Bento XVI considera que as aparições de Fátima, em 1917, foram um “sinal” de Deus que continua válido nos nossos dias.
“A fé desenvolve-se. O que também diz respeito à entrada cada vez mais forte da Mãe de Deus no mundo a indicar o Caminho, como Luz de Deus, como Mãe através de quem reconhecemos o Filho e o Pai. Deus deu-nos assim um sinal no século XX”, refere.
O Papa aborda a sua relação com o Santuário português no livro-entrevista «Luz do Mundo», que resulta de uma conversa com o jornalista alemão Peter Seewald.
“No nosso racionalismo, e perante o poder das ditaduras em ascensão, Ele (Deus, ndr) mostra-nos a humildade da Mãe, que aparece a crianças pequenas a falar de Fé, esperança, amor e penitência”, precisa Bento XVI, para quem os homens encontra em Fátima, “por assim dizer, uma janela”.
Na homilia que proferiu a 13 de Maio de 2010, no Santuário, o Papa afirmou: “Iludir-se-ia quem pensasse que a missão profética de Fátima esteja concluída”.
Confrontado com essa afirmação por Peter Seewald, Bento XVI diz que “temos de separar duas coisas na mensagem de Fátima: por um lado, um determinado acontecimento, representado numa visão; e, por outro, o essencial, aquilo de que estamos aqui a falar”.
“Trata-se de indicar um ponto crítico, um momento crítico na história: este é o grande poder do Mal, que no século XX se evidenciou nas grandes ditaduras e que, de uma outra maneira, ainda hoje existe”, prosseguiu.
Para o Papa, é claro que “a mensagem não terminou, ainda que tenham desaparecido as duas grandes ditaduras”.
“O sofrimento da Igreja permanece, a ameaça dos homens permanece, e com isso permanece também a pergunta sobre a resposta, permanece a indicação que Maria nos deu”, precisa.
Em Fátima, o Papa deixou votos de que “os sete anos que nos separam do centenário das aparições” possam “apressar o anunciado triunfo do Coração Imaculado de Maria para glória da Santíssima Trindade”.
Na entrevista agora publicada em Portugal, Bento XVI recusa, contudo, estar a falar em qualquer nova aparição ou momento miraculoso.
“Não quis dizer – para tal sou demasiado racionalista – que espero que vá suceder uma grande viragem e que a história tome de repente um rumo completamente diferente, mas sim que o poder do Mal será repetidamente impedido, que a força de Deus se mostrará sempre na força da Mãe e a manterá viva”, assinala.
O Santuário de Fátima apresentou a 1 de Dezembro o programa de celebrações para o centenário das aparições.
No site oficial da iniciativa (www.fatima2007.org), D. António Marto destaca a resposta pronta que os responsáveis pela instituição deram “a uma interpelação e a um desafio que o Papa Bento XVI nos deixou: de aproveitar estes sete anos que nos separam de 2017 para celebrar condignamente a celebração este centenário”.
Agência Ecclesia