“Você tem que fazer alguma coisa, ajuda as pessoas, você é bom nisso, faça alguma coisa!”. Essa é uma fala do filme “o impossível”, é um filme baseado em fatos reais, retrata as experiências de uma família durante o caos gerado por um tsunami, com cenas marcantes, que poderiam ser assunto para muitos textos, mas quero me deter apenas nesse trecho, que está próximo do minuto 45’.
O contexto dele é que após a água ter invadido e alagado toda a região, mãe e o filho mais velho vão enfrentar situações desesperadoras para se manterem vivos. Foram socorridos e levados ao hospital. A mãe estava acamada, e o filho que devia ter uns 13 anos ao lado dela; no hospital haviam muitas pessoas bem machucadas, pessoas inclusive não identificadas, um verdadeiro caos após o tsunami.
Em determinado momento a mãe olha para o filho e diz: “Lucas, olha para esse lugar, todo mundo está ocupado, você tem que fazer alguma coisa, ajuda as pessoas, você é bom nisso, faça alguma coisa, qualquer coisa!”. O menino começou a pensar e foi, olhava as fichas, pegava os nomes, conversava com as pessoas e tentava achar os parentes das vítimas. Correu por todo o hospital, ajudou um pai a encontrar seu filho.
Essa cena diz muito ao meu coração, em meio à tristeza, ao medo e até mesmo ao desespero, o menino mesmo com pouco conhecimento ao ouvir o apelo da mãe, ele sai disparado, como dizem: “de pronto”, e vai! Tenta, dentro das limitações e conhecimentos dele, ajudar de alguma forma, e assim faz.
Houve ali uma escuta e uma resposta.
Escutou a mãe, e respondeu através da ação. Ali, ele estava diante de uma escolha. Poderia paralisar nas suas misérias (medo/tristeza/desespero) ou dava um passo de confiança e se lançava, correndo o risco inclusive de voltar e não encontrar sua mãe, que foi o que aconteceu. Mas, ali a mãe era a voz da sabedoria para ele, o menino era bom, bom para sua família, bom para os outros e entendendo sua capacidade e apostando nela a mãe, que o conhecia bem diz: “ vai filho, você é bom!” Podemos dizer e considerar essa voz da mãe, como a voz de Deus para nós. Quando Ele pede para irmos além, quando aposta em nós, Ele nos conhece melhor que nós mesmos.
Sugiro que você assista esse filme, mas assista com o olhar espiritual, se coloque em escuta. Quem sou eu ali, como eu agiria se fosse eu nessa situação?
Todos somos bons!
Uns mais outros menos. Mas, todos somos! A começar que somos filhos de um Pai que é bom, e na sua criação viu que tudo era bom. O livro de Gênesis 1, 1-31 relata isso:
- “Deus viu que a luz era boa, e separou a luz das trevas”. “Deus chamou ao elemento árido terra, e ao ajuntamento das águas mar. E Deus viu que isso era bom”. “Deus disse: “Produza a terra plantas, ervas que contenham semente e árvores frutíferas…E Deus viu que isso era bom””. “Deus disse: “Façam-se luzeiros no firmamento do céu para separar o dia da noite. E Deus viu que isso era bom””. “Deus disse: “Pululem as águas de uma multidão de seres vivos, e voem aves sobre a terra…produza a terra seres vivos segundo a sua espécie: animais domésticos, répteis e animais selvagens…e Deus viu que isso era bom””. “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher”.
Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom.
Tudo isso para lhe mostrar o quanto você é amado, e o quanto você é capaz de fazer o bem. Pois o homem e a mulher foram criados para reinar sobre toda a criação, diz a Palavra do Senhor, no versículo 26 de Gênesis. Deus os capacitou de sabedoria, inteligência, onde podemos usá-la para o bem. E principalmente em momentos como esse do filme, em necessidades. Isso sem contar que depois que o menino voltou, ele não encontrou a mãe, que desespero. Mas, depois deu certo, ele encontrou a mãe, foi preciso confiar.
E assim acontece conosco, é preciso confiar em Deus.
Olhe para sua realidade, você pode pensar assim: “poxa, queria tanto ajudar isso ou aquilo, mas a minha rotina me consome, eu não tenho tempo, eu não consigo…”.
O convite que te faço é que você OLHE AO REDOR, olhe para você, suas capacidades, seus dons, encontre uma forma de transbordá-los em prol do outro. Pode ser de inúmeras formas, a exemplo do filme, você pode começar com as pequenas coisas, o menino não conseguia ajudar de forma prática no socorro dos feridos, mas ele ajudou da maneira que conseguia.
Se você é cabeleireira, e não puder passar o dia em uma ação cortando cabelos, abra um horário na sua agenda durante o mês, na semana para cortar o cabelo dos mais carentes. Com isso você estará fazendo o bem, e recebendo a partilha de vida dessa pessoa. Se você trabalha com informática, ajude seus pais e familiares com as necessidades que eles possuem. Se você gosta de conversar e tem paciência para ouvir, faça uma ligação durante seu dia para alguém que não conversa há algum tempo. Saiba que tudo o que fizer será um bem para o outro, mas muito mais para você, porque seu coração se dilatará para o amor!
Sigamos o exemplo do menino Lucas, saiamos em disparada para ajudar o outro.
Deus te abençoe!
Ariele Castilho Russo
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator