Você sabia que a Santíssima Trindade está com você todos os dias? Muitas vezes, no automático da vida, ignoramos esse mistério central da fé cristã. Basta recordar o sacramento do Batismo; e ainda ao fazer o sinal da cruz pela manhã, ou mesmo ao rezar o Credo, em todos esses momentos tocamos esse entrelaçamento de amor: Deus que é Pai, Filho e Espírito Santo. E tem mais, o Deus Trino sustenta toda a nossa existência, desde o princípio.
O Papa Bento XVI vai nos recordar a presença visível da Santíssima Trindade na criação. “Desde os espaços interestelares até as partículas microscópicas, tudo o que existe remete a um Ser que se comunica na multiplicidade e variedade dos elementos, como numa imensa sinfonia. Todos os seres são ordenados segundo um dinamismo harmonioso que, analogicamente, podemos definir: amor”. (¹)
E ele continua, destacando a ação da Trindade no homem. “Mas é somente na pessoa humana, livre e racional, que este dinamismo se torna espiritual, se faz amor responsável, como resposta a Deus e ao próximo, num dom sincero de si.” (²)Que magnífico!
Solenidade da Santíssima Trindade
A Solenidade da Santíssima Trindade é celebrada no primeiro domingo após o de Pentecostes, selando assim todo esse tempo em que aprofundamos a vida, morte e ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo. Fazemos memória do Deus que nos criou, do Filho que nos resgatou e do Espírito Santo que nos santifica. “Toda a história da salvação não é senão a história do caminho e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, Se revela, reconcilia consigo e Se une aos homens que se afastam do pecado”(³)
A Trindade é una
Realmente esse mistério de amor e comunhão nos impressiona, pois está a cima dos limites da nossa razão. Foi Jesus que nos revelou esse mistério e a igreja atestou e defendeu por meio de alguns Concílios entre eles, o de Niceia (325) e Constantinopla(381).
Jesus revelou que Deus é Pai. Como não se recordar daquele episódio narrado por São João, em que os discípulos pedem para que ele mostre o Pai, o qual o Senhor responde: “Há tanto tempo que estou convosco e não me conheces, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai”(Jo. 14,9).
E nos revelou o Espírito. “Quando vier o Paráclito, o Espírito da Verdade, ele vos ensinará toda a verdade, porque não falará por si mesmo, mas dirá o que ouvir, e vos anunciará as coisas que virão”(Jo. 16,13). O Catecismo da Igreja Católica (CIC) nos ajuda a clarear nosso entendimento. No parágrafo 253 encontramos algumas luzes:
“A Trindade é una. Nós não confessamos três deuses, mas um só Deus em três pessoas: «a Trindade consubstancial». As pessoas divinas não dividem entre Si a divindade única: cada uma delas é Deus por inteiro: O Pai é aquilo mesmo que o Filho, o Filho aquilo mesmo que o Pai, o Pai e o Filho aquilo mesmo que o Espírito Santo, ou seja, um único Deus por natureza. Cada uma das três pessoas é esta realidade, quer dizer, a substância, a essência ou a natureza divina”.
Habitados pela Santíssima Trindade
Nesta união perfeita, que expressa a intimidade do nosso Deus, nós somos convidados a participar. A Trindade deseja fazer morada em nosso coração, nos conduzir no caminho de santidade, até o dia que a veremos face a face no céu.
“O fim último de toda a economia divina é o acesso das criaturas à unidade perfeita da bem-aventurada Trindade (82). Mas já desde agora nós somos chamados a ser habitados pela Santíssima Trindade: «Quem me tem amor, diz o Senhor, porá em prática as minhas palavras. Meu Pai amá-lo-á; Nós viremos a ele e faremos nele a nossa morada» (Jo 14, 23)”(4)
Ó meu Deus, Trindade que eu adoro
Que esse trecho da Oração de Santa Elisabete da Trindade possa nos ajudar a entrar nessa comunhão com a Trindade. Vamos orar:
“Ó meu Deus, Trindade que adoro, ajudai-me a esquecer-me inteiramente, de mim mesma, para me fixar em Vós, imóvel e calma, como se minha alma estivesse já na eternidade: que nada possa perturbar-me a paz, nem me fazer sair de Vós, ó meu Imutável, mas que cada instante me leve mais avante na profundidade de Vosso mistério.Apaziguai-me a alma, fazei dela o Vosso céu, Vossa morada preferida, o lugar de Vosso repouso: que aí jamais Vos deixe só, mas que esteja toda inteira, totalmente desperta em minha fé, toda em adoração, completamente entregue à Vossa ação criadora.”
Andressa Aparecida da Silva
Consagrada da Comunidade Católica Pantokrator
Referências
- Angelus, 11 de junho de 2006, Solenidade da Santíssima Trindade
- Idem Ibidem
- Catecismo da Igreja Católica, 234
- Idem Ibidem,260