Recentemente, tive a oportunidade de estudar a Exortação apostólica pós-sinodal do Papa Francisco “Christus Vivit” (CV), escrita após o Sínodo dos Bispos sobre a juventude, ocorrido no Vaticano, de 3 a 28 de outubro de 2018. Dentre tantas reflexões riquíssimas feitas nessa exortação, algo que me chamou muito a atenção foi a insistência do Santo Padre para que descubramos a alegria que existe em doar a própria vida em favor dos outros.
Tal doação, como nos ensina Francisco, é fruto da experiência pessoal e da consciência que cada um de nós deve ter de três grandes verdades: Deus me ama como Pai, Cristo me salva e Cristo vive!
“Nessas três verdades (Deus ama-te, Cristo é o teu salvador, Ele vive), aparece Deus Pai e aparece Jesus. Mas onde estão o Pai e Jesus Cristo, também está o Espírito Santo. É Ele que prepara e abre os corações para receberem este anúncio, é Ele que mantém viva essa experiência de salvação, é Ele que te ajudará a crescer nessa alegria se O deixares agir” (CV, § 130).
Alegria em ser profundamente amado pelo Pai
Quando sabemos que somos profundamente amados pelo Pai, cuidados, sustentados; quando cremos na salvação conquistada para nós gratuitamente por Cristo na Cruz; e quando sabemos que Cristo vive e está presente em nossas vidas, nas alegrias e desafios que enfrentamos, o próprio Espírito Santo nos impulsiona a querermos doar nossas vidas, como resposta generosa a esse grande Amor, pois “o Espírito Santo quer impelir-nos a sair de nós mesmos, para abraçar os outros com o amor e procurar o seu bem” (CV, § 164).
Mesmo vivendo imersos em uma sociedade cada vez mais hedonista, formada por homens preocupados somente consigo mesmos, com o próprio bem-estar e prazer, podemos e devemos descobrir a alegria que existe em fazermos de nossas vidas dons para a humanidade, a alegria de doar, sim, o que temos, mas muito mais o que somos, nosso próprio ser.
Se pararmos por alguns instantes para refletir sobre a situação de tantas pessoas que sofrem, sobre a crise enfrentada pela mundo, como “a difícil situação de adolescentes e jovens que ficam grávidas e a praga do aborto, bem como a propagação do HIV, as várias formas de dependência (drogas, jogos de azar, pornografia, etc.) e a situação dos meninos e adolescentes de rua, que carecem de casa, família e recursos econômicos” (CV, § 74), com certeza, dentro de nós, surgirá a necessidade de sermos misericordiosos e fazermos algo para, ao menos, resgatar a dignidade desses nossos irmãos.
Em Atos dos Apóstolos 20,35, São Lucas nos ensina que “há mais alegria em dar do que me receber” e o Papa Francisco nos assegura, pelo testemunho de muitos santos jovens, que podemos encontrar o sentido de nossa existência na doação de nossas vidas por aqueles que mais necessitam.
Há tanto a fazer!
Há tanto a fazer! Existem tantas pessoas que esperam de nós desde um simples sorriso a ações voluntárias, como, por exemplo, arrecadação de alimentos, visitas a hospitais e asilos, além dos inúmeros serviços que podemos prestar na própria Igreja.
De acordo com o último “Anuário Estatístico da Igreja”, a Igreja administra 115.352 Institutos sanitários, de assistência e beneficência em todo o mundo, o que nos revela que existem muitos espaços nos quais podemos nos doar.
Diante desse número e de tantas outras necessidades urgentes na Igreja e no mundo, nossa resposta a Deus não pode ser outra, senão: “Eis-me aqui, envia-me! Eu quero doar a minha vida!” (cf. Is 6,8).
Sejamos generosos e descubramos em Deus a alegria profunda que existe no coração daqueles que dispõem suas vidas pelo bem do próximo!
Edvandro Pinto
Discípulo da Comunidade Católica Pantokrator
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