As virtudes
Falar sobre as virtudes é falar sobre algo muito próprio de todo ser humano. Segundo o Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1803: “A virtude é uma disposição habitual e firme para fazer o bem. Permite à pessoa não só praticar atos bons, mas dar o melhor de si. Com todas as suas forças sensíveis e espirituais, a pessoa virtuosa tende ao bem, o procura e o escolhe na prática”.
Nós temos as virtudes teologais, que “são infundidas por Deus na alma dos fiéis para torná-los capazes de agir como seus filhos e merecer a vida eterna” (CIC 1813), que são a fé, a esperança e a caridade. Além disso, temos as virtudes cardeais ou humanas, que são “adquiridas pela educação, por atos deliberados e por uma perseverança sempre renovada com esforço, são purificadas e elevadas pela graça divina” (CIC 1810), que são a prudência, a justiça, a fortaleza e a temperança.
A prudência
“A prudência é a virtude que dispõe a razão prática a discernir, em qualquer circunstância, nosso verdadeiro bem e a escolher os meios adequados para realiza-lo” (CIC 1806). É a virtude que nos faz agir de um modo mais pensado, racional e de maneira mais consciente.
Mas o que eu devo levar em consideração para tomar uma atitude prudente?
Santo Tomás de Aquino explica que, a atitude prudente , se realiza a partir de três passos: reflexão, juízo e decisão. Para a reflexão, precisamos ter momentos concretos e habituais na vida para isso. A oração, o exame de consciência e boas leituras são importantes meios que podem nos ajudar a exercitar uma boa reflexão. Quanto ao juízo, precisamos fazer, por exemplo, uma avaliação do que é moralmente melhor ou bom e julgar quais são as nossas prioridades, utilizando a razão iluminada pela fé. Por último, a decisão, ou seja, não cair na cautela medrosa e ter constância no esforço, mesmo que custe muito. Em outras palavras, não seria uma boa ideia substituir a reflexão e tomar atitudes a partir de nossas emoções e interesses, ou mesmo não tomar nenhuma decisão, com medo de não acertar e deixar-se levar por um cômodo abstencionismo.
Filhas da prudência: a consciência e a ordem
A consciência
“A consciência é o núcleo secretíssimo e o sacrário do homem, onde ele está sozinho com Deus e onde ressoa sua voz” (CIC 1776).
Levando em consideração os passos da prudência, Francisco Faus explica que a consciência se relaciona com o segundo passo: o julgar. A consciência julga se nossos atos são bons ou maus, moralmente certos ou errados, ou seja, ela vai iluminar as atitudes que vamos tomar. Pode ser que a nossa consciência não seja bem formada, o que acaba fazendo com que tomemos atitudes erradas ou ruins, então é preciso observarmos com atenção.
Também não devemos tomar atitudes segundo o que achamos ou sentimos. A consciência “Julga, portanto, as escolhas concretas, aprovando as boas e denunciando as más. Atesta a autoridade da verdade referente ao Bem, de quem a pessoa humana sente-se atraída e acolhe os mandamentos. Quando escuta a consciência moral, o homem prudente pode ouvir a Deus, que fala” (CIC 1777).
A ordem
Segundo Francisco Faus, a virtude da ordem consiste em decidir-se livremente a “pôr a vida em ordem” e a empregar os “meios adequados” para tanto.
A virtude da ordem possui algumas dimensões, às quais devemos estar atentos, por exemplo, ordem dos valores, dos deveres, no tempo e material. A ordem dos valores consiste na hierarquia das prioridades em nossas vidas. Em uma ótica cristã, em primeiro lugar deve ser Deus, depois os outros, e por último o “eu”. Na ordem dos deveres, devemos ter a consciência de que o nosso primeiro dever deve ser em relação a Deus, depois em relação à família, se somos casados; depois em relação aos deveres profissionais, e, por último, aos deveres sociais. Em relação à ordem no tempo, vem a organização do nosso tempo. E para isso precisamos de planejamento. Para finalizar, temos a ordem material, que é a ordem com relação às nossas coisas materiais.
Como adquirir a virtude da prudência?
Não só a virtude da prudência, mas as outras virtudes humanas também, como mencionado no Catecismo da Igreja Católica, parágrafo 1810, são “adquiridas pela educação, por atos deliberados e por uma perseverança sempre renovada com esforço”. Nessa perspectiva, podemos concluir que é importante nós buscarmos o conhecimento, nos formarmos e até mesmo podemos imitar pessoas santas. Devemos também ter atos conscientes e perseverarmos sempre, com esforço, pois muitas vezes nossos planos podem não dar certo, mas não podemos desistir.
Que Deus nos abençoe e nos fortaleça na conquista de nossas virtudes.
Camila Martins
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator