Roma, 21 Out. 10 / 11:21 am (ACI).- O Arcebispo Velasio De Paolis, Delegado Pontifício para a Congregação dos Legionários de Cristo, alentou os sacerdotes e membros consagrados desta família espiritual a confrontar com esperança o “positivo caminho de renovação” que já está em marcha.
Após três meses de ter assumido o encargo papal de “seguir de perto, sustentar e orientar” a congregação neste “momento decisivo de sua história”, Dom De Paolis dirigiu uma carta aos Legionários de Cristo e aos membros consagrados do Regnum Christi na que avalia este tempo de trabalho.
Sobre a repercussão dos escândalos relacionados ao fundador da Legião de Cristo, o Arcebispo que está na lista de 24 cardeais que serão criados pelo Papa no próximo consistório, assegura que a maior parte dos legionários “reagiu positivamente reafirmando a gratidão a Deus por sua vocação e descobrindo todo o bem que a Legião tinha realizado e está realizando ainda”.
“Uma dificuldade resulta recorrente e é sentida por alguns, segundo a qual os atuais superiores não podiam não conhecer as culpas do Fundador. Ao calá-las teriam mentido. Mas se sabe que o problema não é tão simples. As distintas denúncias publicadas nos jornais dos anos 90 eram bem conhecidas, também para os superiores da congregação”, recorda.
Entretanto, sustenta que “outra coisa é ter as provas do fundamento de tais denúncias e mais ainda a certeza delas. Esta só chegou muito mais tarde e gradualmente. Em casos semelhantes a comunicação não é fácil. Impõe-se a exigência de reencontrar a confiança, para a necessária colaboração”.
Depois de explicar que “o passado deve nos guiar a nos inserir no presente”, Dom De Paolis considera que “pode-se e deve-se esperar em um positivo caminho de renovação” pois “há no horizonte tantos sinais que fazem pensar em uma meta positiva ao final do caminho”.
“O choque provocado pelas ações do Fundador foi de um impacto terrível, capaz de destruir a própria congregação, como, pelo restante, tantos vaticinavam. No entanto ela não só sobrevive, mas está quase intacta em sua vitalidade. A grande maioria dos legionários soube ler a história da própria vocação, nem tanto em relação com o Fundador, mas em relação com o mistério de Cristo e da Igreja, e renovar sua própria fidelidade a Cristo na Igreja, na Legião”, afirma.
O Arcebispo explica que apesar de ter sido um período de férias do verão “foi um tempo precioso para o caminho empreendido”.
Depois de destacar que “muitos fizeram sentir as sua vozes, enviando seus escritos ou falando pessoalmente comigo”, o Arcebispo admite que não pôde atender a “todos os que o desejavam” nem “responder a tantos que fizeram ouvida sua voz por escrito”.
Entretanto, agradece o apoio dos membros, as numerosas histórias e testemunhos de fidelidade e as “sugestões para o caminho de renovação que estamos chamados a percorrer, seja para advertir dos perigos que se correm quando se atua arrebatados pelo desejo de mudança, seja para animar a mudar e a renovar a congregação”.
“Não se pode negar que não poucas coisas devem mudar ou melhorar depois de uma séria ponderação; outras, e são as fundamentais, a respeito da vida religiosa e sacerdotal, devem ser conservadas e promovidas”, assegura.
Neste sentido, o futuro cardeal explica que o importante é “que cada um se mova pelo desejo de bem e da vontade de converter-se sempre mais ao Senhor, sob a guia da Igreja, para estar disponíveis à sua vontade e progredir no caminho da fidelidade e da santidade, segundo a vocação própria. Se procedermos unidos e respeitando-nos uns aos outros, o caminho será livre e seguro; se nos deixamos levar pela vontade de prevalecer, e de impor as próprias idéias contra outros, o naufrágio é certo”.
“A grande parte afirma que não teve nenhuma dúvida ao reconfirmar sua própria fidelidade e o próprio empenho ante Deus e a Igreja. Mais de um comunicou que teve uma primeira reação de irritação e quase de raiva, com a sensação de ter sido traído; mas logo se recuperou. Algum considerou inclusive deixar a Legião, para entrar em uma diocese. Mas se tratou, em definitiva, de poucos, que escolheram tal caminho”, assegura o Arcebispo.
Do mesmo modo, admite que “alguma diminuição houve na promoção vocacional. Nestes casos a dificuldade vem particularmente dos pais, que não souberam discernir suficientemente –no meio do grande clamor dos meios de comunicação– a verdade da falsificação. Infelizmente nesta voragem de opinião pública se deixou levar algum legionário que desistiu que compromisso de promoção vocacional”.
Entre os desafios atuais, Dom De Paolis sustenta que “os Legionários de Cristo se está vivendo uma espécie de paradoxo. Para os institutos religiosos em geral se lamenta que em nome da renovação pós-conciliar requerido pelo Concílio se perdeu a disciplina e o sentido da autoridade, com um certo relaxamento também na prática dos conselhos evangélicos e com uma crise vocacional impressionante, não obstante a riqueza da teologia sobre a vida religiosa que se desenvolveu neste período; para os legionários, por outro lado, trata-se de abrir-se mais a esta renovação pós-conciliar da disciplina e do exercício da autoridade”.
“O perigo de ir mais adiante e de ativar um mecanismo de falta de compromisso na disciplina e na vida espiritual é real; e serpenteia particularmente entre algum sacerdote e religioso. Este perigo é temido inclusive pelo Superior General, quem, expressando ao Papa seu compromisso de obediência e de fidelidade, pedia no entanto, que o instituto neste caminho de renovação seja preservado deste perigo, ou seja do perigo de que o empenho pela renovação se transforme em falta de disciplina e relaxação”, acrescenta.
Finalmente, convida a todos os membros a intensificarem “neste período sua oração. O Anjo do Senhor disse ao profeta Elias: ‘levanta-te e come, porque o caminho é muito longo para ti’ (1R 19, 7). Assim também nos aproximamos com confiança à fonte inacabável da Eucaristia, onde Cristo mesmo é nosso Sustento e Companheiro de viagem. Que Deus os abençoe a todos”.