Como saciar minha sede?

A passagem bíblica da Samaritana nos ensina que o encontro com Deus pode acontecer em nosso ordinário, no simples gesto de buscar água. Deus permite que nos aproximemos d’Ele a qualquer momento e em qualquer lugar! Basta que estejamos abertos! 

Nosso mundo atual agitado, cheio de informações e imposições de desejos, atrapalha nosso olhar para o céu. Quantas vezes deixamos de tomar um simples copo d’água e preferimos um refrigerante para saciar um bem-estar momentâneo? 

A todo momento somos bombardeados pela mídia e redes sociais a buscar prazeres carnais, buscar uma falsa felicidade em compras desnecessárias e conquistas que massageiam nossa vaidade e ego. O ser humano tem se deixado dominar e distrair por prazeres carnais e não espirituais. 

Lanço aqui um breve desafio auto-reflexivo… Quantas vezes ouvimos falar de Deus ou recebemos mensagens positivas de apoio durante um dia? Sou vista como um ser humano ou apenas mais um número para metas de vendas? Onde me encontro e qual meu significado nesse mundo? 

Nessa confusão secular, o ser humano ter perdido sua essência, sua realidade e sua verdade aqui na terra. Perante tanta correria e superficialidade em nosso dia a dia, vamos perdendo o brilho, o viço e as energias. 

A partir dessa fraqueza e sequidão, precisamos recorrer à fonte, matar nossa sede e nos revigorar nela. É nesse momento de fragilidade, aridez e vulnerabilidade que permitimos Deus agir em nossas vidas. Através de nossas misérias, deixamos Deus trabalhar o fluxo da graça. 

Enquanto estivermos ocupados com os barulhos externos, não seremos capazes de ouvir a torrente de amor que emana de nossos corações. 

Deus permite sequidão em nosso corpo para reconhecermos nossa total dependência de água Viva! Seu amor é tão grandioso por nós que Ele próprio Se faz semelhante a nossa humanidade: “Tenho sede” (Jo 19,28).

Jesus mesmo nos ensina a ter sede d’Ele, sede de Sua Palavra, de Seus ensinamentos e de Sua vida. Ele nos deixa Seu memorial da Paixão para que em cada celebração litúrgica mate nossa sede de vida, de amor e transborde nossos corações de misericórdia.

Sede de Deus é o que sentia Santo Agostinho, no seu dramático caminho de conversão: «Fizeste-nos, Senhor, para ti e o nosso coração não descansa enquanto não repousar em ti» (Confissões, 1,1). Não acontecerá que você experimente a sede amarga de quem constrói a vida fora do eixo? «O homem é capaz de Deus – assim começa o Catecismo a exposição da fé cristã. E acrescenta: «O desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Deus não cessa de atrair o homem a si, e somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar».

No diálogo entre Jesus e a Samaritana vemos traçado o percurso espiritual que cada um de nós e cada comunidade cristã está chamada a redescobrir e a percorrer na caminhada de Fé. 

Deus Pai enviou o seu Filho ao mundo para saciar a nossa sede de Vida Eterna. “Aquele que beber da água que eu lhe der, jamais terá sede. A água que eu lhe der se tornará nele fonte de água a jorrar para a Vida Eterna”(Jo 4,14). 

Compete a nós, assim como à samaritana, saber beber desse manancial de infinito amor.

Oremos: 

“Ó Deus, Tu és o meu Deus, eu Te busco intensamente; a minha alma tem sede de Ti! Todo o meu ser anseia por Ti, numa terra seca, exausta e sem água” (Sl 63,1). “Ensina-me, Senhor, a beber da mesma sede de Ti, como quem se alimenta mesmo na penumbra do frescor da fonte”…

“Que essa sede se faça mapa e viagem, palavra acesa e gesto que prepara a mesa sobre a qual se partilha o dom. E quando darei de beber a Teus filhos, seja, não porque possuo a água, mas porque, como eles, sei o que é a sede”.

Angélica Chiba Maeda Ushirohira
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator