Resiliência versus Fortaleza

Está na moda falar sobre resiliência, principalmente diante das dificuldades da vida e vemos em palestras, vídeos, conversas informais e até em reunião de escola. Resiliência parece que se tornou a palavra-chave motivacional do momento. Seja no trabalho, nos estudos, no emocional, para os atletas e muito mais.

Se formos pesquisar sobre ela, veremos um leque de definições para cada situação específica, mas, brevemente vou ficar com essa: capacidade de se recuperar após um revés ou de superar situações adversas.

É muito comum hoje recebermos mensagens motivacionais com esse cunho, até mensagens religiosas. Mas será que resiliência é uma palavra bíblica e ensinada pela doutrina da Igreja? Intrinsecamente ela está presente na vida de muitos personagens da bíblia como Jó, os sete irmãos Macabeus e sua mãe cf 2Mac 7,1ss, na vida de Eleazar 2Mac 6, 18-31. 

Vejo que ela é necessária para nos abrirmos à um bem maior que é o dom da fortaleza, porque a pedagogia de Deus não funciona como mágica, pega um recalcitrante e dá a ele o dom da fortaleza e ele vence todas as adversidades, se quiser ele pode fazer, mas não é o caminho usual.

O Rei Davi e a resiliência.

Davi aparentemente era um fracote exteriormente, mas interiormente era forte, por isso Deus o escolheu, não viu as aparências, mas o coração e por isso o ungiu pelas mãos do profeta Samuel cf 1Sam 16, 1ss.

Aí podemos ver a união do dom humano, a resiliência, com o Dom Divino, da fortaleza, e por isso, Davi derrota Golias, o gigante Filisteu cf 1Sam 17. A resiliência é a forja humana que nos prepara para o Dom Divino e a unidade das duas nos faz vencer gigantes.

O dom da Fortaleza.

O catecismo da Igreja Católica 1808 assim define o Dom da Fortaleza:  A fortaleza é a virtude moral que, no meio das dificuldades, assegura a firmeza e a constância na prossecução do bem. Torna firme a decisão de resistir às tentações e de superar os obstáculos na vida moral. A virtude da fortaleza dá capacidade para vencer o medo, mesmo da morte, e enfrentar a provação e as perseguições. Dispõe a ir até à renúncia e ao sacrifício da própria vida, na defesa duma causa justa. «O Senhor é a minha fortaleza e a minha glória» (Sl 118, 14). «No mundo haveis de sofrer tribulações: mas tende coragem! Eu venci o mundo!» (Jo 16, 33).

Vendo a definição acima podemos perguntar por que ficar só com a resiliência se posso muito mais? Se posso tocar o transcendente e trazer a minha vida um vigor que vai além das minhas forças humanas e que pode me fazer muito mais forte? A resposta é simples, triste, mas simples, as pessoas estão se esquecendo que podem contar com Deus, com seu amor poderoso que nos sustém e dá coragem, que nos ampara e abriga.

A exclusão de Deus

Existe um forte movimento no mundo atual para afastar as pessoas da sua fé, por isso tentam criar caminhos alternativos, que não leva a lugar nenhum, são somente um amontoado de palavras bonitas, motivacionais mas de curta duração. São muito belas enquanto estão no conto de fadas, mas quando chega a dura realidade as pessoas “espanam” porque não tem consistência, não tem fé, não se abriram ao dom da fortaleza e aí vem o pior, onde estão os que incentivaram, divulgaram e motivaram com palavras tão “sábias”? muito longe porque não tem a verdadeira resposta, se são questionados arrumam um monte de desculpa e joga a culpa de volta.

Clique na imagem e assista o vídeo de apresentação do Caminho de Emaús

Na vida dos mártires encontramos a verdadeira resposta.

Mártir é aquele que não esmorece diante das perseguições, mantém-se firme e inabalável diante de toda adversidade. Paga com sua própria vida a sua fidelidade incondicional, pois descobriu um tesouro maior. No sangue dos mártires estão as sementes de novos cristãos.

Vivemos tempos difíceis de prova da fé, se não formos resilientes e revestidos do Dom da fortaleza, não resistiremos. Não basta só a resiliência e nem pensar que a fortaleza é uma mágica, mas precisamos de ascese, de uma busca disciplinada a todo instante para que possamos resistir os dias maus e nos mantermos inabaláveis no cumprimento de nosso dever cf Efe 6,13.

Elias Antonio Breda Gobbi
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator