Temos uma grande simplicidade de burocratizar tudo que nos cerca e com a nossa fé não é diferente. Feridos pelo pecado, muitas vezes temos dificuldades em aceitar o amor e a redenção de Cristo, nos tornando fariseus, algozes de nós mesmos e dos nossos irmãos. Mesmo após 2 milênios da vinda do nosso Salvador, continuamos a segregar Deus do homem.
Simples Jesus!
O nosso Deus ao se fazer homem, optou por viver de forma simples, ensinar de forma simples, falar de forma simples.
O Rei do universo se abdica de toda a sua realeza e decide viver como servo, entre os servos, entre aqueles que não conheciam o amor de Deus e que não tinham a menor capacidade de interpretá-lo.
A palavra de Deus nos revela que as multidões seguiam Jesus e que durante os seus sermões, milhares e milhares de pessoas se sentavam para O ouvir falar.
Em Mateus 14:21 logo após a multiplicação dos pães e peixes temos a descrição de 5 mil homens, sem contar as mulheres e crianças, que foram alimentados após um sermão.
O que essas pessoas viam e ouviam que os faziam seguir o Mestre? Ao analisarmos o contexto sociológico da época, é possível deduzir que boa parte dessa multidão não era dotada de conhecimentos intelectuais.
Sendo assim, uma das formas que o Cristo buscava ensinar e falar com o povo era através de parábolas, sempre tornando simples e claro o que Deus Pai queria revelar aos homens da época.
No Livro de Lucas 10:21, Cristo rende ação de graças ao Pai por revelar coisas aos pequeninos que foram escondidas dos sábios e entendidos.
É melhor o feito do que o perfeito.
Os evangelhos e o novo testamento como um todo, constantemente nos apresenta um Deus amoroso e simples, que conhecendo as limitações humanas nos conecta a Si através da simplicidade, quebrando todas as barreiras que segregam o homem de Deus. Contudo, saudosos da cebolas do Egito estamos constantemente nos submetendo ao jugo da escravidão.
São Paulo apóstolo nos exorta em Gálatas 5:1, ensinando que Cristo nos libertou. O Senhor Deus se revela a nós no simples do nosso cotidiano, no ordinário de nossas vidas.
Porém, muitas vezes estamos com os nossos ouvidos inflamados, com os nossos olhos tampados e achamos que o Altíssimo está apenas no extraordinário. Presos nessa mentira, aos poucos vamos nos afastando de Deus e da sua doce vontade.
Vamos deixando de rezar o Santo Terço por não estarmos “no lugar adequado”, por não estarmos na “hora adequada”, deixamos de ir a Santa Missa por não termos “confessado”, deixamos de orar por não ter feito a “Lectio Divina”. Entenda!
Não devemos nivelar por menos as nossas entregas a Deus, mas também não podemos usar o legalismo como arma para não entregar nada.
Devemos buscar a perfeição para Deus sempre! Mas, é melhor o feito do que o perfeito, como nos ensinou o Professor Raphael Tonon recentemente em uma edição do Lente Católica.
O Deus de tudo, presente no simples do nada
Permitir que a graça de Deus nos alcances através da simplicidade, nos deixa cada vez mais próximos do céu, o exemplo mais perfeito disso é a Santa Eucaristia.
Conhecedor da nossa pequenez e cumprindo uma promessa, Jesus se doa através de um simples pão, através de um simples vinho. O Deus de tudo, grande e magnânimo, se faz pequeno, e permite nos saciarmos através da sua carne e do seu sangue.
É preciso que tiremos os nossos corações dos pedestais que nós mesmos construímos e os coloquemos aos pés de Cristo, para que Ele nos forme segundo a sua vontade.
Conscientes da simplicidade do nosso Salvador e o quanto isso nos conecta a Ele, peçamos a interseção de São Francisco que na simplicidade encontrou o tudo de Deus.
Denis Dias
Postulante na Comunidade Católica Pantokrator