O silêncio é algo bem difícil de se viver nos dias de hoje! O mundo atual gira em torno do barulho! A poluição sonora invade as nossas vidas diariamente e fica quase impossível de conseguirmos silenciar.
A vida de hoje, e já faz algum tempo, realmente nos leva a um mover de atitudes diárias e de problemas constantes que nos dificultam a vivência silenciosa. São muitas situações que acontecem diariamente, que influenciam nossas atitudes e reações, criando muitas vezes um barulho não somente externo, mas também interno.
Temos constantemente o barulho dos carros, dos ônibus, das pessoas falando, dos aviões que passam, dos trens, das obras de construção, de alguém batendo um prego na parede, etc… Se eu for listar aqui a quantidade de barulho que existe, ficaria horas escrevendo. Acho que todos nós temos a consciência desses barulhos. E estes não sairão de nossas vidas. É preciso então buscar uma saída para conseguir viver o silêncio.
Para que o silêncio possa ser algo possível para nós, é necessário, verdadeiramente, buscá-lo em Deus! Se nossa alma é agitada, ou está agitada pelas situações vividas, é imperativo buscar esse silêncio. Não o silêncio que nos isola do mundo e nos faz viver o individualismo, mas o que traz paz!
Algumas pessoas, que por uma depressão (o que é muito comum acontecer, pois elas não sabem lidar com a própria dor) ou individualismo, ou ainda uma displicência social, vivem em seus mundos. Não fazem parte da vida de ninguém e nem se deixam ser tocadas por nada e por ninguém! Não é do silêncio individualista e sem comprometimento que estou falando. Não estou sugerindo esse tipo de vivência! Faço aqui uma proposta de um silêncio que vai tocar a nossa alma e nos transformar.
O silêncio é um meio de nos levar à um conhecimento maior de Deus!
O silêncio vivido com sentido é algo que provoca milagres em nossas vidas e nas vidas dos outros em torno de nós! O silêncio é fundamental para podermos viver uma vida espiritual equilibrada. Ele nos leva à uma conexão direta com Deus e nos faz escutar as moções do Espírito Santo, sendo assim nós recebemos a Graça do Espírito e podemos mantê-la viva em nós!
O silêncio é um meio de nos levar a um conhecimento maior de Deus! Por meio dele podemos acalmar nossa respiração. Aos poucos podemos silenciar os pensamentos, as preocupações… nos permitindo viver mais perto Daquele que tudo pode em nossas vidas!
Antes do pecado entrar na humanidade, o ser-humano podia viver uma comunhão completa com Deus, havia a percepção da Sua presença. Mas quando o pecado entrou em nossas vidas, essa comunhão foi rompida. Hoje, nós temos que nos esforçar bastante para vivê-la.
A rotina de hoje nos envolve de tal forma, que temos constantemente pensamentos, sentimentos e emoções que nos tiram da presença de Deus! E para que o silêncio possa acontecer de forma poderosa e nos purificar, é necessário dar passos concretos, atitudes diretas e eficazes.
Deus não nos fala na agitação e no barulho. Ele fala de maneira calma, doce, como um “murmúrio de uma leve brisa” (cf. 1Rs 19, 12). Deus está no silêncio! O Espírito Santo jamais poderá ser ouvido na agitação ou ativismo. É preciso se recolher, se acalmar e se abrir à graça que só Deus pode nos dar! É necessário silenciar o nosso interior barulhento e ouvir a voz de Deus ecoar em nossos corações.
Mas como podemos viver este silêncio? Como acalmar os pensamentos turbulentos e as emoções do dia a dia?
Segundo o Padre Paulo Ricardo, “A primeira forma de praticar o silêncio é fugir de conversas frívolas, já que “no muito falar não faltará o pecado” (Pr 10, 19). Por isso, nunca fale simplesmente por falar.” Ou seja, não fale sem pensar, ou sem ter algo de importante a dizer. Elimine essas conversas que não chegam a lugar nenhum e nem edificam.
As mídias sociais são excelentes “lugares” para se “dizer”, ou teclar, coisas desnecessárias e, me desculpem meu humilde parecer, até ridículas. Hoje se reclama de uma dor de dente, de um rompimento de namoro… Tem gente que vive postando reclamações dos seus próprios sofrimentos, e muitas vezes vivem um vitimismo que não as leva à lugar algum. Tudo o que acontece na vida das pessoas, elas sentem um impulso forte de partilhar e postar; é preciso que o mundo as ouça e veja o que estão passando.
A segunda forma sugerida pelo padre Paulo Ricardo é frear nossa língua quando sentimos vontade de reclamar, murmurar. Isso é um exercício exigente, difícil, mas quando conseguimos, o sentimento de vitória é libertador!
A terceira sugestão é: “podemos praticar o silêncio evitando compartilhar nossa opinião sobre qualquer assunto.” Nem tudo que acontece no mundo eu tenho que saber argumentar ou dar minha opinião. Guardar a própria opinião para si é uma maneira de aprender a viver o silêncio.
A quarta recomendação é: “podemos resistir à compulsão de preencher todo momento vago que surge com algum barulho”. Em momentos em que se está sozinho, tente não ligar o rádio, a TV, ou o celular. Principalmente o celular, que está invadindo nossos cérebros e tirando a nossa atenção de todo o resto. Quando estiver em um elevador, ou dentro de um ônibus, ou trem, faça a experiência de não ligar nada disso e de manter o silêncio para se encontrar consigo mesmo.
E a quinta maneira é manter o silêncio quando queremos criticar alguém. É muito fácil criticar os outros e pensar coisas a respeito deles, sem mesmo saber se o que pensamos vai de acordo com a realidade de intenção das pessoas. Só Deus conhece os corações! “A língua é um fogo, um mundo de iniquidade”, diz São Tiago. Ela “está entre os nossos membros e contamina todo o corpo; e sendo inflamada pelo inferno, incendeia o curso da nossa vida” (Tg 3, 6).
Temos que ter cuidado com o que falamos, pois muitos dizem que podemos usar a nossa língua de duas maneiras: ou abençoando ou amaldiçoando. As palavras têm poder de curar, mas também de destruir!
Sejamos pessoas sábias que buscam o silêncio diante da presença de Deus, e que através desses momentos únicos, sejamos tocados de maneira concreta, real e milagrosa! O silêncio pode salvar-nos de nós mesmos!
Que Deus nos abençoe e venha em socorro das nossas necessidades!
Leila Engels
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator