Muitos se perguntam qual o sentido da vida, mas eu te pergunto: o que é vida? O que é estar vivo? Alguns podem responder que vida é um conceito amplo do decorrer do ser humano, é a força vital que tudo sustenta, é nascer, crescer, reproduzir e morrer, mas para nós seres humanos a questão se torna mais profunda – eu nunca vi uma vaca tendo crise existencial ou um macaco com planos para o verão que vem. Isso porque nós somos dotados de alma e espirito, temos a nossa razão e a nossa vontade conosco. Você pode montar um raciocínio e criar um cenário na sua imaginação, ligar as informações… isso nos torna únicos e semelhantes ao Criador.
Semelhança essa que nos conduz ao pensamento do ser, concluir que existimos; por mais que você ame o seu cachorrinho, ele não tem consciência disso, contudo isso nos difere dos animais. Somos porque Deus É! Ele cria e sustenta tudo em Seu Ser. Se Deus deixasse de pensar em nós por um milésimo de segundo deixaríamos de existir, pois não há como ser sem estar no Ser Dele. É confuso eu sei, mas a parte mais emocionante é agora nos darmos conta de que, de tudo o que é vivo, somente nós, humanos, temos a consciência de Deus. Você pode chegar até Deus mesmo não sendo nem um grão de areia perto Dele; nós somos livres para acolhê-Lo.
Se existimos Nele, então entendemos melhor a frase de São Paulo “viver pra mim é Cristo, morrer pra mim é ganho” já que você está totalmente imerso em Deus, mesmo que não queira, mesmo que isso nunca tenha te ocorrido – até o mais terrível dos assassinos é sustentado pela vida de Deus.
A liberdade e a escolha
Contudo, Deus é tão bom por Ele mesmo, que nos cria e nos sustenta por puro AMOR. Até o pior dos homens é amado por Ele e tem a chance de se arrepender e sentir de fato esse amor. Você, com a vida que Ele te deu e que Ele sustenta, é livre para decidir se quer corresponder a esse amor ou não. O criador do tempo e Senhor do universo te espera, pede pelo seu coração, Ele não te invade, não te obriga, mas, como uma mãe, observa de longe os passos dos seus filhinhos para assim que eles precisarem, poder ajudar. Acontece que nos esquecemos que temos um Deus que é como essa mãe, e vamos vivendo sozinhos e cansados, pois não nos abandonamos na Sua misericórdia.
Santa Tereza D’Ávila vai dizer ao Senhor “se mil vidas eu tivesse, mil vidas eu te daria”. Ela entendeu que a razão mais profunda do seu existir era amar e ser amada por Deus, que tudo o que ela poderia oferecer a Ele seria pouco – jóias, ouro, grandes poesias, nada disso tem valor, pois tudo já é Dele; a única coisa que não é de Deus é o seu coração, pois esse foi dado para que você, na sua liberdade, escolha por Ele. Quando Jesus encontra a samaritana no poço e diz “tenho sede”, Ele estava falando da alma daquela mulher; Jesus tem sede das almas, Ele tem sede de derramar todo seu amor em abundância sobre nós, porém nós tão fracos e tão lentos colocamos outras mil coisas como razão do nosso existir – sucesso, poder, fama, amores, sonhos.
Eu daria mil vidas ao meu Deus pois não há forma melhor de encontrar a verdade, a beleza tão pura, a justiça e a liberdade… o próprio Deus. Fiz uma experiência com a gratuidade desse amor; ao rezar a oração das horas, no momento da adoração me vinha a imagem de Cristo na Cruz, rendido de todos os Seus direitos, de toda a Sua glória, rendido em meio às misérias humanas, e Ele me dizia “Eu sou todo teu”. Quem é esse Deus que vem até as minhas misérias de braças abertos, pronto a me esperar? Como não me render também a Ele? Nada traduz mais do que o salmo que diz “minha alma tem sede de Vós, minha carne também vos deseja”… a verdade é que “desejo morrer de amor” como Santa Terezinha, e se possível, eu morreria mil vezes de amor, dando em todas as minhas vidas a água que irá saciar o meu Senhor da sede de ser amado livremente.
Juntos até o Céu!
Tayná Barbosa
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator