Diante deste assunto, muitos chegam atraídos pelos ensinamentos de beleza, pois ultimamente tem-se utilizado a palavra “vaidade” relacionada à auto-estima, ao cuidado de si, o que é muito positivo. Outros, conhecendo o sentido negativo da palavra, chegam atraídos justamente pelo desejo de não vivê-la (e para isto, buscam maior conhecimento no assunto).
O QUE É A VAIDADE?
Considerada um dos sete pecados capitais (isto é, que encabeçam outros), a vaidade é o desejo de glória para si, contrapondo-se à Glória de Deus. Sabe aquele desejo de receber elogios, de “brilhar”? Quando acatamos este desejo e nos deixamos ser movidos por ele, colocando em prática todos os caprichos que nos “sugere”, vivemos a vaidade.
Ela pode se dar no âmbito físico, intelectual, no fazer e até mesmo quando contemplamos as virtudes que alcançamos com o auxílio de Deus (campo espiritual)! Precisamos ficar atentos, pois facilmente nos enganamos: belíssimos feitos podem ser movidos pela vaidade.
Desta forma, achamos que estamos sendo agradáveis a Deus por aquelas ações tão lindas… mas, se o que nos move é o desejo de reconhecimento (mais do que o amor à causa empreendida), estamos cometendo um grande pecado! “Vaidade… com certeza é o meu pecado predileto!” (Frase de Al Pacino, ao interpretar Satanás no filme “O Advogado do Diabo”).
DESDOBRAMENTOS
Os vícios “encabeçados” pela vaidade, segundo São Gregório Magno, são:
1) Vícios Diretos:
1.1) Jactância: Desejosa de receber louvor, a pessoa fica falando para todos sobre suas virtudes, condutas, conquistas, valentia – que muitas vezes nem possui. Ama comparar-se com aqueles que não possuem tais qualidades;
1.2) Anseio por novidades: Em busca de inovação (o que em certo ponto é bom), a pessoa pode cair nos excessos, ou “tropeçar” em outros pecados. Exemplo: quando se trata do serviço a Deus, pode-se desrespeitar o próprio Deus com “novidades” que não cabem ao momento;
1.3) Hipocrisia: As famosas “máscaras”, quando a pessoa demonstra ser o que não é, ter o que não tem. O quanto isto está presente nas redes sociais! Inclusive na necessidade de demonstração de amizades! Quais são os verdadeiros amigos (aqueles da verdadeira intimidade)? São todos os que estão marcados nas fotos? Por que as declarações precisam ser sempre expostas ao mundo?
2) Vícios Indiretos:
2.1) Teimosia: Obstinação pela sua verdade. Geralmente a pessoa é de fato inteligente, mas não se abre a acolher a opinião alheia, mesmo que aquela seja melhor, ou, no mínimo, sensata;
2.2) Discórdia: “Falta de acordo”. Obstinação pela sua vontade, não se esforçando para conciliar com a dos que estão à sua volta.
2.3) Disputa: Agir com rivalidade, gerar polêmicas, fazer questão de brigar. Exemplo: Diante da situação política, muitos agem mais movidos pela vaidade da disputa do que pelo real desejo de conscientização do próximo. Isto também acontece com a religião. Tem-se reduzido a própria fé como se fosse um emblema de time de futebol, onde os “vencedores” se gabam de vencer tal disputa, “vaiando” os “perdedores” daquela “partida”.
2.4) Desobediência: não se “sujeitar” a executar o que outro alguém pediu ou ordenou. “Afinal, eu sou mais eu!”
A VAIDADE DA “NÃO-VAIDADE”
O subtítulo pode parecer estranho, mas de fato existe aquele que se gaba de “não ser vaidoso”. Ele não percebe que o próprio fato de se gabar já é uma vaidade! Pessoas assim buscam o pior em tudo, vivendo a falsa humildade, para desfrutar deste “louvor”. Confundem os conceitos, pois o oposto da vaidade não é buscar o pior em tudo, e sim, ordenar tudo para a Glória de Deus!
O QUE DEVEMOS BUSCAR
Como Jesus disse: “Vigiai e orai para que não entreis em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca”. (Mt 26,41) Se nós estivermos sempre atentos ao que nos move diante de cada gesto e escolha, isto já representa um passo muito grande na luta contra a vaidade. Quando a detectamos como fonte de nosso agir, ainda há tempo para renunciar à ação em si, ou de purificar as intenções (mesmo que através de uma breve – mas sincera – oração).
Vimos no subtítulo sobre a “não-vaidade” que não se trata de buscarmos o pior em tudo. A nossa beleza, inteligência, virtudes e boas condutas podem ser fontes para glorificar a Deus! É tudo questão de buscarmos as retas intenções no nosso viver.
“(…) Considerai como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam. Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles”. (Mt 6,28b-29) Vejam! A beleza dos lírios glorifica a Deus! Pois, ao vê-los, nós reconhecemos que tal beleza vem do Criador – e não dos lírios por si só.
Sendo assim, buscarmos o melhor em tudo, “sonharmos alto”, permanecendo sempre na companhia de Deus, que é a virtude da Magnanimidade, é uma fonte de cura para a vaidade.
A magnanimidade deve ser acompanhada da humildade (virtude que nos ajuda a reconhecermos nossas verdades). A humildade nos fortalece diante de críticas pesadas (pois nos devolve o que há de positivo em nós); ao mesmo tempo, nos ajuda a não nos gabarmos frente aos elogios, pois através dela, temos a consciência de nossas verdades menos desejáveis.
O Espírito Santo seja nosso Guia diário para avaliarmos em que momentos devemos buscar o “brilho” (que reflete a Glória de Deus) ou o escondimento (que nos protege das vanglórias humanas e resguarda o que é belo somente entre nós e Deus).
Ao mesmo tempo em que coisas “nobres” aos olhos de Deus podem se transformar em pecado quando contaminadas de vaidade, tendências ao pecado podem se transformar em santidade, quando imbuídas de virtudes!
Luiza Torres
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator