Outro dia comecei a refletir sobre a passagem no Evangelho que fala do filho pródigo, muito conhecida de todos nós e com reflexões incríveis e profundas de grandes mestres da Igreja. Hoje, na minha pequenez, quero partilhar com vocês minha reflexão.
Comecemos com a leitura da passagem:
“Disse Jesus: “Um homem tinha dois filhos. O mais moço disse a seu pai: Meu pai, dá-me a parte da herança que me toca. O pai então repartiu entre eles os haveres. Poucos dias depois, ajuntando tudo o que lhe pertencia, partiu o filho mais moço para um país muito distante, e lá dissipou a sua fortuna, vivendo dissolutamente. Depois de ter esbanjado tudo, sobreveio àquela região uma grande fome e ele começou a passar penúria. Foi pôr-se a serviço de um dos habitantes daquela região, que o mandou para os seus campos guardar os porcos. Desejava ele fartar-se das vagens que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. Entrou então em si e refletiu: Quantos empregados há na casa de meu pai que têm pão em abundância… e eu, aqui, estou a morrer de fome! Vou me levantar e irei a meu pai, e lhe direi: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados. Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai. Estava ainda longe, quando seu pai o viu e, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, o abraçou e o beijou. O filho lhe disse, então: Meu pai, pequei contra o céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Mas o pai falou aos servos: Trazei-me depressa a melhor veste e vesti-lhe, e ponde-lhe um anel no dedo e calçado nos pés. Trazei também um novilho gordo e matai-o; comamos e façamos uma festa. Este meu filho estava morto, e reviveu; tinha se perdido, e foi achado. E começaram a festa” Lc 14, 11 – 24
Vejam dois detalhes importantes que gostaria de chamar a atenção nessa partilha de hoje.
O jovem “Entrou então em si e refletiu”. Esse movimento de reflexão foi importante para a tomada de decisão desse filho. Entrou em si e percebeu a condição em que estava, se reconheceu pobre e necessitado da ajuda do Pai. Mas, refletir sobre as nossas misérias não é suficiente; nos reconhecermos necessitados é metade do processo. É necessária a ação a partir disso; foi o que fez o filho: “Levantou-se, pois, e foi ter com seu pai”.
Todos sabemos como a parábola termina, numa festa!! E a pergunta que dá título a esse texto, a faço novamente:
Se você fosse o filho pródigo da parábola, teria voltado para casa?
Como está a sua disposição de coração em refletir verdadeiramente sobre os pecados e escolhas de vida que tem feito? Tem coragem de descobrir o quanto é pobre e necessitado do Pai? Ou ainda se pergunta, “será que existe um Pai que vai me acolher na volta para casa”?
Meus amigos, o mundo moderno tem embaçado nossa visão acerca dos valores do Reino, da vida de santidade, da alegria de viver a festa na casa do Pai. Estamos envolvidos em tantas mentiras que as vagens dos porcos parecem ser um banquete delicioso, dão a impressão de saciedade, quando na verdade estamos ficando raquíticos e padecendo por conta do orgulho.
Parar para refletir e entrar no nosso interior exige uma coragem humilde que saiu de moda nos tempos atuais. Se não temos humildade para refletir sobre nossas mazelas, quem dirá ter coragem de nos levantar e voltar para a casa do Pai?
Não sei o que tem se passado na sua vida, se está vivendo uma felicidade plena ou não, se vive a fartura de um banquete ou as migalhas. Independentemente de sua condição, quero te fazer um convite.
Se você não tem o hábito de silenciar e meditar em seu interior sobre a vida que tem vivido, sobre quão perto ou não está da casa do Pai, convido você a iniciar esse hábito da oração e do silêncio.
O ritmo de vida que vivemos atualmente tem nos feito pessoas cansadas, ansiosas, agitadas, insatisfeitas e muito raramente alegres. E o remédio que fará nossa vida ganhar harmonia, leveza, descanso, felicidade plena, é a oração humilde e o silêncio.
Na oração, percebemos como somos necessitados do Pai, que, em Sua infinita misericórdia, deseja que voltemos para casa e descansemos em Seus Braços na festa do Amor Misericordioso.
O Filho Pródigo foi humilde e corajoso. Ele não tem um nome, isso para mostrar que qualquer um de nós tem a oportunidade de seguir o mesmo caminho de queda e redenção.
O Pai nos espera. Corramos ao Seu encontro!
Deus abençoe e a Virgem Santíssima esteja à frente desse caminho de volta para os braços do Pai.
Fernanda Guardia
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator