Heitor Abdalla Buchaul
Instituto Plínio Corrêa de Oliveira
Era o dia 18 de novembro de 1095, o Papa Urbano II — após relato das atrocidade e humilhações que os cristãos sofriam na Terra Santa — dirigiu-se aos fiéis nestes termos: “Ide irmãos, ide com esperança ao assalto dos inimigos de Deus que há muito dominam a Síria, a Armênia e países da Ásia Menor. Muitos danos já fizeram […] vedaram aos peregrinos ingresso numa cidade a qual somente os cristãos sabem dar o real valor. Não é o bastante para escurecer a serenidade de nossa face? Ide e mostrai vosso valor. Ide soldados […] Não hesiteis, irmãos caríssimos, em sacrificar vossas vidas pelo bem dos irmãos”. Após o que todos os presentes responderam com o brado unânime: “Deus o quer!”
Quase 1000 anos depois, chegam aos nossos ouvidos os gritos de nossos irmãos na fé, barbaramente martirizados durante a missa na Catedral Siríaco-Católica no dia 31 de outubro, em Bagdah (Iraque). Foram 58 mortos, fiéis e membros do clero, além de mais de 67 feridos; entre as vítimas contavam-se mulheres, velhos e crianças. Naquela mesma semana o bairro cristão da capital iraquiana fora alvo de outros ataques.
Embora os comentários provenientes da grande mídia e das autoridades mundiais tenham deixado muito a desejar, a reação veio do povo, refletindo-se em várias manifestações de protesto por diversas cidades européias.
Em Bruxelas, que sedia a Comissão e por metade do ano o Parlamento Europeu, sendo por isso considerada a capital da Europa Unida, de 4 a 5 mil pessoas participaram de uma manifestação de solidariedade aos cristãos iraquianos no chuvoso e frio sábado,dia 13 de novembro.
Suleyman Gultekin da União Siríaca-Européia, a qual organizou a marcha, [foto acima] disse que os manifestantes queriam “ser ouvidos pela comunidade européia” e demonstrar como os cristãos no Iraque estão sendo “atacados de forma sistemática”.
O cortejo contou com a participação de membros da Hierarquia católica oriental, cidadãos de vários países europeus, além de iraquianos, libaneses, sírios e jordanianos. Slogans em aramaico (língua falada por Nosso Senhor ) eram ouvidos durante todo o desfile. Bandeiras e cartazes em francês, inglês, alemão e árabe assinalavam as reivindicações dos caldeus: “O direito de viver em nossa própria casa”, “Somos cristãos “, “Parem os massacres “, “Cessem o genocídio”.
Nesse mesmo dia houve similar protesto no centro da capital da austríaca, com a participação de mais de 3000 pessoas. No domingo, 14 de novembro, outras cinco mil pessoas marcharam em Paris ; as cidades de Lyon e Estocolmo também foram palco de manifestações.
Os cristão iraquianos, legítimos representantes do antigo povo assírio, há muitos séculos vivem sob a opressão dos islâmicos e ainda hoje pagam um imposto de sangue para viver em suas terras ancestrais. Mas como disse Tertuliano que “O sangue dos mártires é semente de cristãos”, assim, em nossos dias em que se pretende uma falsa paz a qualquer preço, muitos católicos poderão acordar e sair da inércia…