Todos querem ser livres, mas será que todos nós entendemos exatamente o que significa ser livre?
“Seja livre para fazer o que quiser!” Acredito que você já tenha ouvido essa frase em alguma roda de conversa, nas propagandas da TV, nas redes sociais… A palavra liberdade é comumente utilizada nos diversos contextos em que vivemos. O conceito de liberdade, atualmente difundido em nossa sociedade, está atrelado a agir da maneira como desejar, impulsionados pelos seus instintos e naquilo que acredita.
Grande parte da sociedade costuma dar mais valor para a liberdade expressa em rebeldias, aventuras, grandes atitudes. Para muitos a liberdade é não ter um relacionamento. Casamento nem pensar! Como seria eu livre tendo que cuidar de marido, filhos? Outros pensam que liberdade é fazer tudo que se tem vontade; alguns consideram que ser livre é não ter rotina, ser independente e outros acham que é ter muito dinheiro.
Nossa referência é da liberdade enquanto poder, ou seja, daquele desejo de ultrapassar limites. Somos levados a pensar que para aqueles que têm mais momentos de suposto prazer, relaxamento e êxtase certamente é a pessoa mais livre. Nesse sentido, quanto menos limites, restrições e regras, tanto maior é sensação de liberdade sentida pela pessoa.
Contudo, quando analisamos cuidadosamente, talvez essa parte, a de seguir os próprios impulsos, seja justamente o que nos faz viver numa prisão permanente, bem longe da tão almejada liberdade.
Você já pensou que a sua crença sobre ser livre pode ser uma grande ilusão?
Basicamente, ser livre é o contrário de ser prisioneiro. Concorda?
O QUE É “PRISÃO”?
De acordo com o dicionário Universal da Língua Portuguesa, Priberam, a palavra prisão vem do Lat. prensione ou prehensione. s.f., acto ou efeito de prender; captura; cárcere; cadeia; calabouço; encerramento, clausura; dificuldade nos movimentos; encargo; obstáculo; embaraço; obstipação, qualquer coisa que restringe a liberdade, aquilo que cativa o espírito ou o coração.
Em minha compreensão, concluo então, que prisão é quando não conseguimos parar de fazer algo, mesmo sabendo que aquilo nos faz mal. É quando estamos acondicionados a pensamentos, mentalidades, situações, pessoas, pecados, vícios e por aí vai.
Ao contrário que muitos pensam, ser livre não é fazer o que se quer, pois, na verdade, não estão sendo livres, mas reféns de qualquer vontade que brotar na cabeça. Em nome de uma falsa liberdade, muitas pessoas têm vivido oprimidas por seus sentimentos, obsessões, opressão sentimental, mentiras, pressões externas, influências do mundo e suas ideologias e uma série de outras coisas que tem afligido a alma e o espírito e os tornado prisioneiros em seu mundo interior.
O desejo de Deus para a nossa vida é a liberdade, não a prisão. Não fomos criados para viver em cativeiro, mas desfrutar da grande benção que é viver de maneira livre! A verdade sobre a libertação é que Jesus veio para libertar os cativos, conforme nos mostra Lucas 4, 18-19:
O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a Boa-Nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor.
VERDADEIRAMENTE LIVRE!
Abaixo, trago algumas reflexões de vida, inspiradas pelas minhas próprias experiências pessoais daquilo que entendo sobre o verdadeiro sentido de ser livre.
Ser livre é assumir responsabilidade por cada momento de seu viver, cuidando de suas escolhas da maneira mais autêntica possível, encarando as adversidades, a angústia de estar lançado em um mundo que não oferece nenhum tipo de garantia de sucesso ou felicidade. Essas conquistas vão depender da maneira como cada um constrói seu caminho para a realização de seus projetos e como cada um de nós assume o projeto de liberdade responsável em nossa vida, conduzindo nossa existência, porque “tudo me é permitido, mas nem tudo me convém”. (1. Cor. 6,12).
Ser livre é conhecer Jesus, buscando dia a dia ter intimidade com Ele. Quando conhecemos Jesus verdadeiramente, passamos a ser Seu reflexo e compreendemos quem realmente somos. E, se Ele é santo, queremos assim como Ele sermos santificados. Almejando por uma vida santa aqui nesta terra – quem é santo não vive preso a nada, não vive na prática do pecado, santifica as suas vontades e renuncia a tudo aquilo que não é agradável à vontade de Deus.
Ser livre é, em meio ao caos do cotidiano: a lida com o trabalho, os afazeres domésticos, escolher a alegria em vez da tristeza, a paciência em vez da raiva, a entrega em vez da colheita, o bom humor em vez da irritação, a disposição em vez do cansaço. É, nos pequenos detalhes cotidianos, responder com liberdade o chamado de Deus para as nossas vidas.
Ser livre é aderir à graça divina que nos é proposta e nunca imposta. Mediante a graça e pelo seu livre arbítrio, agirmos livremente e por meio dessa liberdade sermos autênticos no mundo. Confiando que a graça nos liberta de tudo o que possa nos alienar e escravizar. Cristo que é o grande libertador de todos os homens e em quem todo o homem experimenta a verdadeira liberdade. Ele é a Verdade que liberta o homem (Cf. Jo 8,32), doa-lhe seu Espírito de liberdade (Cf. 2 Cor 3,17) e mediante a graça nos chama a todos a ser verdadeiramente livres (Cf. Gal 5,13).
Ser livre é não se deixar ser moldado e influenciado pelos padrões impostos pelo mundo. A verdadeira liberdade consiste em aprender a amar como Cristo amou. Não com um amor egoísta centrado em si mesmo, mas na escolha de livremente amar ao próximo.
Vamos orar?
“Pai, eu sou tão grata pela Tua misericórdia e a Tua redenção. Mostra-me como exercitar a minha liberdade, ajudando-me a ficar longe das coisas que me escravizam. Amém!”
Érika C. Tartari
Postulante Comunidade Católica Pantokrator