Gentileza e masculinidade, por vezes, parecem não caber na mesma frase. Quantas vezes ouvimos que homens são grossos, chucros ou que ser gentil é sinal de falta de testosterona? Vamos falar sobre isso?
Breve contextualização histórica
Retomando a História, na Antiguidade, quando vivíamos na caverna, como era a sobrevivência daquela época. Em geral, homens saíam para a caça e as mulheres ficavam na caverna.
Homens saíam a caçar, normalmente em grupos, mas às vezes sozinhos. Sempre saíam em busca de alimento. Podemos observar características que se desenvolveram e existem até hoje, como o fato de que a pele do homem é mais grossa, permitindo que suporte melhor arranhões e a exposição ao sol. Isso era necessário, pois ele se embrenhava na mata, rastejava e lutava com animais.
Além disso, a visão masculina é mais aguçada; os homens têm reflexos mais ágeis e correm e saltam mais que as mulheres, nas mesmas condições. A mulher, por permanecer na caverna, tem a pele mais fina, o que gera maior sensibilidade a animais que possam entrar na caverna e subir em suas pernas. Ela precisava impedir a entrada de cobras, escorpiões e roedores que pudessem atacar seus filhos.
Com isso, seus olhos possuem uma visão periférica maior. Podemos observar alguns reflexos disso, como o fato de que o homem é mais hábil para manobrar o carro em vagas apertadas, enquanto a mulher tem a capacidade de encontrar coisas e objetos perdidos. Essa dureza de vida, com exposição ao sol e às intempéries, evoluindo ao longo da História, nas guerras e lutas para trazer segurança e proteção, conferiu ao homem uma dureza uma “casca grossa “para se relacionar com os outros. Isso pode ser acentuado se a pessoa vem de um lar abusivo, tóxico ou de ausência afetiva.
Chegamos aos séculos XX e XXI, onde mulheres e crianças começam a requerer uma afetividade paterna. Para muitos homens, isso pode ser visto como uma fraqueza ou falta de machismo. No entanto, o homem, naturalmente, é gentil. Basta observar e entender. É importante até mesmo retomar a verdadeira gentileza masculina.
Deus nos fez amáveis, gentis!
O homem masculino (não o ser humano, mas o sexo masculino) sempre foi, em essência, gentil. É óbvio que há aqueles que não o foram (mas, se avaliarmos dessa maneira, poderíamos concluir que todas as pessoas são ruins. Pense no que você já fez de errado!). No entanto, em geral, a gentileza é uma marca do homem.
Precisamos, também, retirar o enuvinhamento que o Romantismo trouxe à sociedade. Esse período histórico exacerbou os sentimentos a tal ponto que temos hoje conceitos equivocados, como o da gentileza. Pensamos em homens gentis como pessoas com fala mansa e fina, requintadas em roupas justas no tórax e na cintura, e que se alimentam apenas de pratos gourmet. Dificilmente associamos a gentileza a um policial, a um pai de família ou a um operário que constrói encanamentos de esgoto.
Antigamente, era o homem quem ia às guerras para proteger seu território de invasões estrangeiras, deixando a família segura em casa. Ele era responsável por construir a casa para trazer abrigo e proteção, além de ensinar a autodefesa aos filhos para que pudessem sobreviver. Isso é ser gentil. Trazia à família comida e proteção, mesmo sob o sol forte ou a chuva torrencial. Com a evolução das cidades-estados, ele andava do lado de fora das portas, pois, caso um vaso caísse, era a sua cabeça que seria atingida, e não a da mulher. Da mesma forma, caminhava do lado da rua para evitar que um carro desgovernado atingisse a mulher em primeiro lugar.
Quantas vezes vimos o exemplo, hoje ridicularizado, do homem que retira seu casaco, blusa ou guarda-chuva para proteger uma mulher? Quantos não perderam a vida lançando-se contra o perigo para proteger sua família ou até mesmo uma pessoa desconhecida?
Hoje, uma voz grossa assusta, um homem que paga a conta é considerado invasivo, e um homem que se declara a uma mulher é ridicularizado. Dessa caricatura, surgem homens fracos e apegados a si mesmos—homens que não buscam mais se relacionar, que não buscam mais mulheres, que não buscam mais ninguém. A primeira pessoa que gerou gentileza foi o Criador, quando nos fez à Sua imagem. Ele nos dá de si mesmo! Depois, ensina e educa Seu povo, e envia Seu Filho para nos salvar.
Hoje, o Mundo precisa de homens valorosos, que gentis em pequenos gestos, como abrir uma porta ou segurar uma sacola pesada, tragam amor a mundo. Ao seu mundo interior e ao mundo interior dos mais próximos.
Hoje, muitos homens têm medo de se expor, pois se sentem fracos e medrosos. Por isso, acabam se tornando rudes e violentos, defendendo seu próprio medo e afastando mulheres e filhos. Esses não são homens como Deus sonhou, mas espectros de seus próprios pesadelos. Veja, não digo que não deva haver virilidade. No entanto, a virilidade é fruto do amor generoso ao próximo.
A gentileza masculina nasce do entendimento de que a vida do homem é um dom: um dom de segurança, proteção e previdência. Deus provê ao homem que cuida de sua família. O homem é mais homem quando ama e protege. Quando ele lava a louça, passa roupa ou arruma a casa, não se torna um ser medíocre, mas, sim, generoso e gentil. Quando esse mesmo homem puxa sua amada para perto, defendendo-a de um perigo, ou a deixa na porta do condomínio com os filhos para que ele guarde o carro longe e enfrente a chuva, ele também é amável e gentil. Gentileza gera gentileza. A gentileza masculina provê a feminilidade, e a feminilidade aumenta a gentileza. Quando isso não ocorre, ambos se perdem.
Que Santa Zélia e São Luís Martin intercedam por nós, para que os homens possam ser virilmente gentis e as mulheres acolham e frutifiquem essa gentileza.
Leonardo Pataro
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator