“Minha conversão foi há 17 anos atrás; desde então venho servindo na Igreja, será que ainda assim preciso de conversão?”
Falar de conversão pode nos remeter àquele momento marcado pelo encontro com Deus que nos levou a uma mudança de vida. Dentre outras coisas, o engajamento nas obras e serviços da Igreja passam a fazer parte desta vida nova. Então, será que o fato da pessoa já participar e servir, doando seu tempo em favor das obras de Deus, garante a conversão?
O Catecismo da Igreja Católica nos diz que a conversão nos coloca em combate “em vista da santidade e da vida eterna, a que o Senhor não se cansa de nos chamar”. Ou seja, a conversão faz parte de um movimento constante, não deve ser marcada por um único momento, um único encontro. Se o Senhor não se cansa de nos chamar, é porque sempre precisaremos responder.
Bem sabemos que, com o tempo, o fervor do primeiro encontro vai esmorecendo. Com a correria do dia a dia, a falta de tempo e o cansaço podem nos roubar a alegria e a determinação de servir a Deus. Corremos o risco de colocar tudo no piloto automático, perdendo o sentido e a graça que recebemos ao servir a Deus. Sendo assim, como manter a chama acesa? Como buscar esta conversão que deve ser constante, autêntica e viva?
Conversão diária
O “esforço da conversão não é somente obra humana. É o movimento do coração contrito atraído e movido pela graça para responder ao amor misericordioso de Deus, que nos amou primeiro” CIC § 1428. Desta forma, reconciliado com esse Amor, deve arder no nosso coração o desejo de mudança e nos colocar em atitude de movimento.
Neste sentido, os sacramentos vêm em nosso socorro. Buscar a confissão retoma nossa amizade com o Senhor; a comunhão nos aproxima Dele, nos permite tocá-Lo, e a busca constante da Palavra e a vida de oração nos permite conhecê-Lo e entrar em Sua intimidade. Munidos de todas as “armas” disponíveis aos cristãos, estamos prontos para a batalha.
Convertidos em todos os aspectos
É importante ressaltar que a conversão deve fazer parte de todos os âmbitos da nossa vida; não devemos ser cristãos convertidos somente enquanto servimos a Deus nas obras da Igreja. Assim como nossa evangelização deve ser constante, ou seja, no trabalho, na escola, na família, a conversão deve realizar-se na vida quotidiana.
Como? Através de “gestos de reconciliação”, reconhecer que erramos e pedirmos desculpas. Buscando a humildade, defendendo a justiça e suportando a humilhação. Pela correção fraterna, defendendo a Verdade. Buscando atos de caridade. Sendo dóceis à ação do Espírito Santo, não respondendo a nossos ímpetos. Tendo a sabedoria do momento de falar e de quando o silêncio se faz necessário.
“Todo o ato sincero de culto ou de piedade reavivam em nós o espírito de conversão” CIC§ 1437.
Vanessa Cícera dos Santos Ramos
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator