ROMA, 19 Jan. 11 / 02:43 pm (ACI).- Depois do anúncio da próxima beatificação do Papa João Paulo II, o Cardeal Jozef Tomko, Prefeito Emérito da Congregação para a Evangelização dos Povos, revelou que em suas viagens Karol Wojtyla tinha tanto que fazer que sua generosidade o levava a dormir muito pouco.
Em uma entrevista publicada pelo jornal vaticano L’Osservatore Romano ontem, 18, o Cardeal recorda de maneira particular uma longa viagem de 16 dias que levou o Papa peregrino por Bangladesh, Singapura, Fiji, Nova Zelândia a Austrália e Seychelles.
“Depois de várias noites, quando o encontrei em Canberra (Austrália) uma manhã e perguntei-lhe se havia que tinha dormido, ele me respondeu com um sorriso: ‘sim, a primeira noite'”.
O Cardeal Tomko recorda ademais outro companheiro das viagens do Santo Padre, o falecido Cardeal Agostino Casaroli, quem também foi Secretário de estado Vaticano.
Este Cardeal “que era um homem engenhoso, brincava sobre a ‘divisão do trabalho’ entre o Papa e nós que formávamos seu séquito: ‘O Papa trabalha e nós nos cansamos!”
Para João Paulo II, prossegue o Cardeal Tomko, estas viagens eram “‘peregrinações ao santuário do povo de Deus’. Ele nunca duvidou em visitar cada continente mais vezes, mas é certo que as viagens aos países de missão, espalhados em diversas latitudes, eram as mais difíceis”.
O Prefeito Emérito da Congregação para a Evangelização dos Povos relata também sua experiência ante a morte de João Paulo II em 2 de abril de 2005. Aquela noite “logo que soube a notícia cheguei a visitar o corpo deste gigante da história, ainda em seu leito de dor, com a majestosa paz da morte em seu rosto”.
“Ajoelhei-me, rezei brevemente, tomei sua mão, aquela mão que senti sobre minha cabeça e a beijei devotamente. Era a mão de meu pai no Espírito. Certos laços invisíveis não se rompem jamais”, aludindo à ordenação episcopal que recebeu dele em setembro de 1979.
Agora com a notícia da próxima beatificação, o Cardeal afirma que “tenho a alegria de ver realizado o desejo daquela multidão oceânica que em seus funerais clamava ‘Santo subito!’ (Santo já!). O vento que admiravelmente virava as páginas do Evangelho sobre o caixão de João Paulo II sopra ainda. Sua obra permanece e dá frutos. Pedro segue vivendo em seus sucessores como Cristo vive em sua Igreja”.