A nossa amada Igreja Católica, desde o seu início, dedica uma especial veneração aos santos Apóstolos, ou seja, àqueles indivíduos simples escolhidos por Cristo para serem as colunas do Seu Corpo Místico. Infelizmente, muitos de nós só nos conhecem (e pouco!) um ou outro Apóstolo mais “famoso”, como um São Pedro ou um São João Evangelista.
Mas é certo que deveríamos dedicar uma real devoção a todos os Doze escolhidos pelo Espírito Santo – e aqui eu incluo São Matias, que foi escolhido nos Atos dos Apóstolos para ocupar o lugar deixado pelo traidor Judas Iscariotes. Afinal, se hoje temos essas riquezas que são a Sagrada Escritura e a Tradição, é graças a esses primeiros bispos.
De maneira especial, neste dia 03 de maio a Igreja celebra dois destes Apóstolos, e justamente dois dos mais “desconhecidos” da maioria. A verdade é que não foram pessoas quaisquer, nem foram meros figurantes. Se o próprio Filho de Deus os escolheu pessoalmente e os tratou como amigos, é evidente que merecem toda a admiração dos cristãos.
São Filipe, o “apresentador” de Jesus
A respeito de São Filipe, o Evangelho o menciona em algumas ocasiões específicas. Ele é sempre o quinto nome mencionado na lista de Apóstolos (atrás daqueles mais “famosos”), o que indica que teria certo papel de destaque em meio ao grupo. Sabemos que ele era da terra de Betsaida (a mesma terra de São Pedro).
O que chama muito a atenção com relação a Filipe é o fato de que por duas vezes ele é o responsável por conduzir as pessoas a Jesus. Isso é raro no Evangelho! Significa que São Filipe foi um verdadeiro “evangelizador” e tem muito a nos ensinar.
Em uma das ocasiões, São Filipe encontra um amigo de nome Natanael e diz a ele, cheio de entusiasmo: “Achamos aquele de quem Moisés escreveu na Lei e que os profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José” (Jo 1,45). Natanael não acredita em um primeiro momento e faz até um tipo de piada. Mas Filipe o desafiou: “Vem e vê”.
É Jesus de Nazaré! Vem e vê.
De fato, Natanael aceitou o desafio e foi ver o tal “Jesus”; tudo pela insistência do amigo Filipe. O final da história é bem conhecido: Natanael se encontrou com o Mestre, se converteu e se tornou um dos Doze Apóstolos (mais conhecido como São Bartolomeu, segundo a Tradição).
O outro episódio é igualmente encantador. Nosso Senhor já estava na Semana Santa, poucos dias antes da sua Paixão e Morte. Enquanto pregava em Jerusalém, Jesus atraía uma grande multidão. Devia ser difícil se aproximar do Mestre, quanto mais ter um momento de conversa particular com Ele!
Então, o Evangelho diz que havia alguns gregos entre o povo, ou seja, eram estrangeiros que tinham ouvido falar do Cristo. Queriam muito se aproximar e ter um contato com aquele divino homem, mas como? A solução que encontraram foi sábia: aproximaram-se de Filipe e imploraram: “Queremos ver Jesus!” (Jo 12,21). É claro que São Filipe deu um jeito e conseguiu apresentar aqueles forasteiros à Fonte da Vida.
É provável que você tenha parentes ou amigos queridos que ainda não conhecem Jesus – ou, ao menos, não o conheçam profundamente. Já experimentou pedir o auxílio e a intercessão de São Filipe? Ele se mostrou um excelente “apresentador” de pessoas ao Mestre e, sem dúvida, vem ajudando na conversão de inúmeras pessoas no decorrer destes dois mil anos.
São Tiago Menor, o “irmão” do Senhor
Na lista dos Apóstolos constam dois “Tiagos”. O menos famoso é aquele identificado como sendo “filho de Alfeu” e natural de Nazaré, ou seja, conterrâneo do nosso amado Jesus. A tradição o identifica como sendo primo do Senhor. Era a sua mãe (Maria de Cléofas) uma das mulheres que se encontravam ao lado da Virgem Santíssima diante da Cruz.
Segundo o Novo Testamento, São Tiago Menor foi o primeiro bispo de Jerusalém – e isso não é pouca coisa, se considerarmos que Jerusalém ainda era considerada o centro do Cristianismo na época, uma vez que São Pedro ainda não havia ocupado sua cátedra em Roma.
Aliás, São Tiago teve um papel importantíssimo na primeira grande assembleia da Igreja, conhecida como o “Concílio de Jerusalém”. Na ocasião, debatia-se a respeito da necessidade de os pagãos se converterem ao judaísmo antes de chegar ao Cristianismo. Muitas confusões estavam sendo geradas, sendo que São Paulo era quem defendia a opção católica. Durante o “concílio”, foi São Tiago Menor quem deu a última palavra (cf. At 15,13).
Além disso, a Tradição reconhece este mesmo Tiago Menor como sendo o autor da lindíssima “Carta de Tiago”, selecionada como sendo um dos livros sagrados que compõem a Bíblia. É lá que está contida aquela frase famosa: “A fé sem obras é morta” (Tg 2,26), bem como aquela outra: “Deus resiste aos soberbos, mas dá sua graça aos humildes” (Tg 4,6).
Os apóstolos e o testemunho do sangue
Tanto São Filipe como São Tiago Menor foram fiéis ao testemunho do Nosso Senhor e tiveram a glória do martírio. Ou seja, cada um a seu modo entregou a própria vida em favor da pregação do Evangelho e, no fim, eles tiveram a honra de derramar o próprio sangue como havia feito o Mestre Jesus.
Temos muito a aprender com esses homens simples, aparentemente “desconhecidos”, mas que certamente se sentam em tronos gloriosos no Céu, reinando por toda a eternidade junto ao Senhor Soberano.
Não percamos a oportunidade de pedir a intercessão destes grandes santos, na certeza de que continuam batalhando pela Igreja que ajudaram a difundir.
Que Deus nos abençoe sempre.
Rafael Aguilar Libório
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator
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