Quem é que não precisa de uma boa dose de mansidão? Talvez você não saiba ainda, mas a virtude da mansidão pode lhe salvar de várias situações difíceis em seu dia a dia. Quantas vezes você foi considerado o “esquentadinho” da turma ou o “pavio curto”? Infelizmente, quando somos dominados pela ira, descontamos nossa raiva e indignação nas pessoas que estão à nossa volta.
Autodomínio
A boa notícia é que não precisamos viver sempre no limite, prestes a explodir. É possível moderar a paixão da ira com o auxílio da virtude da mansidão que faz parte da virtude da Temperança: “A virtude que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade.” (CIC 1809)
O Catecismo da Igreja Católica vai dizer que os sentimentos são componentes naturais do psiquismo humano, o qual garante a ligação entre a vida sensível e a vida do espírito (CIC 1764).
“Os grandes sentimentos não determinam nem a moralidade nem a santidade das pessoas; são o reservatório inesgotável das imagens e afetos com que se exprime a vida moral. As paixões são moralmente boas quando contribuem para uma ação boa, e más, no caso contrário. A vontade reta ordena para o bem e para a bem-aventurança os movimentos sensíveis que assume; a vontade má sucumbe às paixões desordenadas e exacerba-as. As emoções e os sentimentos podem ser assumidos pelas virtudes ou pervertidos pelos vícios”. (CIC 1768)
Magnanimidade
E percebemos o quanto Jesus ensinou e testemunhou isso para seus discípulos. Em suas pregações, Ele mostrou que precisamos revidar o mal não com a vingança, mas com magnanimidade. Temos uma escolha, podemos transformar a potência da nossa ira em atitudes boas.
“Tendes ouvido o que foi dito: Olho por olho, dente por dente. Eu porém vos digo: não resistais ao mau”. (MT 5,38); “Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos perseguem”. (MT 5,44); “Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração e achareis o repouso para as vossas almas”. (MT 11, 28-29)
Mansidão
Para por a virtude da mansidão em prática, primeiro temos que buscar o auxílio do Espírito Santo por meio da vida de oração. Pela intimidade com Deus e a vivência dos sacramentos, vamos nos deixando modelar, vamos tomando as atitudes e feições de Cristo.
Outro passo importante é praticar atos de autodomínio por meio das mortificações. “Onde não há mortificação, não há virtude” (Caminho, n.180). São Paulo também vai dizer: “Não te deixes vencer pelo mal, mas triunfa do mal com o bem” (Rm 12, 21).
Para isso, ao longo do nosso dia, precisamos estar atentos às situações: “dizer a palavra acertada e não a palavra ardida sobre a ferida; corrigir com amor, ter um sorriso amável para quem incomoda; calar ante a um mal entendido; manter conversa afável com os maçantes e os inoportunos; não dar importância a um pormenor ou aborrecimentos causados pelas pessoas que convivem conosco; evitar reclamações e comentários negativos”¹.
Um ponto essencial é a humildade. “Ter razão não é motivo para irar-se com as pessoas nem para ficar com raiva delas. Procure gravar essa verdade: ninguém foi ao céu por ter tido razão. Pelo contrário, por ter compreendido, perdoado, corrigido do modo certo e ter ajudado, muitos se salvaram”².
Vamos juntos lutar pela santidade! Deus o abençoe!
Andressa Aparecida da Silva
Consagrada da Comunidade Pantokrator
Referências:
- A Conquista das Virtudes, Francisco Faus, pg 194
- Idem Ibidem, pg 195