Os temperamentos e a conversão

temperamentos

Na busca de sermos autênticos cristãos, orientamos nossos passos para uma crescente conversão. O autoconhecimento é essencial para isto. Dentre tantos fatores que nos ajudam a conhecer melhor quem somos, existe o estudo sobre os temperamentos.
Este estudo existe desde a Grécia Antiga, e é desenvolvido até os tempos atuais.

O que é temperamento? 

É um conjunto de características, transmitidas geneticamente, que inconscientemente influenciam nossos comportamentos, valores, tendências, habilidades, interesses, relações com a vida, conosco mesmos e com os demais.

INTRODUÇÃO AOS TEMPERAMENTOS BÁSICOS

Hipócrates, por volta de 400 a.C., desenvolveu um estudo classificando os temperamentos em quatro tipos básicos. Nós apresentaremos resumidamente nesse texto seus principais pontos fortes e fracos:

  • Sanguíneo: Eufórico, espontâneo, com decisões mais pautadas em sentimentos, não aprecia solidão, tem capacidade de amar e esquecer alguém com facilidade.

– Fortalezas: Comunicativo, entusiasta, receptivo, simpático, otimista, bom companheiro, compreensivo, crédulo, vigoroso, facilidade de perceber quem está feliz ou triste, facilidade de fazer amigos, partilha seus sentimentos e acolhe os dos outros, perdoa facilmente.

– Fraquezas: Medroso, ingênuo, volúvel, indisciplinado, impulsivo, inseguro, egocêntrico, barulhento, exagerado, apegado a impressões externas, pouco prático, desorganizado, inquieto, dificuldade de finalizar o que iniciou, dificuldade de dizer “não”. Com a idade, tendência a falar mais sobre si, dominando a conversa. Embora seja alegre, desanima-se facilmente, pode “perder o controle” facilmente na ira, mas se desculpa e esquece disto facilmente. Tendência à luxuria.

  • Colérico: Pioneiro, extrovertido, mas nem tanto quanto o sanguíneo. Não aprecia artes, e sim, o “prático” e “útil” da vida.

– Fortalezas: Não precisa ser estimulado pelo meio. É ele quem estimula com ideias e planos. Persistente, prático, voluntarioso, eficiente, independente, tem facilidade de tomar decisões para si e para os outros, não se importa tanto com opiniões alheias.

– Fraquezas: Facilmente irado, teimoso, não demonstra compaixão com facilidade, raramente prevê os obstáculos que possam aparecer. Dominador, tende a usar pessoas para obter seus fins. Sarcástico, impaciente, prepotente, intolerante, vaidoso, autossuficiente, insensível, vingativo.

  • Melancólico: Ama artes. Perfeccionista. Tendência a ser introvertido, mas pode variar nas disposições de espírito, a ponto de “se soltar mais”. Não costuma ter a iniciativa de buscar as pessoas, mas deixa que o procurem. Alterna entre fases de êxtase ou inspiração: pode produzir grande trabalho espiritual ou artístico, seguindo depois de fase “depressiva”.

– Fortalezas: Criativo, profundo, detalhista, propenso a genialidade. Sensível às emoções, mas diferente do sanguíneo, as pondera. Fiel. Prefere tarefas “por trás dos bastidores”, dar-se para o bem dos outros. Conhece limitações próprias, não se comprometendo a “dar passos maiores do que pode”.

– Fraquezas: Mais egocêntrico que os demais temperamentos. Revive acontecimentos e decisões a procura de melhorias, mas muitas vezes isto é excessivo, sendo-lhe prejudicial. Sente-se ofendido ou insultado facilmente. Inclinado a desconfiança e a “suposições desfavoráveis” (complexo de perseguição). Pessimista, confuso, vingativo, inseguro, crítico, de ânimo instável. Amuado, podendo ser hostil. Hipocondríaco. Exigente consigo e com os demais. Tendência a idealizar alguém à distância e depois se frustra com fraquezas. Fuga da realidade pelo devaneio (do passado ao futuro, fuga do imperfeito do presente). Externamente: sossegado e calmo, internamente: ódio turbulento… Pode se conter, mas se alimentar este ódio interior, pode se “explodir”.

  • Fleumático: Ponto de ebulição muito alto. (Raramente se explode em riso ou raiva). Quase tímido, frio, despreocupado, busca envolver-se o mínimo possível em atividades extras. Sente mais emoção do que demonstra. Aprecia artes, zombador. Metódico.

– Fortalezas: Simpático, calmo, bem equilibrado, gosta do convívio social, capacidade de fazer outros gargalharem sem dar um sorriso, boa memória e organização de ideias. Dom de imitar. Pacificador, prático, eficiente. Capacidade de analisar bem com o mínimo desgaste possível. Reluta assumir liderança, mas a exerce bem. Bom conselheiro, facilidade de ouvir. Amigo fiel, embora se envolva menos do que o melancólico.

– Fraquezas: Tendência a ser lento, “sem vontade” e indolente (desleixado, preguiçoso). Opõe-se a mudanças. Tendência de utilizar seu humor para atiçar ou enraivecer os demais, mas ele mesmo não perde a compostura. Não reage bem a críticas. Pode utilizar as pessoas para seus interesses.

Analisando as principais características de cada temperamento, podemos nos identificar com mais de um, em maior ou menor proporção. É possível que encontremos em nós mesmos um pouquinho dos quatro.

Como dito no primeiro parágrafo deste texto: o objetivo de estudar os temperamentos não é o de rotularmos uns aos outros, mas utilizarmos este estudo para a nossa maior conversão.

ESTRATÉGIAS DE CONVERSÃO A PARTIR DOS TEMPERAMENTOS

Tendo uma ideia de nossas tendências temperamentais, podemos traçar metas de conversão, de acordo com nossas principais tendências. Seguem alguns exemplos:

  • Sanguíneo: buscar autocontrole, maior organização e capacidade de dizer “não”. Utilizar mais a razão em suas decisões. Abandonar sua vida ao Senhor. Guardar-se com maior cuidado das impurezas, especialmente no campo visual. Voltar seus afetos para Deus.
  • Colérico: buscar mais empatia, humildade, ternura. Contemplar o sentido do processo, focando menos no objetivo final. Reconhecer-se dependente de Deus.
  • Melancólico: buscar encarar o momento presente, redirecionar o olhar além de si, para alguma missão que dê maior sentido à vida. Trocar o pessimismo pela Fé e o perfeccionismo torturante pela paz de confiar a Deus os trabalhos a que “deu seu máximo” e concluiu. Combater indecisão e covardia.
  • Fleumático: Ser menos calculista. Adequar seu interior agitado à sua calma aparente. Trabalhar a maneira de utilizar seu senso de humor, sendo menos provocativo. Deixar-se sair de sua “zona de conforto”.

O que de fato não podemos deixar de buscar, é a presença de Deus. Em primeiro lugar, porque fomos criados para estarmos em união com Ele. E é justamente nesta união que somos transformados e naturalmente “polidos” em nossos temperamentos, de forma que pontos negativos se amenizam e potenciais desabrocham. É o que vemos no livro “Temperamento Controlado pelo Espírito”, de Tim LaHaye. Ele relaciona os Frutos do Espírito Santo como cura para nossas tendências negativas.

Os desafios que nossos temperamentos nos oferecem, a princípio nos parecem obstáculos, mas são instrumentos para a santidade, e glorificam a Deus, que se manifesta em meio às nossas fraquezas.

Luiza Torres de Jesus
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator

 

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