o desenrolar das coisas.  

Quando Deus faz do simples, o extraordinário 

Certo dia a sala estava nesse caos acima e tocou o telefone, era uma senhorinha que precisava de ajuda para instalar um aplicativo no seu computador. Entretanto ela não sabia mexer e não entendia de internet, a maioria das pessoas ao meu redor me disseram para desligar e quando chegasse alguém que soubesse a mexer no ambiente que ela estava ela ligaria de volta.  

Quero fazer uma pausa aqui para que você reflita, eu poderia ter desligado o telefone? Seria justo? Seria, pois tinha muitos afazeres a terminar. Mas eu desliguei? Não! Atendi essa senhora com carinho e amor, assim como faço com as outras pessoas, dei a atenção que ela precisava.

A ligação durou cinquenta minutos, e ao terminar ela me agradeceu, por não limitá-la por causa da idade, por tê-la tratado com respeito e ter agido com paciência. Pronto, ganhei meu dia com esse gesto de amor.  

Achei na verdade que ninguém tinha notado a minha atitude, mas para minha surpresa várias pessoas vieram me elogiar, que sim essa era a maneira de mostrar que eu sou católica, e pregar o evangelho. Entenderam?

 De maneira nenhuma quero me engrandecer aqui, qualquer um poderia fazer o que eu fiz, até porque o mérito é todo de Cristo. Mas o que desejo ressaltar é que a busca pela santidade, se tornando o Cristo para as pessoas, está nos gestos das pequenas coisas.

Teria mil outros testemunhos para dar, mas não quero mais me estender, espero que você tenha entendido um pouco, e que Deus tenha usado dessas linhas para fazer o seu coração pulsar e, quem sabe, fazer parte desse chamado. 

Deus abençoe. 

Carla De Fátima Gaspar
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator