Uma forte pressão ideológica quer que Igreja permita o preservativo, afirma canonista

MADRI, 25 Nov. 10 / 02:08 pm (ACI).- O doutor em direito canônico, Pe. Jesus Ortiz López, assinalou que as declarações do Bento XVI publicadas no livro “Luz do Mundo” sobre o preservativo foram tergiversadas porque existe uma forte pressão ideológica para que a Igreja aceite este método anticoncepcional.

“O Papa deu um passo adiante para admitir os preservativos? Não. Deu acaso um passo atrás? Tampouco. Mudou a doutrina da Igreja sobre o uso dos preservativos? Nada mudou e tudo segue igual”, afirmou Ortiz López ao site católico espanhol Analisis Digital ao referir-se ao alvoroço mediático gerado nos últimos dias.

O perito recordou que na sua viagem a África, a postura do Papa sobre a AIDS “foi objeto de polêmica nos meios de comunicação”.

Entretanto, assinalou o Pe. Ortiz, em “Luz do Mundo”, Bento XVI reafirmou que o preservativo não resolve a questão sobre esta pandemia, e advertiu que a fixação neste método “significa uma banalização da sexualidade e tal banalização é precisamente a origem perigosa de que tantas pessoas não encontrem já na sexualidade a expressão do amor, mas apenas uma espécie de droga que se administram a si mesmos”.

“Neste contexto Bento XVI reconhece que poderá haver casos fundados de caráter isolado, por exemplo em pessoas que se prostituem, que utilizem um preservativo e isso pode ser ‘um primeiro passo de moralização, um primeiro lance de responsabilidade a fim de desenvolver novamente uma consciência de que não tudo está permitido e de que não se pode fazer tudo o que se quer’”, expressou o sacerdote.

Esclareceu que “o Papa reconheceu nessa conversação que o preservativo pode ser em alguns casos um passo para essa necessária humanização da sexualidade. Mas de nenhuma forma está dizendo que a Igreja o admita como remédio habitual contra a AIDS e menos ainda como anticoncepcional”.

Por isso, indicou que quem afirma que as declarações do Papa “mudam a consideração moral do preservativo, dando por suposto que pode ser utilizado nas relações entre namorados ou no matrimônio, tergiversam suas palavras”.

“Há uma forte pressão ideológica para que a Igreja permita o preservativo. E aproveitam qualquer ocasião para manipular as declarações do Papa, de um cardeal ou de um teólogo, a fim de confirmar suas colocações”, advertiu.

O Pe. Ortiz López assinalou que a verdadeira mensagem do Santo Padre é “a humanização da sexualidade humana, dirigida naturalmente ao matrimônio e à procriação”.

“Em definitiva, tudo permanece como estava, a Igreja mantém sua doutrina pelo bem do homem, por mais que alguns se empenhem em mudá-la de qualquer jeito, apresentando casos extremos ou simplesmente mentindo”, expressou o canonista.

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