Na história da igreja nós temos uma grande quantidade de santos e santas, que com a graça de Deus foram reconhecidos pela igreja como pessoas que se destacaram na sua vida espiritual, na entrega, na obediência, no sacrifício à Deus e por Deus.
Segundo o catecismo da Igreja Católica, 828: “os santos e santas sempre foram fonte e origem de renovação nas circunstâncias mais difíceis da história da Igreja. Com efeito, a santidade é a fonte secreta e a medida infalível de sua atividade apostólica e de seu elã missionário”.
Nós todos somos chamados por Deus para seguirmos o caminho da santidade e sermos santos. Mas sabemos que para alguns, esse chamado se torna uma “ordem”, um desejo inexplicável de responder ao apelo e chamado de Deus. Algo que faz brotar de dentro do coração uma força que os impulsiona a dar verdadeiros passos de busca da santidade, que os levanta e os faz enxergar o que para a maioria ainda é invisível.
Os santos na igreja católica são reconhecidos como tal, passando por uma série de fatores que são profundamente comprovados, e trazidos à luz da verdade. São necessários três requisitos básicos para o processo de reconhecimento oficial de um santo, que é chamado, na Igreja Católica, de canonização.
O primeiro processo é o das virtudes ou martírio. Essa é a etapa mais demorada, porque é investigado minuciosamente a vida do Servo de Deus, verificando a fundo a vivência das virtudes. Já no caso de um mártir, devem ser estudadas as circunstâncias que envolveram sua morte, para comprovar se houve realmente o martírio. Ao término desse processo, a pessoa é considerada venerável.
O segundo passo nesse processo é o milagre da beatificação. Para se tornar beato, é necessário comprovar um milagre ocorrido por sua intercessão. No caso dos mártires, não é necessária a comprovação de milagre. E o terceiro e último processo é o milagre para a canonização. Este tem que ter ocorrido após a beatificação. Comprovado esse milagre, o beato é canonizado e o novo santo passa a ter um culto de veneração universal.
É assim que a igreja define os seus santos! Nada é feito de qualquer jeito e nem poderia ser, pois a seriedade é grande ao se falar de santidade.
Um pouco sobre São Joaquim e Sant’Ana, pais da virgem Maria.
São Joaquim e Sant’Ana eram um casal piedosíssimo, porém estéril, não conseguiam ter filhos, muito comum nos tempos de hoje também. Milagrosamente a Virgem Maria vem ao mundo através do ventre de Sant’Ana. Nossa Senhora nasceu de um relacionamento normal entre São Joaquim e Sant’Ana, mas foi a partir de um milagre pois Sant’Ana era estéril e Deus concedeu a graça do nascimento da Virgem Maria.
Quando se casaram, Joaquim e Ana não tiveram filhos durante vinte anos. Naquela época, para os judeus isso era um sinal da falta de benção de Deus.
Certo dia, Joaquim indo levar suas ofertas ao Templo, acabou sendo repreendido por um homem pelo fato de não ter filhos. Sendo assim, ele não tinha o direito de apresentar as ofertas. Pensem na tristeza do coração de Joaquim.
Joaquim ficou tão transtornado com as duras palavras que ouviu, e talvez até envergonhado por sua situação, decidiu retirar-se para o deserto. Durante quarenta dias e quarenta noites, ele suplicou a Deus, entre lágrimas e jejuns, que lhe desse descendentes. Ana, estando em perfeita unidade com seu esposo, também passou dias em oração, pedindo a Deus a graça da maternidade.
Deus na sua infinita misericórdia, ouve suas preces; e eles foram avisados através de um anjo que lhes apareceu separadamente, avisando que a graça estava para chegar e que eles seriam pais. Jejum, oração, clamor, fé! Estas são as armas dos verdadeiros santos!
Os santos são aqueles que se rebaixam, se humilham, clamam, choram, jejuam e se prostram diante daquele que tudo pode e que tudo faz! Logo que Maria completou 3 anos foi levada ao Templo para ser consagrada ao seu serviço, conforme Ana e Joaquim haviam prometido em suas orações. A criança foi criada na casa situada perto da piscina de Betzaeda.
Ali, no século XII, os Cruzados construíram uma igreja, que ainda existe, dedicada a Ana.
A princípio, apenas Sant’Ana era comemorada e, mesmo assim, em dias diferentes no Ocidente e no Oriente. Porém, em 1969, após o Concílio Vaticano II, os pais de Maria passaram a ser celebrados em uma única data, 26 de julho.
Vejam como Deus faz as coisas! A virgem Maria, que hoje é nossa mãe, foi gerada no ventre de Sant’Ana a partir de um milagre! De pessoas normais, virtuosas, simples, mas muito piedosas, Deus faz o milagre. Nada impede a graça de Deus quando Ele escolhe e a pessoa dá o seu sim.
Podemos dizer que desde o ventre de Sant’Ana, a alma da Bem-aventurada Virgem Maria esteve agraciada, cheia de graça, pronta para ser aquela que Deus escolheu para dar o seu sim. Maria que mais tarde dá ao mundo o maior fruto do amor. O amor que Maria terá por Deus nos trará a graça do filho de Deus que será concebido em seu doce ventre.
Se nós considerarmos toda a graça que foi dada aos anjos e aos santos, podemos dizer que é menor do que a graça que a Virgem Maria recebeu no primeiro instante de sua concepção no ventre de Sant’Ana. Nada pode superar este amor que Maria recebeu da parte de Deus!
São João Paulo II, nos ensinou que São Joaquim e Santa Ana são “uma fonte constante de inspiração na vida cotidiana, na vida familiar e social. E exorta: “Transmiti mutuamente de geração em geração, junto com a oração, todo o patrimônio da vida cristã”.
São Joaquim e Sant’Ana, pais de Santa Maria, foram, no seu tempo e nas circunstâncias históricas concretas, um elo precioso do projeto da salvação da humanidade. Por meio deles, a bênção nos foi possível, a bênção que um dia Deus prometera a Abraão e à sua descendência, pois foi através de sua Filha que recebemos o Salvador. Aquele que mudou o rumo de toda a humanidade.
Pensemos um pouco meus irmãos, vejam o plano magnífico de Deus. Como Ele nos preparou desde sempre o colo que acolheria seu filho Jesus e nos daria testemunho de tão profunda obediência e submissão à sua vontade.
São João Damasceno afirmava que conhecemos São Joaquim e Sant’Ana pelos seus frutos: a Virgem Maria é o grande fruto que deram à humanidade. Mulher de fibra, de fé, de simplicidade e ao mesmo tempo de submissão. Aquilo que o mundo tem tanto medo hoje, como se fosse algo que tiraria nossa identidade, liberdade…
Quanto mais submissos somos à Deus e à sua vontade, mais seremos felizes!
Que Deus nos abençoe e nos guarde neste caminho de santidade!
Leila Engels
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator