Cidade do Vaticano (Terça-feira, 19-10-2010, Gaudium Press) O Papa Bento XVI recebeu em audiência privada no Vaticano neste sábado o novo presidente da Polônia, Bronislaw Komorowski. A primeira visita do chefe de estado ao Vaticano coincidiu com o trigésimo segundo aniversário da eleição de João Paulo II a Papa e aconteceu por ocasião da canonização do beato polonês Stanislaw Kazimierczyk. Antes de encontrar o Santo Padre, o presidente assistiu à missa perto do túmulo do Papa polonês nas Grutas vaticanas.
O presidente Komorowski que sucede o presidente Lech Kaczynski, morto tragicamente em um acidente aéreo em Smolensk, na Rússia, começou sua visita ao Vaticano com a oração no túmulo de João Paulo II. Antes foi celebrada uma missa, presidida pelo presidente da Conferência Episcopal polonesa, o arcebispo Jozef Michalik com uma homilia feita pelo cardeal Stanislaw Dziwisz, secretário pessoal do Papa João Paulo II e hoje seu sucessor na arquidiocese de Cracóvia, na Polônia.
A visita de Komorowisk a Bento XVI aconteceu em uma atmosfera muito cordial. O comunicado da Sala de Imprensa vaticana diz que foi lembrada, antes de tudo, a feliz coincidência da visita com o trigésimo segundo aniversário da eleição de João Paulo II ao pontificado. O presidente Komorowski confirmou ter falado sobre o andamento do processo de beatificação do Papa Wojtyla e disse que o processo foi acelerado. Além disso, foi reafirmada a recíproca vontade das partes de continuar a cooperar de maneira eficaz nos âmbitos de interesse comum, como a educação e a promoção dos valores fundamentais da sociedade. Também foi ressaltada a importância de defender a vida humana em todas as suas fases.
O presidente polonês, por ocasião do Ano de Chopin, presenteou o Papa com um fac-símile da partitura do grande músico polonês. Logo depois houve o encontro com o Cardeal Tarcisio Bertone, secretário de Estado do Vaticano, acompanhado do arcebispo Dominique Mamberti, secretário para as Relações com os Estados.
Há 32 anos foi eleito João Paulo II, o primeiro Papa não- italiano depois de mais de 400 anos
Há 32 anos, no terceiro dia do conclave, aproximadamente às 17H15, depois de 455 anos, era eleito o primeiro Papa não italiano, o primeiro Papa eslavo, João Paulo II. No dia 16 de outubro de 1978, na memória dos vaticanistas que viveram na Praça São Pedro, houve emoção e surpresa, um grande silêncio da multidão a perguntar-se quem seria o novo Papa. O Cardeal Karol Wojtyla, arcebispo de Cracóvia, um então desconhecido. Ninguém imaginava todas as mudanças que ele traria.
Na manhã deste sábado, nas Grutas Vaticanas, perto de seu túmulo, foi celebrada uma missa em polonês, presidida pelo presidente da Conferência episcopal polonesa, Dom Jozef Michalik.
Na homilia, a figura do Papa polonês foi recordada pelo seu secretário particular, hoje arcebispo de Cracóvia, o Cardeal Stanislaw Dziwisz.
“Este dia se inscreveu para sempre na história da Igreja e do mundo”, disse no início da missa o cardeal Dziwisz. O álbum da vida terrena de João Paulo II terminou com sua morte e agora “ele escreve um novo álbum de sua presença espiritual na sociedade e na Igreja”. O Cardeal recordou o “sim” a Deus com o qual Karol Wojtyla respondeu aos seus chamados, antes ao sacerdócio, depois à sede episcopal e por fim ao trono de Pedro. O secretário convidou também a fazer um exame de consciência, sobre o que faremos da herança do pontificado de João Paulo II.
Na recordação de Hiroshi J. Miyahira, vaticanista japonês, a eleição de João Paulo II aconteceu sob um grande silêncio. “Não se via bem a fumaça porque era o anoitecer. Era cinza. Na praça havia um grande silêncio. Eu estava no setor da imprensa. Quando a fumaça saiu não se via bem se era branca ou negra. Na praça, silêncio. Na Rádio Vaticana, silêncio. Alguns colegas ouviram que alguém havia escutado dizer: ‘Então prepare os sapatos de número tal…’ Porém eu não havia ouvido nada e não havia confirmação oficial. Chamamos a sala de imprensa vaticana e ali, também o silêncio. Finalmente, quando abriram as janelas da sacada, entendemos que havia sido eleito o novo Papa. Saiu o cardeal Felice, que naquela época era decano do Colégio Cardinalício, e ouvimos dizer: Karol Wojtyla. De novo silêncio. Se pensava que fosse um africano. No dia seguinte todos os jornalistas fomos recebidos pelo novo Papa. Eu fiz uma pergunta a ele, que havia apertado a minha mão: “Santidade, um dia o senhor visitará o Japão?” Todos da segurança junto ao Papa responderam sorrindo. A pergunta antecipou o que depois aconteceu durante seu pontificado, a também histórica visita ao Japão com a Mensagem de Hiroshima”.
Para os vaticanistas italianos o cardeal Wojtyla era um total desconhecido. Giampaolo Iorio recorda o dia 16 de outubro de 1978 como um dia “emocionante por dois motivos. O primeiro porque foi eleito um novo Papa e para um jornalista é uma coisa muito emocionante. O outro porque o Papa era tão jovem. Nós estávamos acostumados a ter Papas sempre idosos. Ao aparecer este Papa jovem o coração bateu mais forte. ‘O que aconteceu?’, nós dissemos. As pessoas não acreditavam, também alguns jornalistas perguntavam: ‘Mas quem é?’.
O Cardeal Wojtyla, na recordação de Ioria, tinha um “rosto simpático” com um “belo e impressionante sorriso” que cativava a todos os seus interlocutores. Uma percepção que, de fato, se tornou emblemática do pontífice.