Céu aqui como o paraíso com Deus, a felicidade eterna. Você almeja esse fim? Tem esperança em alcançá-lo?
Pergunto, pois, tantas vezes, na correria do dia a dia e na infinidade de compromissos e tarefas, acabamos nos distraindo dessa realidade, como se tudo o que existisse fosse nossa vida nesta terra.
Nossos planejamentos são terrenos, nossos investimentos, terrenos, nossos compromissos, terrenos. Não que não devamos nos planejar, claro que sim, e isso é bom e desejável por Deus. O problema é nos atermos somente aqui e deixarmos para pensar na morte somente quando ela acontece muito próxima de nós.
No geral, quando pensamos na morte, pensamos com medo de que alguém que amamos possa falecer, mas pouco encaramos a nossa própria morte. Lemos que nossa vida é passageira, mas pouco assimilamos a profundidade dessa verdade.
“Ajuntais para vós tesouros no céu, onde não os consomem, nem as traças nem a ferrugem, os ladrões não furam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, aí também estará teu coração” (MT 6,20-21)
Podemos tantas vezes infantilizar a realidade do céu, como se tudo fosse dar certo no final, independente de como escolhamos viver, pensar que algo milagroso acontecerá e nós teríamos a sorte de entrarmos no paraíso! Protelamos a nossa conversão com uma louca certeza de que “dará tempo”, de que Deus é o Pai bondoso que nos acolherá sempre.
Sim, Deus é o Pai bondoso que sempre nos acolhe, desde que nós queiramos ser acolhidos por Ele.
Ele é misericordioso e justo. Vai nos dar a recompensa que escolhemos receber durante nossa vida e na hora da morte.
Jesus não deu a mesma recompensa para os dois ladrões que foram crucificados com Ele. Nem Judas teve o mesmo destino dos outros onze. O purgatório e o inferno existem de fato e são dogmas de fé. Isso nos faz refletir sobre como estamos construindo nossa eternidade durante a nossa vida aqui na terra.
Alguns relatos de santos nos dizem o quão sério é o pecado e quanto sofrimento há no purgatório por causa dele. Um breve deslize aqui pode nos custar tempos longos no purgatório se não for reparado antes, através da reparação, confissão e indulgências.
Vale refletir também onde está nosso coração. Quais são os nossos tesouros?
Ajuda a pensar no que mais temos medo. O que temos medo de perder? Isso já dá uma boa pista de onde se encontra nosso coração.
Será que nosso medo é de perder a Presença de Cristo, a amizade de Deus, de ofender o Espírito Santo que habita em nós? Ou o emprego, dinheiro, sucesso, segurança, pessoas, nossa reputação, nossa imagem e segue a lista?
“Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo”(MT 6,31-33).
Até que ponto cremos no que lemos acima? Se buscarmos o Reino de Deus e Sua justiça, seremos conduzidos pelo Espírito Santo aos caminhos que nos levarão a tudo o que nos for necessário para viver bem nesta terra e ganhar a felicidade eterna. Isso é uma certeza que Ele nos dá, uma promessa divina que começa com uma condição: “Buscai… e todas estas coisas vos serão dadas”.
Se buscamos somente as coisas terrenas, vivemos como pagãos e escolhemos ganhar tudo somente com nosso esforço. Deus respeita. O que seria infantil é querer fazer tudo do nosso jeito, ignorando o Reino de Deus e querer receber a recompensa dos santos!
Jesus já nos alertou com a parábola das dez virgens, as prudentes e as imprudentes. Vale a pena ler toda ela, mas destaco aqui os versículos finais:
“As que estavam preparadas entraram com ele (o Noivo) para a sala das bodas e foi fechada a porta. Mais tarde, chegaram também as outras e diziam: ‘Senhor, Senhor, abre-nos!’ Mas ele respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço!” (MT 25,10-12)
Pensar na nossa morte é pensar no que realmente importa, o nosso destino eterno. Todo o resto aqui é transitório. Uma grande vantagem na terra pode não ser nada vantajoso no céu e vice versa. E muitas vezes o problema está aí, no verso dessa frase: Uma grande vantagem no céu pode não ser nada vantajoso na terra. Vide os mártires!
Porém, nosso martírio pode ser feito de pequenas e diárias alfinetadas, como nos diz Santa Teresinha, mas se não renunciarmos às nossas vontades melindrosas e manchadas pelo pecado para seguir a Cristo, estaremos escolhendo uma recompensa diferente da dos santos, mesmo sem perceber.
Deixo aqui essa breve reflexão para que possamos pensar em nossa morte não como algo distante e tenebroso, mas como algo que nos ajude a viver nossa vida de verdade, pois, como nos diz o próprio Jesus, também em Mateus 25,13, que é a conclusão da parábola das dez virgens:
“Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora”.
Rosana Vitachi
Consagrada Comunidade Católica Pantokrator