Seguir a Cristo é entrar em um caminho de busca constante por aquilo que é bom, belo e verdadeiro. Essas três realidades, portanto, estão profundamente enraizadas nos ensinamentos de Jesus. Como cristãos, nós precisamos transcender as limitações da existência humana.
O que é o bem?
O bem é mais do que simplesmente fazer o que é certo. Ele é, sobretudo, uma resposta ao chamado de Deus para viver conforme Sua vontade, em profunda comunhão com os outros e com a criação. Jesus nos ensinou que o bem é, acima de tudo, uma expressão de amor. “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o coração, de toda a alma e de todo o entendimento” e “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,37-39).
O bem, no contexto cristão, não se limita a atos isolados de bondade ou justiça, mas é uma disposição interior, uma virtude que nos transforma e nos faz agir em prol dos outros. A bondade de Cristo se revela em atos concretos. No entanto, essa bondade vai além do que é visível. Ela se enraíza em um coração puro e disposto a amar, a perdoar e a se sacrificar pelo bem do outro, assim como Cristo fez ao entregar-se na cruz.
Fazer o bem, à luz de Cristo, implica também lutar contra o mal, com a força da verdade e da justiça. Jesus nos ensina a resistir ao mal com o poder do amor, que é capaz de transformar até o coração mais endurecido. Ele nos convida a amar os nossos inimigos e a orar por aqueles que nos perseguem (Cf. Mt 5,44).
A beleza no seguimento de Cristo
A beleza, no caminho cristão, está intimamente ligada à verdade e ao bem, e tem sua origem em Deus, que é a própria fonte de toda beleza. A criação nos revela essa beleza divina: as estrelas no céu, as montanhas majestosas, o mar infinito, todos refletem a glória de Deus. No entanto, a beleza que Cristo nos revela vai além da criação material; ela está na própria vida humana quando vivida em comunhão com Deus.
Seguir a Cristo nos leva a descobrir a beleza interior, aquela que é invisível aos olhos, mas que transforma o coração. O verdadeiro seguidor de Cristo encontra beleza nas virtudes: na pureza do coração, na sinceridade, na humildade e no serviço ao próximo. A vida de Jesus é o exemplo máximo dessa beleza interior, que se manifesta no amor incondicional, na bondade sem limites e na entrega total à vontade do Pai.
A Cruz, em sua aparência, pode parecer o oposto de tudo o que é belo. No entanto, para o cristão, a cruz é o ápice da beleza, pois nela está a revelação do amor mais profundo e verdadeiro. Através do sofrimento e da morte de Cristo, vemos a beleza do sacrifício e da redenção, que transforma o horror do pecado em uma promessa de vida nova. A ressurreição de Cristo, então, é a vitória da beleza e da vida sobre a feiura do pecado e da morte.
Essa beleza que Cristo nos convida a contemplar e viver é uma beleza que transforma. Ela não é apenas um ideal estético, mas uma realidade que nos desafia a sermos mais belos em nossa forma de agir e viver.
Somos chamados a refletir essa beleza em nossas vidas, não através de aparências externas, mas através de atos de amor, compaixão e perdão. A verdadeira beleza, para o cristão, está em viver de acordo com a verdade e o bem, pois é assim que nos tornamos reflexos da beleza divina.
A verdade que liberta
No coração do seguimento de Cristo está a busca pela verdade. Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Isso nos ensina que a verdade não é apenas um conceito ou uma ideia abstrata, mas uma pessoa: o próprio Cristo. Conhecer a verdade, portanto, é entrar em uma relação viva e pessoal com Ele. Seguir a Cristo é seguir a verdade, pois Ele é a plena revelação de Deus ao mundo.
A verdade em Cristo é libertadora. Ele nos convida a viver de forma autêntica, a sermos verdadeiros conosco mesmos, com os outros e com Deus. Muitas vezes, vivemos em meio a ilusões, mentiras e enganos, seja por medo, por orgulho ou por conveniência.
No entanto, o seguimento de Cristo nos chama a sair dessas prisões interiores e a abraçar a verdade, mesmo quando ela é desconfortável ou difícil de aceitar.
“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8,32), disse Jesus. Essa libertação ocorre quando deixamos de viver segundo as mentiras do mundo — como o egoísmo, a ganância e a vaidade — e passamos a viver na luz da verdade, que é o amor de Deus.
Seguir a verdade significa também ser testemunha dela. Jesus nos chama a ser luz no mundo, a proclamar a verdade do Evangelho com nossas palavras e ações. Em um mundo muitas vezes marcado por falsidades, injustiças e relativismos, o cristão é aquele que se mantém firme na verdade de Cristo, mesmo que isso traga desafios ou perseguições.
A verdade, em última instância, é o que nos dá sentido, direção e propósito. Ela nos aponta para a vida eterna, que é o destino final de todos aqueles que seguem a Cristo.
A Unidade entre o bom, o belo e o verdadeiro
No seguimento de Cristo, o bom, o belo e o verdadeiro não são realidades separadas. Elas estão intrinsecamente conectadas e se encontram em perfeita harmonia na pessoa de Jesus. Ele é o bem supremo, a beleza encarnada e a verdade que liberta. Seguir a Cristo é, portanto, um chamado a integrar essas dimensões em nossas vidas.
Quando fazemos o bem, refletimos a beleza e a verdade de Deus. Quando vivemos a verdade, tornamo-nos mais belos e mais capazes de agir com bondade. E quando buscamos a beleza de uma vida vivida em Deus, encontramos o bem e a verdade que nos transformam e nos conduzem à plenitude.
Esse ideal de vida é exigente, mas também profundamente gratificante. Seguir a Cristo é seguir o caminho que leva à verdadeira realização humana. É descobrir que o bem, o belo e o verdadeiro são, na verdade, expressões do amor de Deus por nós, e que somos chamados a viver esse amor em todas as dimensões de nossas vidas.
Ao abraçar o bem, o belo e o verdadeiro, seguimos o caminho de Cristo e, assim, nos aproximamos mais de Deus, que é a fonte de toda bondade, beleza e verdade.
Deise Castro
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator