Bento XVI vincou hoje a importância da oração e dos sacramentos, particularmente a Eucaristia, durante a alocução pronunciada durante a audiência geral desta quarta feira e dedicada a Catarina de Sena (1347-1380), co-padroeira da Europa.
Na décima-primeira catequese dedicada a mulheres santas desde Setembro, o Papa salientou que a vida espiritual da virgem canonizada em 1461 foi a base para o “papel eminente” que desempenhou na reforma da Igreja, num período atribulado da sua história.
Aos 16 anos, Santa Catarina entrou no ramo feminino da Ordem Terceira Dominicana, continuando a viver na sua família de origem, tendo-se dedicado à oração, penitência e obras de caridade, sobretudo em benefício dos doentes, lembrou Bento XVI.
Quando a fama da sua santidade se espalhou, foi protagonista de uma intensa actividade de aconselhamento espiritual “com todas as categorias de pessoas: nobres e políticos, artistas e gente do povo, pessoas consagradas, eclesiásticos, incluindo o Papa Gregório XI, que naquele tempo residia em Avinhão [França] e que Catarina exortou enérgica e eficazmente a regressar a Roma”.
“Viajou muito para solicitar a reforma interior da Igreja e para favorecer a paz entre os Estados”, motivo pelo qual o Papa João Paulo II a declarou co-padroeira da Europa: o Velho Continente nunca esqueça as raízes cristãs que estão na base do seu caminho e continue a atingir do Evangelho os valores fundamentais que asseguram a justiça e a concórdia.
“Os seus ensinamentos são de tal riqueza que o Servo de Deus [Papa] Paulo VI a declarou Doutora da Igreja em 1970”, assinalou Bento XVI.
Uma das dimensões mais importantes da espiritualidade de Santa Catarina de Sena é o “cristocentrismo”, isto é, a centralização em Cristo, que considerava ser “uma ponte lançada entre o céu e a terra”.
O Papa exortou os católicos a imitar esta “união profunda” através da oração, meditação da Bíblia e dos sacramentos, “recebendo frequentemente e com devoção a Santa Comunhão”, origem de renovação da esperança e da caridade.
À semelhança de “não poucos santos”, Santa Catarina cultivou “o dom das lágrimas”, através do qual se renovam os sentimentos vividos por Cristo junto a Lázaro, Marta e Maria e diante de Jerusalém, afirmou Bento XVI.
Referindo-se à importância de Santa Catarina de Sena na espiritualidade dos padres, o Papa recordou que apesar de ela estar consciente “das imperfeições humanas dos sacerdotes”, manteve uma “enorme reverência” por eles, exortando-os a serem “fiéis às suas responsabilidades”, movidos “sempre e apenas pelo seu amor profundo e constante pela Igreja”.
O Papa sublinhou que “também hoje a Igreja recebe um grande benefício do exercício da maternidade espiritual de muitas mulheres, consagradas e leigas”.
Eis as palavras do Papa em português:
“Queridos irmãos e irmãs,
Santa Catarina de Sena, terciária dominicana, foi protagonista, no século catorze, de uma intensa actividade de aconselhamento espiritual para todas as categorias de pessoas, incluindo o Papa, a quem chamava o “doce Cristo na Terra”, e a quem exortou energicamente deixar a Avinhão, para retornar a Roma. No centro da sua religiosidade estava Cristo, descrito com a imagem de uma ponte levantada entre o céu e a terra.
Amados peregrinos vindos do Brasil e de outros países de língua portuguesa, sede bem-vindos! Santa Catarina de Sena ensina que a ciência mais sublime consiste em amar Jesus Cristo e a sua Igreja. Segui o exemplo desta santa, amando Jesus com coragem e sinceridade, para assim alcançardes a paz e a alegria que vêm de Deus. Ide em paz!”