A juventude sempre ocupou um lugar de destaque na história da Igreja. Ao longo dos séculos, os jovens têm sido catalisadores de transformações profundas, tanto dentro quanto fora das comunidades cristãs. Mais do que isso, o ardor juvenil nos insere de maneira única na intimidade de Cristo, permitindo uma vivência profunda do Evangelho e uma transformação genuína da vida e da sociedade. Esse ardor é o que torna os jovens não apenas transmissores da mensagem de Cristo, mas testemunhas vivas de sua presença!
O Ardor da Juventude: Caminho para a Intimidade com Cristo
A juventude é um tempo de busca, descoberta e apaixonamento. Quando essas características são orientadas para Cristo, elas se transformam em um caminho de intimidade profunda com Ele. A palavra do Senhor revela a força da juventude, que ajuda a alimentar e a impulsionar a Igreja de Cristo, na imagem do trigo que dá vigor aos jovens (Zacarias 9,17), simbolizando não só a força física e emocional, mas, sobretudo, o alimento espiritual que os jovens encontram em Cristo.
Esse vigor espiritual é o que capacita os jovens a viver uma fé autêntica e profunda, tornando-se não apenas ouvintes, mas protagonistas do Evangelho. Isso porque, os jovens carregam dentro de si uma sede de infinito, uma busca por algo que ultrapasse as realidades terrenas. Essa sede encontra sua plenitude em Cristo, o único que pode saciar os desejos mais profundos do coração humano.
Quando se abrem a essa realidade, o ardor juvenil os leva a uma comunhão mais íntima com Jesus, permitindo-lhes uma experiência que transforma radicalmente sua vida interior. Nesse processo de aproximação a Cristo, o jovem descobre que a fé não é um conjunto de regras ou tradições, mas uma relação pessoal, viva e apaixonada com Aquele que os ama infinitamente!
O ardor da juventude é, portanto, mais do que um entusiasmo passageiro; é uma força transformadora que permite ao jovem mergulhar no mistério do amor de Deus. Dessa intimidade com Cristo, nasce a capacidade de viver uma vida de santidade, testemunhando a alegria de ser de Cristo para os outros. Esse encontro profundo renova suas energias e os impulsiona a evangelizar, não por obrigação, mas por desejo genuíno de compartilhar a alegria que experimentam em sua relação com Ele.
Evangelização: Um Reflexo da Alegria de Ser de Cristo
Evangelizar não é simplesmente comunicar uma mensagem, mas transmitir a própria vida que recebemos em Cristo. O ardor juvenil, guiado pela graça de Deus, torna-se um meio poderoso de testemunho, porque os jovens podem mostrar ao mundo que ser de Cristo é uma fonte de verdadeira alegria. Em um mundo frequentemente marcado pela superficialidade e pela busca desenfreada por prazeres efêmeros, os jovens cristãos são chamados a irradiar uma alegria autêntica, que nasce da intimidade com Cristo e que transborda para os outros.
Essa alegria não é algo superficial, mas o resultado natural de uma vida transformada pelo Evangelho. Como Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (João 10,10). Os jovens que se encontram profundamente com Cristo experimentam essa vida em plenitude e, por isso, seu testemunho é tão convincente. Eles mostram ao mundo que, mesmo em meio às provações e dificuldades, é possível encontrar paz e felicidade verdadeira ao lado de Deus.
Os jovens têm a capacidade única de comunicar essa alegria de forma espontânea e contagiante, não apenas em palavras, mas no modo de viver. O jovem que vive sua fé de maneira autêntica se torna um sinal visível da presença de Cristo no mundo, e essa presença atrai outros para o caminho da fé. Esse é o verdadeiro sentido da evangelização: ser luz em meio às trevas, irradiando a alegria do Evangelho e convidando os outros a entrar nessa experiência de amor e comunhão com Deus.
Além de ser um meio de intimidade com Cristo, a juventude também é uma força de transformação pessoal. Ao se aproximar de Cristo, o jovem experimenta uma mudança interior profunda que não fica confinada à vida interior; ela se expande para o mundo ao redor. O jovem que encontrou Cristo sente um desejo irresistível de transformar o ambiente em que vive, levando o amor de Deus para todos.
A juventude é chamada a ser fermento no mundo, como Cristo ensinou em Mateus 13,33: “O Reino dos céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três medidas de farinha, até que tudo fique fermentado.” Assim, os jovens são chamados a agir no mundo, a influenciar suas culturas e comunidades com os valores do Evangelho, sendo sinais vivos de esperança, justiça e caridade.
A Juventude e a Nova Evangelização: O Legado de São João Paulo II
Quando falamos sobre a juventude e a evangelização no contexto atual, é impossível ignorar o papel crucial de São João Paulo II. Foi ele quem cunhou o termo Nova Evangelização, compreendendo que, diante de um mundo cada vez mais secularizado, a Igreja precisava renovar seu ardor, seus métodos e sua expressão, sem jamais perder a essência do Evangelho e da Verdade. E, para essa missão, ele enxergava nos jovens os principais protagonistas.
São João Paulo II sempre teve um profundo amor pela juventude. Ele acreditava que os jovens, com seu entusiasmo, coragem e capacidade de sonhar, eram os mais aptos para essa Nova Evangelização. Durante as Jornadas Mundiais da Juventude, um de seus maiores legados, ele frequentemente dizia: “Vocês, jovens, são a esperança da Igreja. Não tenham medo de ser santos.” Para João Paulo II, a juventude não apenas possuía o vigor físico necessário para a evangelização, mas, sobretudo, o ardor espiritual para renovar o mundo.
O Papa acreditava que os jovens tinham uma capacidade especial de comunicar o Evangelho às novas gerações, usando os meios modernos, como as redes sociais e a tecnologia, para aproximar as pessoas de Cristo. A Nova Evangelização, segundo ele, não se restringia apenas aos territórios onde a fé ainda não havia sido proclamada, mas também aos corações e mentes que, mesmo batizados, haviam se afastado da vivência do Evangelho.
Para os jovens, São João Paulo II fazia sempre um apelo vibrante: “Vocês são as sentinelas da manhã, que anunciam a chegada do sol que é o Cristo ressuscitado!” Ele confiava aos jovens a missão de serem os portadores dessa luz, especialmente em um mundo onde as sombras do materialismo e do relativismo moral pareciam prevalecer. O ardor juvenil, fortalecido pela intimidade com Cristo, é o fermento que pode transformar o mundo, trazendo a renovação espiritual que São João Paulo II tanto desejava para a Igreja e a sociedade.
Assim, alimentados pela Palavra de Deus e pela Eucaristia e inspirados pelos ensinamentos de São João Paulo II, que via nos jovens a esperança viva da Igreja, que a juventude possa assumir essa missão com coragem e alegria. Quanto mais próximos estivermos de Cristo, mais seremos capazes de transformar o mundo com a força de seu amor!
Ana Clara Gonçalves
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator