Durante os anos de existência de qualquer pessoa há algo que é certo que irá acontecer, que já é previsível: os combates, os tormentos, as batalhas, as lutas, as tribulações, as aflições, ou qualquer outro sinônimo que você, caro leitor, preferir. “Referi-vos essas coisas para que tenhais a paz em mim. No mundo haveis de ter aflições. Coragem! Eu venci o mundo” (João 16,33). Neste mundo, diversos são os tipos e categorias de aflições e combates que podem chegar até nós: desemprego, dívidas, decepções amorosas, doenças, morte, conflitos familiares, medos, dúvidas, incertezas, tristeza, depressão, perseguições políticas, perseguições religiosas e vários outros.
Por que existe o sofrimento ?
Por que coisas ruins acontecem com pessoas boas? Por que Deus não intervém e faz alguma coisa ou impede que o mau ocorra? Estas perguntas você talvez esteja se fazendo agora ou já tenha se perguntado alguma vez em sua vida. Aqui podemos refletir que algumas provações são naturais, mas outras ocorrem devido a más decisões tomadas e Deus respeita o arbítrio de cada um de nós. Seja qual for o combate que você esteja passando agora, Santo Agostinho nos ensina que: “Deus não permitiria o mal se não pudesse tirar desse mal um bem infinitamente maior”. Os combates, muitas vezes, moldam a nossa essência, fazem-nos crescer em virtudes, transformando-nos para uma versão mais elevada de nós mesmos, nos impulsionam e nos fazem enxergar o que realmente importa nesta vida.
O que podemos então fazer diante da batalha?
Em Marcos 8,27 vemos a passagem: “Jesus saiu com os seus discípulos para as aldeias de Cesareia de Filipe, e pelo caminho perguntou-lhes: Quem dizem os homens que eu sou?”. Jesus dirige uma pergunta para nós. Ele deseja saber quem Ele é para você. Na passagem vemos que Jesus faz essa pergunta pelo caminho. Aqui podemos entender que, durante o caminho da nossa vida, chega uma hora que Jesus nos faz esta pergunta. Esta pergunta uma hora chega, e se ela está acontecendo agora para você, é bom que você esteja preparado para respondê-la. Corremos o risco de andar por um longo caminho e não termos cristalizado a resposta desta pergunta em nós. E é nos nossos momentos de aflição que temos que recorrer a ela. “Está passando por alguma tribulação? Quem é Jesus para você?”
Se o medo te acometer, reze com estas passagens: “Ó Altíssimo, quando o terror me assalta, é em vós que eu ponho a minha confiança”(Salmo 55:4); “Isto é uma ordem: sê firme e corajoso. Não te atemorizes, não tenhas medo, porque o Senhor está contigo em qualquer parte para onde fores” (Josué 1:9); “Então procurarás o Senhor, teu Deus, e o encontrarás, contanto que o busques de todo o teu coração e de toda a tua alma” (Deuteronômio 4:29); “Inclinai para mim vossos ouvidos, apressai-vos em me libertar. Sede para mim uma rocha de refúgio, uma fortaleza bem armada para me salvar. Pois só vós sois minha rocha e fortaleza: haveis de me guiar e dirigir, por amor de vosso nome” (Salmo 30:3-4); “Pois meus pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir não é o meu, diz o Senhor” (Isaías 55:8); “Só ele é meu rochedo e minha salvação; minha fortaleza: jamais vacilarei” (Salmo 61:7); “Nosso socorro está no nome do Senhor, criador do céu e da terra” (Salmo 123:8).
Há a esperança
Temos sempre que lembrar que há uma esperança. Em Salmos 32:20-22 temos: “Nossa alma espera no Senhor, porque ele é nosso amparo e nosso escudo. Nele, pois, se alegra o nosso coração, em seu santo nome confiamos”. Além disso, não podemos estar desatentos para o agir do Senhor. Temos que manter o estado de atenção pois o Senhor nos diz que “Aliás, sabemos que todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são os eleitos, segundo os seus desígnios” (Romanos 8, 28), e que o Senhor nos dá o que precisamos para sermos felizes hoje. Perceba o agir de Deus em sua vida, sabendo que: “A vossa bondade e misericórdia hão de seguir-me por todos os dias de minha vida. E habitarei na casa do Senhor por longos dias” (Salmos 22:6). Sim, a misericórdia e a bondade de Deus me perseguem e perseguem você. Que estejamos sempre com o espírito em atenção. Sempre é bom lembrarmos que Deus nos ama, e espera que nos voltemos à Ele. Ele sabe exatamente como nos ajudar.
Por fim, por mais difícil que pareça, não podemos nos esquecer das palavras que Jesus disse, na mesma frase em que Ele disse que no mundo teremos aflições (João 16,33). Ele diz para que tenhamos a paz Nele e que sejamos corajosos. Que possamos pedir a Ele essa coragem, para que, assim como Jesus, consigamos vencer o mundo.
Camila Martins
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator