O ministério Petrino, ou o ministério de ser Pedro, é esse serviço singular, de pastorear o povo de Deus, que Pedro recebeu do próprio Senhor com o tríplice legado de Jesus sobre ele “apascenta os meus cordeiros.” – Jo 21, 15-19. Também é importante outros trechos bíblicos que fundamentam esse primado de Pedro sobre os apóstolos e toda a Igreja:
– “ Feliz és Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne e nem o sangue que te revelou isso, mas meu Pai que esta no céu” Mt 16, 17
– “Tu és Pedro e sobre essa pedra edificarei a minha Igreja” Mt 16, 18
– “Roguei para que tua fé não desfaleça, e tu, por sua vez, confirma os seus irmãos” Lc 22, 32
O príncipe dos apóstolos
Fica claro que Pedro foi escolhido pelo próprio Jesus para pastorear e governar a Sua igreja e ele, Pedro, goza de uma assistência especial do Espírito Santo, sem a qual, seria impossível qualquer homem exercer esse digníssimo ministério. Quem poderia pastorear a Igreja em nome de Jesus? Que homem sobre a face da terra teria condições para isso? Para evidenciar que a glória é de Deus e a graça de Seu Espírito, desde o início foi escolhido alguém que não gozava de notáveis prerrogativas humanas, e Jesus é claro da proclamação de fé de Simão: “Não foi a carne e o sangue (não foi sua condição humana) que te revelou isso, mas meu Pai que está nos céus (a graça de Deus sobre você)” Mt 16,17.
Quando se fala de ministério petrino o que importa não é tanto as qualidades do homem escolhido, mas a legitimidade da escolha, pois se é legítimo sucessor de Pedro toda a graça petrina estará sobre esse homem tornando-se o novo Pedro, Papa, do povo de Deus. Lembremos que Pedro não era o nome daquele apóstolo escolhido, seu nome é Simão. Pedro é, por assim dizer, o nome do ministério, o nome da graça que ele assumiu e que é transferido para todo aquele que lhe sucede.
A sucessão do ministério petrino é uma tradição marcande na história da Igreja. Se voltarmos na história do atual papa Francisco, passando por todos os papas, chegaremos a Pedro. Essa é a sucessão do bispo de Roma. O papa é o bispo de Roma, pois Pedro foi o primeiro bispo de Roma. É preciso notar que não foi Pedro que evangelizou Roma em primeiro lugar, foi sim Paulo. Paulo chegou a Roma muito antes de Pedro. Somente mais tarde Pedro vai a Roma e passa a pastorear essa comunidade. Lembremos que Roma era a sede do Império Romano na época e que Jerusalém vivia sob graves crises políticas e religiosas que iria levar, no ano 70 dC, à invasão chefiada pelo general Tito, filho do Imperador Vespasiano, que culminará na destruição de Jerusalém. Muito significativo é o fato de Pedro, assim como Paulo, ter entregue definitivamente sua vida a Cristo no ano de 64 dC, sob o perfume do martírio (Paulo decapitado, Pedro crucificado de cabeça para baixo), justamente em Roma.
Uma prova histórica disso é a descoberta arqueológica recente que confirmando a tradição, prova que Pedro foi sepultado no lugar que fica sob o altar principal da basílica de São Pedro. Ali era um antigo cemitério sobre o qual o imperador Constantino edificou uma Igreja no século IV em honra a Pedro, a antiga basílica de São Pedro. Geograficamente, o lugar escolhido por Constantino para construir a basílica era muito inadequado. Mas ele escolheu ali, porque ali estava o sepulcro de Pedro. Esse é um testemunho significativo da importância de Pedro para a igreja de Roma.
A partir de Pedro os bispos de Roma começaram a gozar de uma autoridade superior em toda a Igreja. No início não tinham o título de papa, mas já gozavam de fato do primado de Pedro sobre a Igreja Universal. Vemos essa consciência na igreja primitiva em um curioso episódio datado do ano 90 dC. Uma comunidade nas proximidades de Éfeso estava em crise sob sérias questões a serem resolvidas. O apóstolo João, que situava-se em Éfeso, ainda era vivo, mas é ao então bispo de Roma – Clemente, que aquela comunidade vai se dirigir para que esse resolva a questão. É significativo que aquela comunidade não busque um dos apóstolos, aliás próximo a eles e o último vivo, mas sim a um sucessor de Pedro, demarcando a autoridade e primado que esse gozava desde os primórdios da história da Igreja. Frases como essa de Santo Agostinho, ainda no século V, também confirmam a tradição do primado do bispo de Roma: “Roma falou a causa encerrada está”.
O papa é Pedro! E quem é Pedro? Pedro é Simão, filho de Jonas, é homem como todos nós. Homem que teme as tempestades, nega o senhor, peca e até O escandaliza cf Mt 16, 23, mas Simão não é mais apenas filhos de Jonas, agora é Pedro.
Pedro é o homem da graça que, como uma pedra inanimada – Pedro vem do grego Kephas que significa pedra – atirada das mãos de alguém atinge seu destino. Pedro é homem que nas mãos de Deus é guiado pelo Seu Espírito para atingir os vários fins da Divina Providência, assim como aquela pedra que atirada da funda de Davi derruba o gigante Golias.
Pedro é o Homem da Verdade que diante de tantas confusões doutrinárias nas questões de fé e moral, assim como na imensa confusão sobre a identidade de Jesus de seus contemporâneos – “ e vós, quem dizeis que eu sou?” pergunta Jesus aos discípulos, é aquele que se levanta para defender a Verdade: “Vós sois o Cristo, o filho do Deus vivo” Mt 16, 16.
Pedro é o homem da fidelidade a Cristo que diante de uma Verdade Divina, às vezes, tão dura aos homens e recusada por muitos, se levanta para proclamar sua fidelidade diante dos homens: “A quem iremos Senhor se só tu tens palavras de vida eterna” Jo 6, 68.
Pedro é tanta coisa em Cristo! Mas, sobretudo Pedro é chefe da Igreja e pastor das ovelhas de Cristo, pois foi a ele que Jesus, em seus últimos momentos antes de voltar ao Pai, confiou suas ovelhas – “Apascenta minhas ovelhas” Jo, 21,15-19. Se quisermos ser ovelhas de Cristo temos que estar no redil de Pedro, a Igreja Católica Apostólica Romana, pois é ela que guarda a sucessão apostólica e o ministério petrino.
Pedro é o bom Cristo na terra, como dizem os santos. Se quisermos olhar a Cristo olhemos a Pedro, se quisermos ouvir a Cristo ouçamos a Pedro, pois Jesus disse a ele e os apóstolos: “quem vos recebe a mim recebe, e quem me recebe, recebe o que me enviou” Mt 10, 40. Quantos querem a Cristo, falam de Cristo e negam a Pedro? Que contradição!
Uma criança quando nasce não analisa a mãe para se entregar a ela. É sua mãe e isso basta, e sob o instinto filial busca imediatamente seu seio. Não importa se é Karol Woltyla, se é Joseph Ratzinger, se é Jorge Mario Bergoglio. Importa ser criança, e beber do leite que o Espírito nos dá através de Pedro, o leite da Verdade.
André Luis Botelho de Andrade
Fundador da Comunidade Pantokrator

Ser forma de vida comum me faz experimentar o céu
Deus, em sua infinita bondade, chama cada um de nós a uma vocação específica. No meu caso, Ele me concedeu um carisma e uma maneira
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