É muito comum termos um projeto de vida no qual nos empenhamos e colocá-lo em prática e isso é bem natural, mesmo sem nos darmos conta. Esse projeto de vida pode ser de forma implícita, como algo interior que excutamos sem uma exposição, ou explícita, quando o temos como foco constante e ele transparece para os outros. Sem ele nossa vida fica como que sem direção, as coisas não se encaixam.
Temos um projeto de amizades, de estudos, de família, de vida profissional, de viagens etc. Tudo o que buscamos, faz parte sempre de um projeto com um objetivo. Isso é muito bom e salutar.
Mas como integrar o santo Rosário nesses projetos?
No rosário, meditamos diretamente a vida de Jesus com a participação direta de Nossa Senhora e indiretamente de São José. São as etapas do projeto de salvação no qual Jesus assumiu diretamente.
Neste projeto, está presente a família de Nazaré, o trabalho de cada um, a missão e tudo mais. De maneira real e verdadeira nossa vida está escondida dentro desse projeto, nós somos a razão de tudo, foi feito para nós.
Ou seja, esse projeto foi sonhado pelo Pai para nós, nós também estamos dentro dele e só nos cabe encarná-lo, ou seja, fazê-lo se tornar presente e real em nossos projetos pessoais, pois assim, eles ganharão todo sentido.
Nossa vida precisa ser integrada com todas as partes unidas nos mistérios do Santo Rosário, senão nossa vida vive uma dicotomia do plano real do Senhor.
Nossa missão pessoal
Todos nós nascemos porque temos uma missão pessoal designada pelo criador que só pode ser executada por nós na nossa pessoalidade. Se eu não a realizar, ninguém a fará por mim. E esta missão está intimamente ligada a missão de Jesus e sua obra de redenção. Cada mistério meditado, precisa ser trazido de fato para nossa vida, pois foi por cada um que Jesus viveu.
Ao se encarnar, Jesus toma sobre si nossa condição humana, ele “passa” pela nossa humanidade e vai abarcando tudo o que está relacionado a ela, toda sua dimensão e aspectos. Ele assume nossos sentimentos, nossos sonhos, nossos pensamentos, nossos planos, nossa afetividade, nosso psiquismo e tudo mais.
Ele perpassa por toda integralidade do nosso ser, nada fica de fora, abarca até nossos pecados com todas as suas consequências de dor e morte, mas sem pecar, pois, ele “toma sobre si nossas dores” (Cf Is 53,4). Em cada mistério meditado, nossa vida está ali escondida, presente.
Meditar os mistérios da nossa vida
É uma reflexão que devemos sempre fazer, nossos mistérios não serão tão belos como os da vida de Jesus, mas temos que saber nos alegrar pelo dom da vida e missão, saber sofrer a dor de nossas infidelidades e pecados, mas ter sempre como meditação objetiva a glória da vida eterna.
É uma longa jornada, mas, ela vai se tornando bela à medida que os mistérios de Cristo vão penetrando em todas as áreas e projetos do nosso ser.
Jesus nasceu em uma família, viveu todas as fases da vida humana, trabalhou como carpinteiro com seu pai nutrício São José, viveu a amizade com os seus, orou ao Pai do céu, viveu em comunidade, se alimentou, festejou, cumpriu as leis da sua religião. Por tudo isso nossa vida sem estar integrada, ou seja, com todas as partes unidas pelos mistérios do Santo Rosário, será fragmentada, fundamentada somente em coisas efêmeras e finitas.
Cada mistério meditado e encarnado em nossa vida é a obra da recapitulação no sangue de Jesus acontecendo, tudo vai se ordenando para o plano inicial do Pai para cada um. Tudo ganha sentido e direção, se torna um projeto empolgante, desafiador, que vem dar sabor aos nossos projetos pessoais.
Na verdade, nosso projeto pessoal de vida devia sempre partir do Rosário meditado, ele é muito mais que meras recitações, engloba toda a nossa existência, pois nós estamos enxertados em Cristo Jesus.
Elias Antonio Breda Gobbi
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator