Um desejo inato e autêntico de qualquer pessoa é o de ser amada. Independente da realidade, história ou condição, existe uma busca que pode até mesmo ser inconsciente pelo amor. Mas de onde vem essa necessidade? É possível encontrá-lo?
Seja nos choros do recém-nascido, na rebeldia do adolescente ou nas decepções da vida adulta, o centro dessas “decepções”, na grande maioria das vezes, é pela necessidade de se sentir cuidado, protegido e amado. Uma necessidade interior que aparentemente precisa ser suprida por algo que vem de fora.
O amor de Deus e os outros amores
Essa necessidade interior do homem surge porque fomos primeiramente amados por Deus. Já na concepção, quando somos criados, recebemos pelo sopro da vida uma carga abundante do Amor de Deus. Esse amor permanece, e a partir do nosso nascimento esse ímpeto em encontrar-se com esse amor borbulha dentro de nós. No entanto, só seremos plenamente saciados quando nos encontrarmos com Aquele que nos amou primeiro, Aquele que é o pleno amor.
Mas infelizmente, muitos de nós, demora um certo tempo para “descobrir” essa verdade. Como essa necessidade existe, passamos a buscar no mundo, nas pessoas, nos bens materiais, nas conquistas, nos cargos, títulos, no dinheiro, no prazer. A lista pode ser bem longa e tem ficado cada vez maior, porque como nunca nos saciaremos nessas coisas, passamos a “inventar” cada vez mais opções ou alternativas para tentar satisfazer algo que jamais será saciado fora.
Poderia parecer incoerente da parte de Deus despertar em nós tal anseio para guardarmos e não “explorarmos” toda essa potência que existe dentro de nós. Então por que o Senhor permite que esse desejo de amor pulse em nós agora?
Jesus, exemplo de amor
Cristo nos deixou o manual de instruções: “Caríssimos, amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo o que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor.” (1 Joao 4,7-8)
Sabendo-se amados e impelidos por esse amor, Jesus nos ensina a medida e a maneira com que devemos agir: “…dai, e vos será dado. Será colocada em vosso regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também”. (Lucas 6,38)
E o que vem a ser uma medida sacudida e recalcada? É a medida justa, quando se sacode e aperta os grãos, por exemplo, para que todo o espaço do saco seja preenchido e não sobre nenhum espaço vazio. O saco fica tão cheio que chega a transbordar. Essa é a medida do amor de Deus por nós. Cheio, completo, transbordante e justo. E é essa a medida que Jesus nos ensina a amar o outro, uma medida cheia, sem limites e que se transborda em caridade e generosidade.
O transbordar do amor de Deus para o outro nos sacia, preenche-nos e nos ajuda a viver de forma autêntica, com significado e alegria a nossa espera até o encontro com o Amor verdadeiro.
Vanessa Cícera dos S. Ramos
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator