Durante esta “Visita ad Limina”, visita ao limiar onde estão sepultados os apóstolos são Pedro e são Paulo tive a graça de estar por duas vezes com o Santo Padre Bento XVI e comigo estavam simbolicamente presentes todos os fiéis da nossa Diocese de Petrópolis.
Encontrei o Santo Padre logo depois de sua volta da viagem apostólica à Inglaterra e estava muito feliz por ter falado ao coração das pessoas: “Nos quatro dias intensos e maravilhosos transcorridos naquela nobre terra tive a grande alegria de falar ao coração dos habitantes do Reino Unido, e eles falaram ao meu, sobretudo com a sua presença e o testemunho da sua fé”.
A minha primeira impressão no encontro com o Papa foi de estar diante de alguém que fala ao coração, acolhe com simplicidade e escuta com atenção e com muito amor. A mesma fineza que tem com chefes de estados e poderosos ele tem com todos que o encontram, mesmo que por alguns segundos. Imaginem a minha alegria de poder estar com ele por duas vezes, uma delas conversando por vinte minutos.
Logo demonstra um claro conhecimento da nossa Diocese quando, com muito interesse pergunta: “como estão os franciscanos”. E fica imediatamente feliz quando lhe comunico que a situação atual é muito boa, com uma direta colaboração com a vida diocesana. E continua: “E os padres como estão? e as vocações? e os leigos? e as pastorais sociais?” E ainda pergunta: “Qual é a principal atividade da Diocese?” Lhe respondo que a prioridade é a formação dos seminaristas, dos leigos e a missão permanente na sociedade”. Falo ainda da nossa presença no campo da educação, das escolas paroquiais e católicas, da Universidade Católica de Petrópolis. Diante da sua pergunta sobre o atual momento social e político e sobre as eleições aproveito para apresentar a situação do Ensino Religioso nas escolas públicas, sobretudo depois do Acordo Brasil Santa Sé. Ele demonstra um profundo interesse e afirma que tem plena confiança no processo democrático do País com maior número de católicos no mundo.
Pra mim, diante do Santo Padre foi o momento de colocar a minha vida e toda a nossa diocese em suas mãos com amor filial e plena disponibilidade. È como estar diante de Jesus que te acolhe e te convida a dar ao mundo o testemunho da esperança e do amor de Deus. No encontro com o sucessor de são Pedro você tem clara certeza de estar diante do sinal vivo do Senhor com o seu rosto amável e acolhedor e o seu abraço sobretudo aos mais pobres e pequenos.
De grande interesse foram também os encontros com os colaboradores mais próximos do Santo Padre e os seus organismos que são as várias Congregações da Cúria Romanas como a Congregação para a Doutrina da Fé, para os Bispos, para os Padres, os Religiosos, os Leigos, da Educação Católica, da Família, do Culto Divino, da Unidade dos Cristãos, etc. Destaco apenas alguns encontros a começar pelo Pontifício Instituto para a Família. Na nossa conversa foi dada muita atenção à proposta do valor positivo da família segundo a visão cristã, mesmo diante dos ataques de muitas correntes contrárias do nosso tempo. Destacou-se a importância do período de preparação ao casamento e à participação dos casais na vida da comunidade cristã. Também se deu a devida atenção aos casais de segunda união que mesmo não podendo receber a santa comunhão são membros da Igreja e podem participar de diversas pastorais. Um cuidado particular foi dado à defesa da vida nascente e à educação cristã dos filhos.
No Pontifício Conselho para os Leigos se deu particular atenção aos jovens e à sua participação nas Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ) e nós, Bispos do Leste 1, tivemos a oportunidade de lembrar quão números foram os nossos jovens nas últimas JMJ e como está sendo bem preparado o encontro de Madrid em 2011. Tivemos a grande alegria de ouvir que a JMJ de 2015 poderá ser no Rio de Janeiro.
Na Congregação para o Clero, o cardeal Dom Cláudio Hummes, teve palavras de grande encorajamento para os nossos padres e alertou sobre a absoluta necessidade de uma vida evangélica, particularmente depois dos escândalos amplamente propagados pela imprensa nos últimos tempos.
Na Congregação para a Educação católica se falou da formação nos seminários, nas escolas e nas universidades católicas que devem ser de fato plenamente católicas. Também se falou do Ensino Religioso e do direito das famílias terem um Ensino segundo a sua fé e a visão cristã da vida. Aproveitamos para lembrar que o nosso Estado é o único no qual esta sendo implantada uma lei sobre o Ensino Religioso Confessional e Plural.
Em várias Congregações romanas voltou o tema do avanço das novas denominações religiosas de caráter pentecostal que muitas vezes tem uma atitude agressiva com a Igreja católica e os outros credos. Aqui os prelados romanos preferiam escutar o nosso testemunho e como estamos tomando as devidas providências, sobretudo a partir da V Conferência do episcopado latino americano de Aparecida. Sem perder a atitude ecumênica própria da Igreja católica, este fenômeno nos provoca a um testemunho mais corajoso da nossa fé e a um dinamismo missionário muito mais cheio de convicção e de audácia.
Exatamente isso aconteceu com nós Bispos do Estado do Rio de Janeiro durante a última “visita ad limina”, um novo fervor particularmente depois do encontro com o Santo Padre e um desejo grande de confirmar na fé os nossos fiéis para que juntos pastores e povo de Deus possamos dar à nossa sociedade um anuncio de a esperança e de vida plena, a partir do abraço de Cristo.
Dom Filippo Santoro
CNBB