Desde quando fui criada e sonhada por Deus, eu passei a ter um chamado, a missão de vida que Deus me deu a partir daquele consentimento, o que Ele me capacitou ou habilitou para fazer no mundo. O bonito do chamado é que não temos capacidades próprias para fazer, mas Cristo nos capacita para que isso seja feito. Meu chamado foi muito simples, embora tenha sido pouco aceito no início, mas quando é chamado de Deus, Ele não desiste nunca e sempre dentro do seu coração ficará um incômodo daquilo que é realmente a vontade de Deus. Isso aconteceu comigo por muitos anos até eu realmente aceitar que Deus me chamava a ser diferente, a ter uma intimidade verdadeira com Ele, e viver intensamente. Venho de uma família muito humilde e desde pequenos minha mãe sempre nos direcionou aos caminhos de Deus, levando a gente para missas, na catequese, até que pudéssemos criar nossa fé. E eu louvo muito a Deus por ela ter feito isso. Quando adolescente, eu desejei fazer o crisma, para confirmar a minha fé, e foi quando conheci uma dessas comunidades novas, da Renovação Carismática.
O chamado de Deus
A partir daí eu tive um encontro pessoal com Deus, o despertar começou quando eu estava em um encontro dessa comunidade, e senti profundamente Deus me chamando a viver uma vida consagrada a Ele, e somente para Ele, de uma forma muito diferente daquilo do que eu vivia, o chamado à radicalidade, que eu não entendia muito. Na época, eu em meio às minhas euforias, fiz um caminho vocacional, porque buscava incessantemente preencher todo o meu coração, e nesse caminho eu me sentia sufocada diante das circunstâncias daquilo que Deus me pedia, não tinha muita maturidade e não me conhecia suficiente para dar continuidade. Então, não aprofundei nesse discernimento vocacional. Muitas coisas aconteceram ao longo dos tempos, eu me afastei muito dessa comunidade, e passei a viver uma vida mundana, e ao mesmo tempo na igreja, mas algo ainda me incomodava, porém eu ignorava o tempo todo. Servia a Deus em algumas atividades da igreja, mas nada me preenchia, assumia diversos serviços e mesmo assim me sentia vazia, nada era o suficiente, e sempre me questionava a Deus sobre tudo isso, e por que o Senhor me incomodava tanto com essa consagração, e com esse desejo de ser diferente, por que no meio de tantas amigas minhas eu era chamada a viver assim na santidade.
Vocação designada por Deus, prática de felicidade!
Depois de tantos questionamentos sobre o que era esse vazio, sempre Deus me revelava essa promessa Dele pela vida religiosa, na busca de encontro de Deus, nessa sede de ser de Deus e Dele somente. Em agosto de 2015, eu mudei de estado, e foi quando eu conheci a Comunidade Católica Pantokrator. E na comunidade, veio logo à tona sobre o chamado, sobre vida consagrada, sobre a radicalidade que o Senhor me chamava desde 2003. Porém, novamente em meio a tantos conflitos e mágoas sobre vida consagrada, experiência com Deus e tudo que Ele deseja para minha vida, no começo, eu resisti a viver isso. Eu tinha um desejo muito forte de servir a Deus, sentia muito forte a presença de Deus, mas não compreendia o quanto isso era forte, e me sentia insegura. Em um retiro que fiz na Comunidade Católica Pantokrator, eu sentia Deus me amando, mas com um amor diferente, amor ciumento e devorador. Foi nesse encontro que o Senhor me chamava a dar mais um passo de confiança e fidelidade para ser Dele. A partir disso, fiz um processo vocacional por mais uma vez, só que dessa vez eu dei importância para aquilo que Deus me chama a viver.
O chamado é a maior força interior que um homem ou mulher pode ter para avançar diante dos problemas da vida, muitas vezes, é no chamado que você consegue vencer as adversidades, que irão acontecer na sua caminhada, que não são fáceis. Existem muitas batalhas, exige muitas renúncias, mas só Deus nos dá a graça por meio da nossa abertura e intimidade com Ele. Fugir do seu chamado é como se você fugisse do próprio Cristo, porque Ele nos fez dignos de ser filhos, imagem e semelhança Dele e de testemunhar isso ao mundo – esse é o nosso chamado.
O Apóstolo Paulo nos ensina que existe uma longa carreira pela frente, e eu só vou poder guardar a minha fé, cumprir com a minha carreira, se eu for fiel ao que Deus me chamou. Quando você descobre o seu chamado, e aceita viver e sabe valorizar, temos a felicidade em Cristo e Ele se alegra com isso. Cada dia que estou fazendo o meu chamado acontecer, cumprindo com o que Deus sonhou para minha vida, eu estou buscando a vontade do Pai. E Deus vai fazendo cumprir tudo de sobrenatural na minha vida, enquanto eu trilho o caminho da santidade até chegar ao céu.
Fransbiane Jesus da Silva
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator
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