Viver a vontade de Deus, viver seu plano de amor, viver seu sonho é o grande desafio para aqueles que buscam viver sua fé de maneira concreta e verdadeira, pois os desafios contrários são muitos e tentam mostrar que viver o que o mundo propõe é mais vantajoso.
Não podemos desistir de viver seu plano de amor, pois é o que verdadeiramente vai nos fazer felizes, viver a essência, em consonância com suas leis de amor e não de modo superficial e muitas vezes até artificial proposto pelo mundo.
A docilidade
Viver essa vontade que verdadeiramente nos realiza não deveria ser difícil, pois, tudo é ação do próprio Deus, ação do Espírito Santo em nossa vida e cabe a nós sermos dóceis, viver a docilidade e a sensibilidade ao mover da terceira pessoa da Santíssima Trindade.
Sabemos que não é simples assim para nós, como é para Deus, devido as barreiras impostas pelo pecado, pelo mundo e por Satanás que tentam nos mostrar outras “vontades” a serem seguidas.
Por isso precisamos de viver uma ascese constante, uma busca de purificação das nossas vontades pessoais, do nosso egoísmo, das seduções e propostas do mundo para aí sim nos abrirmos a vontade de Deus. É um caminho árduo, difícil, mas possível.
Uma mestra a nos ensinar
Vivemos em um tempo em que as pessoas ajuntam para si mestres cf II Tm 4, 3-4, buscando fábulas, ou seja caminhos fáceis e prazerosos que a princípio parecem muito legais, mas sabemos que seu fim é a destruição e infelicidade. Por isso, termos mestres verdadeiros é essencial. Assim, vos apresento Santa Teresinha do Menino Jesus que quis fazer em tudo na sua vida a vontade de Deus.
Como vemos na vida de Santa Teresinha, a vontade de Deus não acontece num passe de mágica, mas sim de experiência concreta do seu amor e ela é uma grande mestra a nos ensinar isso. Ela não viveu grandes experiências e nem muitas, mas soube extrair das poucas que teve toda sua potência e encarnar em sua vida.
Podemos enumerar quatro experiências concretas, mas muito proveitosas, sendo duas delas antes de entrar no Carmelo, as quais moldou o seu chamado, que foram a cura da sua hipersensibilidade aos dez anos quando a Virgem Maria sorriu para ela naquilo que ela considera a manhã de sua vida, hipersensibilidade que a levava a chorar muito e consequência da perda da mãe e das irmãs que entraram no Carmelo.
A outra foi a experiência do Natal de 1886 quando tinha 13 anos e seu pai disse que aquele seria o último ano que ela receberia presentes nas meias penduradas na lareira, algo que ela valorizava muito. Mas, aquilo que a princípio foi muito doloroso e impactante, a levou a perceber o que era essencial no Natal e na vida, o maior presente é a encarnação do menino Jesus.
As outras duas experiências, quando ela já estava no Carmelo moldaram sua vocação e são para nós uma grande inspiração para vivermos a nossa. Foram a descoberta da pequena via onde ela se achava impotente para viver grandes coisas e se lança na misericórdia de Deus na figura do elevador, um meio de quem se acha pequena para chegar a tão grande meta que é o céu.
A segunda é a essência dessa vocação quando diz: “no coração da Igreja minha mãe, serei o amor”, onde percebeu que o amor atinge “todos os tempos, todos os lugares e todas as vocações, em uma palavra é eterno”. Tornando-a padroeira das missões com esse desejo de levar a Palavra a todos os lugares e também doutora da Igreja, doutora da Ciência do Amor.
Se lermos os seus manuscritos “A história de uma alma” iremos nos deparar com essas experiências e como ela soube usar dessas manifestações de Deus em sua vida, sem deixar cair nada por terra, para fazer a sua vontade.
Vejam que interessante, para fazermos a vontade de Deus, precisamos sim fazer a experiência do transcendente, tocar os seus mistérios, mas não basta isso. É preciso encarnar, trazer para a vida, com docilidade a ação sutil, mas poderosa do Espírito Santo. Deixa-la frutificar e nos mover, nos realizar. Assim, seremos obedientes a sua vontade e encontraremos o verdadeiro sentido da nossa existência, da nossa missão.
Diante de tudo isso nos vem uma pergunta: onde está a vontade de Deus em minha vida?
A resposta está na docilidade que teremos com seu Santo Espírito nas manifestações que Ele nos trará e de tornarmos concretas em nossa vida esse mistério.
Importante ressaltar que fazer a vontade de Deus não está no cumprimento perfeito de suas leis, que são sim importantes, mas fazer a experiência do seu amor poderoso como fez o Filho pródigo ao voltar para casa. Descobriu que sua felicidade não estava em seus planos que naufragaram, mas sim na vontade do Pai, na casa do Pai onde tem a grande festa da misericórdia, o banquete da alegria, pois o próprio Jesus é o banquete da alegria na Eucaristia.
Lembre-se e nunca se esqueça, vivemos no tempo da misericórdia, e a vontade de Deus perpassa por ela, pois Cristo na cruz é a plenitude dessa misericórdia.
Elias Antonio Breda Gobbi
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator