Qual o segredo para um autêntico e verdadeiro autoconhecimento?
Muito tem se falado a respeito do conhecer-se: livros de autoajuda, meditações, ou diversas outras maneiras, formas e teorias de olhar a si mesmo. Sim, o homem moderno tem cada dia mais se distanciado de sua verdadeira essência. A correria do cotidiano, a ansiedade e a rapidez com que a vida acontece faz com que o homem busque ajudas imediatas e respostas prontas.
Mas ouso dizer que o homem tem se perdido em sua rotina e agitação. Para um autêntico encontro consigo mesmo é necessário “parar”.
Por quê? Porque só nos encontraremos quando nos encontrarmos com Aquele que nos criou e nos conhece, que sabe os detalhes de nossa vida. Somente um escultor será capaz de lapidar e ajustar sua obra.
Santa Terezinha nos diz: “Eu sou aquilo que Deus pensa de mim”. E isso é belo!
O que Deus pensa sobre nós? Autoconhecimento não é somente conhecer seu lado negro e obscuro, mas também saber suas potências, dons e capacidades. E só há uma maneira de nos conhecermos e saber o que Deus pensa sobre nós: a oração.
A oração é a via do autoconhecimento
Sim, é isso mesmo que estou querendo dizer: só é realmente possível um verdadeiro autoconhecimento quando vivo um momento parado, íntimo com Aquele que me criou, através da vida de oração.
O Catecismo da Igreja Católica indica que “a oração, quer saibamos ou não, é o encontro entre a sede de Deus e a nossa… Deus tem sede que nós tenhamos sede dele” (CIC 2560).
Quando me coloco diante do meu Criador, deixo que Ele me perceba, me olhe, me revele. Quando oramos, estamos nos encontrando com uma pessoa! Deus é uma pessoa que tem sentimentos, pensamentos, ouve e fala. A oração nos insere em um relacionamento com Deus.
Toda criatura precisa relacionar-se com seu Criador, todo filho de Deus precisa relacionar-se com seu Pai. Cada vez que oro encontro-me com Deus e, portanto, comigo mesmo. Orar é um diálogo com Deus. A oração é ao mesmo tempo uma busca e um encontro com Deus. Quanto mais o homem busca ao Senhor e o encontra, mais o deseja buscar. Esse é o encontro do amor de Deus – que nos ama incondicionalmente – com a necessidade que temos de sermos amados e corresponder a esse mesmo amor: o encontro entre a sede de Deus com a sede do homem.
O autoconhecimento como caminho para a felicidade
Mas autoconhecimento e vida de oração precisam acontecer não somente para que eu me perceba, seja um grande conhecedor de mim mesmo e me dê bem na vida. Isso parece meio egoísta.
Trilhar um caminho de autoconhecimento se faz necessário para que, quanto mais íntimo eu seja de Deus, mais saberei e compreenderei a mim mesmo. E, assim, transformando-me em um homem novo e em uma pessoa melhor, eu seja plenamente feliz.
Com tudo isso, eu serei capaz de aceitar minha finitude, minhas misérias, fraquezas e, consequentemente, reconhecer que necessito de Deus.
Verdadeiramente nos conheceremos à medida que nos colocarmos na presença de Deus e conseguirmos olhar nos seus olhos para ali ver refletida a nossa imagem: “Olha para quem te olha”, diz Santa Teresa.
A busca por ajuda
Muitas vezes quando as pessoas procuram ajuda diante de seus dramas e crises existenciais, elas se desesperam com o que encontram, sentem-se incapazes de mudar e se entristecem ainda mais consigo mesma.
Uma autêntica e íntima vida de oração nos faz perceber a incapacidade de andarmos sozinhos.
Olhando nos olhos de Deus, nos veremos como Ele nos vê, e assim, poderemos então tocar nas nossas feridas, misérias, pecados sem medo ou constrangimento, porque encontraremos a misericórdia de Deus que nos faz aceitar o que somos e nos impulsiona a buscar a que somos chamados.
Santa Tereza ainda nos afirma: “Orar é ver verdades”. A vida de oração levá-nos a ver como Deus nos vê, lança luzes em nossas trevas e traz para fora toda potência de nossa filiação.
Somos filhos de Deus, amados por Ele com um amor devorador, que nos impulsiona a querer sermos autênticos filhos seus. Unidos a Ele somos capazes de nos transformar dia a dia e sermos cada vez mais sua imagem e semelhança.
“Ora, é desatino pensar que havemos de entrar no céu sem primeiro entrar em nós mesmos a fim de conhecer e considerar nossa miséria, os benefícios de Deus e pedir-lhe muitas vezes misericórdia”, Santa Teresa de Ávila.
Jaqueline Moreira
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator
Respostas de 4
Muito obrigada ! Me sinto cada vez melhor com direcao de vcs.