Haiti: OMS diz que próximas semanas serão difíceis por causa de epidemia de cólera

A epidemia de cólera já matou 1.344 pessoas e contaminou quase 57 mil em todo o Haiti, segundo dados das autoridades sanitárias do país. Mas a expectativa da representante da Organização Mundial da Saúde (OMS) na nação caribenha, Lea Guido, é que a situação continue difícil pelas próximas semanas.

“Essa epidemia se dá em um dos países mais pobres do mundo, com condições sanitárias realmente dramáticas, sem acesso à água potável. Menos de 40% têm acesso a serviço de saúde. Há 2,1 médicos para cada 10 mil habitantes. É uma situação realmente dramática. E as próximas semanas vão ser semanas difíceis, porque a epidemia já está presente em Porto Príncipe, onde temos uma população de 3 milhões de habitantes”, alertou Lea Guido.

Segundo a OMS, foram instalados em todo o país 36 centros de tratamento do cólera, capazes de atender 2.830 pessoas, separadas dos hospitais convencionais, para evitar que a doença contamine outros pacientes. Mas, de acordo com Lea Guido, o número ainda é insuficiente. Para ela, seriam necessários, pelo menos, mais dez unidades como essas.

A OMS também acredita que a epidemia terá que ser combatida não apenas com a abertura de leitos em centros de atendimento, mas também com ações na área de saneamento e outras intervenções sociais, principalmente.

“Essa é uma população virgem, no sentido que é suscetível porque não tinha antecedentes. Nesse sentido, há um grande risco. Outro grande risco são as condições de saneamento. Ao final de contas, os hospitais recebem os doentes, mas a saúde se constrói com água potável, saneamento e boa alimentação. Este é um país com problema de nutrição agudo e com alta prevalência de aids, além de um grande número de pessoas que vivem com menos de um dólar por dia”, explicou.

A OMS estima que a epidemia de cólera no Haiti dure mais um ano e atinja até 200 mil pessoas. Segundo informações da entidade, os medicamentos já enviados ao Haiti e outros que estão para chegar ao depósito da OMS em Porto Príncipe serão suficientes para atender à demanda.

Agência Brasil

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