As ferramentas digitais, principalmente a internet, estão revolucionando o perfil dos negócios ligados ao mercado da música em todo o mundo. De olho nessas transformações, que ainda representam um desafio para os profissionais da área, o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio de Janeiro (Sebrae-RJ) lança hoje (7) o Projeto Estrombo. O objetivo é capacitar, até novembro de 2012, mil empreendedores para atuar em modelos de negócios e canais de distribuição baseados na internet e nas novas tecnologias, como aplicativos para redes sociais.
O projeto é uma parceria do Sebrae-RJ com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Rede de Tecnologia do Rio de Janeiro.
Dados do Sebrae revelam que, somente no ano passado, as vendas de música digital pela internet cresceram 159,4% e já representam 58,7% do mercado total das vendas digitais. De acordo com Heliana Marinho, gerente de Economia Criativa do Sebrae-RJ, apesar de ser um mercado em ampla expansão, ainda apresenta uma série de deficiências em relação às oportunidades de desenvolvimento econômico.
“Falta visão empreendedora e há um elevado grau de informalidade nas atividades de criação e comercialização nesse mercado. O que se observa é que a web permite uma enorme divulgação e fruição, mas a comercialização ainda precisa ser melhor observada e modelada. Um músico que utiliza a web 2.0 [para divulgar e comercializar suas músicas] recebe, em média, R$ 200 por mês. Ao capacitar esse profissional, queremos transformá-lo num empreendedor que tenha retorno financeiro suficiente pelo seu trabalho”, explicou Heliana Marinho.
A gerente do Sebrae-RJ disse que as ações preveem capacitação presencial e online para novos modelos de negócio no ambiente digital, direitos autorais nas novas mídias, empreendedorismo e formalização no mercado da música. O projeto também vai mapear a cadeia produtiva da música do estado do Rio de Janeiro, como forma de subsidiar políticas públicas voltadas para o desenvolvimento e formalização do setor, além de incentivar a música emergente das periferias, que tem força econômica e circuitos próprios. Todas as ações do projeto, segundo Heliana Marinho, serão amplamente divulgadas nas redes sociais do Sebrae e de parceiros.
Segundo a presidenta da Associação Brasileira da Música Independente, Luciana Pegorer, a música representa a indústria criativa mais impactada pelo uso das tecnologias digitais desde a produção, passando pela distribuição, até o consumo. Para ela, o maior desafio é garantir a rentabilidade da atividade.
“A internet amplia as possibilidades de o artista se colocar no mercado. Antes, as barreiras de entrada eram enormes porque tudo era muito caro. Agora, é muito mais fácil e barato todo o processo de gravação e divulgação, mas a rentabilidade ficou muito reduzida.”
Ela citou exemplos de profissionais que conseguiram lidar bem com o ambiente digital e lucrar alto com ele, como o grupo Teatro Mágico, de São Paulo, que disponibiliza gratuitamente, na página que o grupo mantém na internet, todo o conteúdo produzido. Sem a ajuda de gravadoras, conseguiu alcançar 1 milhão de downloads [arquivos baixados da rede] e vender 190 mil cópias de cds.
“Eles usam a internet para atrair o público para os shows, vender discos, camisetas e outras coisas. Mas isso [esse modelo de negócio] não funciona para todo mundo, todos os artistas. Por isso, é preciso identificar onde estão as oportunidades nesse mercado”, acrescentou.
Agência Brasil