Um projeto incrível e maravilhoso que Deus nos apresentou foi a família. Para começar, a família é o projeto mais sagrado que Ele fez, pois Deus é a família divina. Todos nós viemos de uma família e não podemos ignorar esse fato irrevogável. Mas, a sociedade atual a cada dia que passa vem querendo nos apresentar que isso não é uma verdade.
Muitos casais não encontram sentido no sacrifício de uma noite de sono para cuidar e se dedicar a um bebê. Não encontram a coragem de desistir de uma viagem ou deixar de obter alguns bens materiais ou ainda algumas conquistas pessoais para dar a devida atenção àquele que traz o real sentido na união entre um homem e uma mulher. É preciso que as famílias cristãs comuniquem ao mundo a real felicidade em doar-se às famílias.
Certa vez, escutei de um adolescente: “minha irmã tem uma filhinha e ela chama belinha, tem quatro patas e diz au-au”, imediatamente eu disse: “QUE HORROR, SUA IRMÃ É A MÃE DO CÃO?” Soou engraçado, mas o fato é, a sociedade está dando mais importância a um animal que a um ser humano. E até a família católica vem substituindo os filhos por pets ou tomam a decisão de não terem filhos. Que fique claro que, o casal assumir as promessas matrimoniais diante do sacerdote e não cumpri-las, é falta grave.
Muitas pessoas se casam sem saber da importância do sacramento, já vão com um fundinho de pensamento: “se não der certo, eu separo”. Esse pensamento deixa claro que não estão preparados ou não estão sendo verdadeiros ao responder as três perguntas que decide o futuro do casal:
*Vocês estão aqui para se casar, é de livre e espontânea vontade?
*Vocês prometem um ao outro amor e fidelidade, é por toda a vida que o prometeis?
*Vocês prometem receber os filhos que Deus lhes enviar educando-os na fé do Cristo e da Igreja?
Para responder essas três perguntas, o casal necessita de muita maturidade e se tratando da abertura à vida, caso um casal omita sobre a promessa de receber os filhos que Deus os enviar, o casamento não será válido diante da Igreja. Infelizmente, muitos irmãos estão contabilizando a quantidade de filhos em uma quantidade “ideal” e fazem uso de métodos contraceptivos para impedir o milagre de gerar uma vida. O matrimônio exige cumplicidade e é necessário que os casais estejam preparados para viverem com harmonia e sabedoria aos desafios a dois. Essa preparação deve começar em um namoro sincero, com diálogo, respeito e maturidade, porque os namorados devem sentir o forte desejo de formarem uma família como a de Nazaré.
Antes de me casar, um primo fez a pergunta: “Você pretende ter filhos?” Com um pensamento egoísta e mundano, eu respondi: “Não! Seria errado de minha parte colocar uma vida inocente em mundo tão caótico.” Imediatamente, com muita sabedoria e discernimento, ele me respondeu: “Se pessoas que não tem fé, não tem nenhum senso de moralidade, não se importam em colocar filhos no mundo, deixando a sociedade se tornar cada vez mais caótica, como nós que temos uma fé cristã, que possuímos o mínimo de senso de moralidade nos recusamos a ter filhos que possam levar luz na escuridão através da educação na fé de Cristo e da Igreja? Isso significa que a sociedade jamais se tornará um lugar melhor”. Você já pensou se Jacó tivesse um pensamento egoísta como esse? O que seria das doze Tribos de Judá? Como seria se Maria Santíssima fosse contra a concepção de um filho?
O matrimônio não se trata em fazer promessas às pessoas, mas trata-se de um sacramento da Igreja onde o casal recebe a benção do próprio Deus, então, as promessas feitas no altar e diante do sacerdote são feitas a Deus. São Paulo na carta a Éfeso disse: 1“Maridos, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5, 25).
A sociedade atual precisa entender que o matrimônio é sagrado, onde marido e mulher podem crescer em virtudes e graça e juntos se multiplicarem nos filhos. Não é apenas curtição entre os dois, e sim, uma missão! O Catecismo da Igreja, em seu parágrafo 2367, nos ensina que: 2“Chamados a dar a vida, os esposos participam do poder criador e da paternidade de Deus (115). «No dever de transmitir e educar a vida humana – dever que deve ser considerado como a sua missão própria – saibam os esposos que são cooperadores do amor de Deus e como que os seus intérpretes. Cumprirão, pois, essa missão, com responsabilidade humana e cristã» (116)”.
A Igreja não dita a quantidade de filhos por casal a ponto de não ter as condições mínimas de cuidar ou de educá-los. Não há nenhum mal em planejar os filhos, desde que não sejam utilizados métodos contraceptivos artificiais que impeçam a geração de uma vida. Os métodos naturais de regulação da natalidade são os únicos aceitos pela Igreja, os mais conhecidos são: o método da temperatura basal e o método Billings, ambos aceitos pela ciência. E o Catecismo da Igreja nos ensina e orienta a respeito do espaçamento de filhos no parágrafo 2368: 3 ”Um aspecto particular desta responsabilidade diz respeito à regulação da procriação. Os esposos podem querer espaçar o nascimento dos seus filhos por razões justificadas (117). Devem, porém, verificar se tal desejo não procede do egoísmo e se está de acordo com a justa generosidade duma paternidade responsável. Além disso, regularão o seu comportamento segundo os critérios objetivos da moralidade:
«Quando se trata de conciliar o amor conjugal com a transmissão responsável da vida, a moralidade do comportamento não depende apenas da sinceridade da intenção e da apreciação dos motivos; deve também determinar-se por critérios objetivos, tomados da natureza da pessoa e dos seus atos; critérios que respeitem, num contexto de autêntico amor, o sentido da mútua doação e da procriação humana. Tudo isto só é possível se se cultivar sinceramente a virtude da castidade conjugal» (118)”.
Não há nada que se compare ao amor de um pai e uma mãe a seu filho, pois se assemelha ao amor de Deus conosco e não digo apenas àqueles que são pais biológicos, mas sim àqueles que possuem filhos adotivos. Irmãos, imagina o amor que São José tinha por Jesus? Imagine o amor de um sacerdote por seus filhos espirituais, no pastoreio. Não há amor maior que esse na simplicidade humana, pois é o amor do sacrifício, o amor da doação, o amor da mais pura dedicação. Então, tenhamos coragem de receber os filhos que Deus nos confiar, para que assumamos a missão desse dom mais maravilhoso e extraordinário do matrimônio.
Jesus, Maria e José, nossa família Vossa é!
Amém.
Leandro Ruyz
Postulante da Comunidade Pantokrator