A televisão e o mundo tecnológico trouxeram benefícios inquestionáveis a nós. Contudo, o uso inadequado deles tem configurado uma cultura da superficialidade e do impacto. Pela televisão, internet e periódicos, é fácil obter informações sobre os diversos assuntos, mas geralmente essas informações são imprecisas, incompletas e muitas vezes tendenciosas para os interesses de quem informa. Nos assuntos que tenho um pouco mais de conhecimento, como odontologia e religião, percebo claramente isso. Dificilmente a informação é realmente satisfatória.
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Isso vai modelando uma cultura da informação rápida, mas superficial. O grave é que a pessoa se sente informada e conhecedora do assunto, sendo que na verdade ela tem uma visão simplória da questão. Exemplo típico foi a onda de surgimento de historiadores anticlericais após o filme “Código da Vinci”. Um sujeito que nunca estudou história da Igreja, que não conhece suas estruturas, seus documentos e tradições, saia do filme dono da verdade sobre a Igreja Católica. Nada mais patético.
Mas não se trata somente de ser ridículo; isso modela uma geração facilmente manipulável. Alguém que se informa superficialmente e se sente na condição de tirar conclusões e no direito de fazer críticas, é uma presa fácil. Facilmente um aliciador ideológico faz dessa pessoa um militante de sua ideologia.
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Unido a outros fatores sociais, outra característica que vai se modelando é que a informação deve passar por uma imagem ou frase de efeito. A capacidade desses meios de se comunicarem com esses elementos, vai modelando os ouvintes e leitores a dar crédito a informações que chegam somente sob essas características. O pior é que os meios de informação, para obter a atenção das pessoas, abusam desses efeitos, ao ponto de muitas vezes fabricarem ou deformarem a informação para dar à notícia, à matéria, à palestra, à propaganda, ao programa e filme essa característica impactante.
Cria-se a cultura do conhecimento subjetivo, ou seja, uma situação em que as pessoas se tornam incapazes de adquirir conhecimento fora desses padrões.
Geralmente, as questões mais verdadeiras, completas e reais são expostas de forma pouco atraente. Os “viciados em efeitos” são outros tantos vulneráveis, porque engolem sem crítica informações e conteúdos que chegam sob uma oratória atraente, sob um roteiro de impacto, ou sob uma imagem que emociona.
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Objetividade e impacto são características marcantes na comunicação da pós-modernidade. Em si mesmo, são uma virtude. Tornam-se um problema quando, da parte de quem faz ou de quem recebe, traduzem-se em superficialidade e subjetividade. Sob o lema de que é necessário criticar e com um grande conhecimento, porém superficial, o alienado pós-moderno é um ignorante cheio de opinião. Então, cuidado, se você é daqueles que somente buscam informações rápidas e fáceis e só consegue se deter em coisas de efeito: você talvez esteja se tornando um alienado pós-moderno. Logo será dono de verdades fáceis e terá satisfação em criticar as estruturas. O indicado nesse caso será o silêncio, porque é melhor um sábio quieto que um tolo falante.
André Luis Botelho de Andrade
Fundador e Moderador geral da Comunidade Pantokrator
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Infelizmente esse texto traduz uma grande verdade. A internet com suas informações fáceis, porém incompletas tem criados conceitos errados na cabeça do povo.
Sobre a questão da Igreja, o grande problema é a falta de estudo dos católicos.
No dizer do Pe. Zezinho, “o problema número um da nossa igreja continua sendo o estudo da fé. Aceitamos testemunhar nossa fé, mas raramente aceitamos estudá-la e aprofundar nossos conhecimentos. Preferimos o rosário entre os dedos ao livro sobre a mão. Preferimos dedilhar as contas do rosário a folhear as páginas da Bíblia e do Catecismo Católico. Um dia, isso mudará, mas somente quando todos tiverem entendido que Jesus é para ser amado e estudado!”
Com essa afirmação, ele não está afirmando que a oração não seja importante, mas que devemos estudar os documentos da Igreja com profundidade para melhor servir a Cristo e orar melhor.
Concordo com você Fernando Nery. A meu ver, o momento apropriado para se fomentar uma mudança seria nas missas dominicais. Os católicos, em sua grande maioria, não buscam outro contato com a Igreja fora das missas de domingo. Lá está o momento de lançar a palavra. Convido nossos irmãos sacerdotes a abraçar a missão de anunciar a palavra na unção do Espírito durante suas homilias. A fé é aguçada pelos ouvidos. Após uma homilia pregada e cheia da força da palavra, abre-se um momento singualar (e põe singular nisso), para propor aos católicos a leitura do catecismo, a leitura do evangelho, algum curso que está sendo oferecido. Se isso fosse feito sistematicamente, não tenho a menor dúvida que surtiria um efeito avassalador. Homilia é tempo de pregação autêntica da palavra e não de crítica social vazia. Precisa ser preparada com estudo e oração.A própria frutuosidade na acolhida das graças decorrentes do sacrifício, da presença eucarística, seria outra.Nós leigos ” praticantes” também temos nosso papel em testemunharmos essa busca pela palavra de Deus revelada na Bíblia e ensinada pela Igreja. Mas venhamos e convenhamos, com muito amor e respeito, mas profundamente comprometida com a verdade, aos nossos irmãos sacerdotes eu digo: Èfeta!
Abraço a todos.