Renúncias
“Se alguém quer vir após mim, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” (Lucas 14, 25-33): Jesus é claro, didático e misericordioso nessa passagem bíblica. Ele próprio nos chama para viver a verdade eterna.
Em tão poucas palavras, Ele nos ensina o caminho da santidade: renunciar aos nossos pecados e fraquezas e entregar fielmente nosso coração a Ele. Mas mesmo diante de tanta clareza e simplicidade, ainda somos incapazes de compreender e seguir Jesus.
A renúncia, sendo um ato de entrega total, de esvaziamento do próprio eu e de sujeição a sacrifícios, por vezes, não é cumprida na prática por medos, receios e inseguranças. A falta de confiança e querer agir de acordo com a nossa vontade impedem o fluxo da graça.
Porém, como cristãos somos chamados à conversão aos mandamentos de Deus, pois este é o princípio de nossa fé católica, abandonar nossas paixões e pecados. Decidir-se por Ele é uma escolha! O esvaziamento requer coragem, ousadia e pureza, como Santa Teresinha do Menino Jesus, que se fez pequena como uma criancinha, lançando-se nos braços do Pai.
Ela diz as seguintes palavras de confiança e de renúncia às suas vontades: “É preciso abandonar o futuro nas mãos do Bom Deus…”, ou ainda “Nada acontece que Deus não tenha previsto desde toda a eternidade…”“Deus não poderia me inspirar desejos irrealizáveis, portanto, posso, apesar da minha pequenez, aspirar à santidade”.
Tantas vezes deixamos essa inocência escapar, e Deus nos chamando a todo momento a ser apenas uma pequena florzinha.
Jesus, solo fértil e infinito, oferta gratuitamente condições de sobrevivência para nossa alma, mas nosso humano faz sombra impedindo o florescer. Basta abrirmos nossas pétalas para a beleza e o odor divino acontecer…
Busquemos no jardim celestial a renúncia: um ato de amor, uma declaração de obediência aos preceitos de Deus, de seguir a Sua vontade e Esperar Nele! Como ensina nossa amada santinha, quanto mais nos abandonamos, mais Ele nos ama.
Fidelidade
Para se cumprir toda renúncia, é necessário a fidelização e filiação ao Pai. Ser uma filha fiel, reta e compassiva exige abdicar os próprios desejos em favor da Sua Vontade. É necessário humilharmo-nos e nos colocarmos debaixo de Seus pés para sermos pegadas fiéis de Seus ensinamentos.
Nossa fidelidade ao Pai se concretiza assumindo a marca da realeza: cruz!
Pegar a cruz e carregá-la significa assumir nossa humanidade e a total dependência do amor divino.
Assim como nosso sobrenome, a cruz nos torna filhos únicos do coração do Pai.
Carregar esse sinal em nosso peito, como um simples pingente, demonstra nossa identidade de crucificados e o ardente desejo de buscar o céu.
Santa Teresinha dizia: “Meu caminho é o caminho da infância espiritual, o caminho da confiança e da entrega absoluta”. “Quisera eu encontrar também um elevador que me elevasse até Jesus, porque sou demasiado pequena para subir a dura escada da perfeição”.
Ela mesma vivia sua vida entregue ao Santíssimo Coração de Deus, pois sua pequenez e fragilidade a colocava como uma criança que nada sabe, nada teme, pois tudo é decisão Dele.
“O Pai quer que o ame, porque Ele me perdoou não muito, mas tudo”.
“Ó Farol luminoso do amor, eu sei como chegar a Ti, encontrei o segredo de me apropriar de Tua chama.”
“Compreendi que o Amor englobava todas as vocações, que o Amor era tudo…”
Jesus deseja ser amado!
Em resposta a esse amor, esforcemo-nos para seguir nossa Via Sacra com delicadeza, pureza e coragem. Diante de nossa renúncia e fidelidade, Deus caridoso nos ensina a apropriarmos de nossa cruz.
A filiação a Ele nos aproxima de Seu Amor Poderoso que tudo transforma, acolhe e realiza maravilhas e prodígios em nossas vidas.
Que Santa Teresinha do Menino Jesus interceda em nossas vidas, ensinando-os cada vez mais a pequena via para santidade.
Angélica Maeda
Vocacionado da Comunidade Pantokrator