A santidade no cotidiano

a santidade no cotidiano

Todo ser humano possui uma vocação, um chamado de Deus. Há vocações específicas como a vida consagrada através de um carisma ou a vocação ao casamento, mas há uma vocação comum a todos os homens: o chamado a ser filho de Deus e viver a santidade. “Pois eu sou o Senhor, vosso Deus. Vós vos santificareis e sereis santos, porque eu sou santo” Lv 11,44.

Mas o que é santidade? Vamos a uma comparação: um navio parte de um porto e tem destino certo em outro porto; o comandante da embarcação planeja um caminho e aí então inicia-se a viagem. O navio, a princípio, seguirá fielmente sua trajetória, mas podem ocorrer adversidades fazendo com que a trajetória mude. Mesmo com a mudança, logo ele retorna ao caminho para poder chegar ao seu destino – este navio nunca irá perder seu sentido, seu objetivo. O caminho de santidade é parecido com essa comparação: nós somos o barco, o trajeto é a nossa vida espiritual, as tormentas e adversidades são os pecados que nos desviam do caminho e o porto de chegada é o céu. Quem é o comandante? Aquele que se propõe a viver a santidade deve entregar o seu barco ao comandante Jesus. Santidade é nunca perder o real sentido desta vida, que é nos preparar para o céu.

Deus quer que todos nós vivamos dessa alegria eterna chamada “céu”. “É como está escrito: coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam” 1 Cor 2,9. Viver a santidade é responder a cada dia ao amor poderoso de Deus. Esta santidade é diferente de perfeição; o pecado é uma realidade da nossa natureza, somos inclinados ao pecado pois somos humanos, mas é preciso ter a firmeza de sempre voltar ao caminho em direção ao céu e experimentar a misericórdia quando não se consegue ser fiel à vontade de Deus

Vida cotidiana

A vida é 99% vivida no cotidiano, nas coisas simples como: lavar louça, cuidar dos filhos, preparar uma refeição ou passear com um animal de estimação. Jesus nos ensinou sobre a santificação da vida cotidiana quando viveu as coisas simples numa família. Ele pregou publicamente durante 3 anos; o que fez nos outros 30 anos? Viveu o cotidiano, cresceu em um ambiente familiar, tinha seus amigos e parentes, aprendeu um ofício com seu pai, ajudava sua mãe nos afazeres da casa, foi tão discreto que, quando ele começa a pregar e realizar milagres, aqueles que o conheciam,  se surpreendem e perguntam entre si “Não é este o filho do carpinteiro?” (Mt 13,55a)

Existe ainda a falsa impressão de que para agradar a Deus é necessário realizar feitos heróicos, ser mártir, deixar escritos espirituais, ser reconhecido pela fé e temor à Deus… é claro que estas ações agradam a Deus, mas é possível ser santo realizando o ordinário. É inspirador ler a história dos apóstolos e outros grandes santos, mas diante dessa grandeza pode surgir o sentimento de incapacidade, de que é impossível replicar essa vida de fé segundo a vontade de Deus. Os desafios da vida atual são diferentes dos desafios que os santos viveram nos séculos passados. Hoje, a valorização somente dos bens materiais, a busca do prazer a qualquer custo e o egoísmo são desafios que se levantam contra a vivência da santidade, por isso, o cristão deve viver cada uma destas realidades cotidianas como oportunidades para fazer a vontade de Deus. Deve rejeitar a cultura do mundo, deste sistema que afirma categoricamente que o homem se basta e que não é necessário o amor ao próximo e, principalmente, o amor a Deus. 

São José Maria Escrivá, o santo do cotidiano

José Maria, fundador da Opus Dei, foi um padre espanhol que viveu de (1902 a 1975) e foi canonizado em 2002 por São João Paulo II. “Na homilia da Missa em que foi celebrada a cerimônia de canonização, o papa atribuiu familiarmente a São Josemaria um título: chamou-lhe O santo do cotidiano. São Josemaria – dizia nessa homilia – foi escolhido pelo Senhor para anunciar a chamada universal à santidade e mostrar que as atividades correntes que compõem a vida de todos os dias são caminho de santificação. Pode-se dizer que foi o santo do cotidiano. De fato, estava convencido de que, para quem vive sob a ótica da fé, tudo é ocasião de um encontro com Deus, tudo se torna um estímulo para a oração. Vista dessa forma, a vida diária revela uma grandeza insuspeitada. A santidade apresenta-se verdadeiramente ao alcance de todos”. (1) 

A santificação do trabalho é a marca registrada da pregação deste santo. Tenho certeza de que você, que está lendo este artigo, deve ter muitas preocupações e problemas que enfrenta no seu trabalho e a proposta é justamente viver tudo isso como forma de se santificar. Em tudo que fizer, seja no trabalho, em casa, nos espaços mais diversos, faça com amor e se santifique onde Deus te colocou.

“Deus espera-nos cada dia: no laboratório, na sala de operações de um hospital, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no seio do lar e em todo o imenso panorama do trabalho: há algo de santo, de divino, escondido nas situações mais comuns, algo que a cada um de nós compete descobrir. Não há outro caminho, meus filhos: ou sabemos encontrar o Senhor na nossa vida de todos os dias, ou não o encontraremos nunca(1)

Todos os dias Deus nos dá a oportunidade de sermos santos e de dizer sim à vontade dele nas pequenas coisas. Em tudo que fizer, faça com amor, faça o melhor, faça para agradar a Deus e para servir seu irmão.

São José Maria Escrivá
Rogai por nós!

 

Raul Cézar Aparecido dos Santos Cid

Postulante da Comunidade Católica Pantokrator

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