Humildade é uma virtude que envolve uma atitude de modéstia, simplicidade e respeito em relação ao outro. Uma pessoa humilde não se considera superior aos outros, mesmo que possua talentos, conquistas ou conhecimentos significativos. Ela reconhece suas limitações, aceita elogios com gratidão e não se envaidece com suas próprias realizações. A humildade está intimamente ligada à capacidade de aprender com o outro, de admitir erros e de tratar todos com dignidade e igualdade, independentemente de sua posição social, econômica ou intelectual. E para isso é preciso ser uma pessoa tranquila, com propósitos concretos de amor e respeito ao próximo.
A humildade dentro da nossa fé é fundamental para entendermos os propósitos de Deus na nossa vida, e, assim, alcançarmos uma amizade sincera com Ele.
Um exemplo de homem de humildade é São José, Pai adotivo de Jesus.
José o carpinteiro cheio de humildade
“Eis como nasceu Jesus Cristo: Maria, sua mãe, estava desposada com José. Antes de coabitarem, aconteceu que ela concebeu por virtude do Espírito Santo. José, seu esposo, que era homem de bem, não querendo difamá-la, resolveu rejeitá-la secretamente. Enquanto assim pensava, eis que um anjo do Senhor lhe apareceu em sonhos e lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber Maria por esposa, pois o que nela foi concebido vem do Espírito Santo. ” (Mt 1, 18-20)
São José foi muito humilde ao aceitar a Virgem Maria grávida e como esposa. Ele teve dúvidas diante da notícia da gravidez, mas não permitiu que o desespero ou a agitação tomassem conta do seu coração. Vendo Deus, sua bondade e humildade, não deixou José sem Seu amparo e, por meio de um sonho, revelou a verdade em seu coração.
A atitude de José reflete um grande gesto de admiração, caridade, respeito e amor por Maria, e principalmente, confiança em Deus, pois, em silêncio, soube esperar sem expor publicamente o que havia acontecido.
Como buscar a humildade?
Alcançar a virtude da humildade é um processo consciente de autodesenvolvimento que envolve maturidade, aprendizado e confiança em Deus.
Autoconhecimento: Reservar um tempo para refletir sobre si, suas qualidades, habilidades e áreas onde pode melhorar. Reconhecer suas próprias limitações e vulnerabilidades é o primeiro passo para desenvolver a humildade.
Empatia e Gratidão: Cultivar a capacidade de se colocar no lugar do outro e entender suas perspectivas e sentimentos. Se alegrar com as conquistas do outro de maneira sincera e sem esperar recompensas.
Aceitar Feedback e Críticas: Estar aberto e receptivo ao feedback de outra pessoa, sejam eles positivos ou negativos, porque essas devolutivas são um processo construtivo que nos ajudam e nos dão oportunidades para aprender e crescer de maneira saudável.
Aprendizado Contínuo: Reconhecer que sempre é necessário aprendizado, que ninguém possui todo o conhecimento ou todas as respostas.
Maturidade na fé: Buscar conhecimento na palavra de Deus e seus ensinamentos; estar aberto a viver as suas vontades. Ter zelo e respeito pelos sacramentos, buscar de maneira sincera a reconciliação com Deus. E silenciar nos momentos certos, esperar e acreditar que a providência chegará, assim como chegou para São José.
É muito importante buscar, de forma prática, a humildade em nossa vida diária. Uma forma singela de viver isso, é ajudando e auxiliando nas necessidades do outro de maneira desinteressada, sem esperar elogios ou méritos. A humildade não é algo que se conquista rapidamente. É um processo contínuo que requer esforço e autorreflexão diária.
Precisamos aprender com o Senhor: “Tomai meu jugo sobre vós e recebei minha doutrina, porque eu sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas.” (Mt 11,29)
Pedir incessantemente a Deus
Como todo dom de Deus, a humildade também é uma graça que somente Ele pode conceder aos que a desejam e a suplicam. Podemos rezar pedindo o auxílio de Deus e obter essa graça. Nesta oração, conhecida como ladainha da humildade, composta pelo Cardeal Merry del Val, secretário do Estado do Vaticano durante o pontificado de São Pio X:
Jesus, manso e humilde de coração, ouvi-me.
Do desejo de ser estimado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser amado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser conhecido, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser honrado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser louvado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser preferido, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser consultado, livrai-me, ó Jesus.
Do desejo de ser aprovado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser humilhado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser desprezado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de sofrer repulsas, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser caluniado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser esquecido, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser ridicularizado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser infamado, livrai-me, ó Jesus.
Do receio de ser objeto de suspeita, livrai-me, ó Jesus.
Que os outros sejam amados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros sejam estimados mais do que eu, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam elevar-se na opinião do mundo, e que eu possa ser diminuído, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser escolhidos e eu posto de lado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser louvados e eu desprezado, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser preferidos a mim em todas as coisas, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Que os outros possam ser mais santos do que eu, embora me torne o mais santo quanto me for possível, Jesus, dai-me a graça de desejá-lo.
Oremos: Ó, Jesus, que sendo Deus vos humilhastes até a morte de cruz para ser exemplo perene que confunda meu orgulho e amor próprio, concedei-me aprender e praticar vosso exemplo para que, humilhando-me como corresponde à minha miséria aqui na terra, possa ser exaltado até gozar eternamente de vós no céu.
“Jesus, manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso”.
Tatiane Sales Ruyz
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator