O homem é chamado à santidade! Provavelmente, você já ouviu essa expressão. E o que isso quer dizer? Parece algo tão distante do ser humano nos dias atuais. Parece a contramão do que aprendemos que devemos buscar. Somos incentivados pelos pais e educadores a buscar sucesso, estabilidade financeira, reconhecimento e etc. É quase raro ouvir os pais aconselharem a seus filhos: “busque a santidade”.
Mas por que somos chamados a sermos santos? Porque Deus é santo e nos convida: “Sede santos, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19, 02). Somos, então, chamados a participar da santidade de Deus. No entanto, para o homem, isso só é possível através da união com Ele (repetição). Essa união só se dá pela “participação do homem no mistério de Cristo pelo Espírito Santo”¹.
Olhando assim parece difícil, né? Mas nosso bom Deus, conhecendo-nos desde o princípio não nos chamaria a algo que fosse impossível a nós. Ele nos chama porque sabe que somos capazes. Só depende da nossa decisão.
O que é Santidade comum?
Ao buscarmos a santidade, devemos, portanto, ter em mente dois aspectos muito importantes. O primeiro diz respeito à perfeição, santidade não é sinônimo de perfeição, que é própria de Deus. “A verdadeira santidade se contrapõe à busca de perfeição no homem”¹. Ao homem cabe reconhecer suas imperfeições e se fazer dependente de Deus.
A segunda diz respeito à ideia de que a santidade pressupõe atos heroicos e grandiosos. Talvez tenhamos essa ideia devido às histórias dos grandes santos mártires que deram suas vidas em nome de Jesus. Somos sim chamados a dar a nossa vida, derramar nosso sangue pelo nome de Jesus, mas dentro da realidade que estamos inseridos hoje. É aí que entra a santidade comum.
Já sabemos que o chamado à santidade é inerente ao homem. No entanto, é importante saber que esse chamado não deve nos excluir, ele deve, sobretudo, nos inserir no mundo. O termo “comum” não significa banal ou “mais ou menos”, mas remete a santidade vivida nas situações ordinárias e cotidianas¹.
A santidade deve nortear todos os âmbitos da nossa vida: familiar, profissional e social. Ela faz com que pequenos atos de amor e obediência a Deus se tornem testemunho aos que estão ao nosso redor. É através de pequenos atos de generosidade, de paciência, de silêncio, de honestidade e de acolhimento que podemos imitar a Cristo e, assim, inserir o Reino de Deus, testemunhando uma santidade que é possível a todos.
Sendo assim, podemos ser santos todos os dias, em todos os lugares e em cada atitude. Por mais simples que seja, mesmo que ninguém esteja vendo.
Alguns aspectos práticos da vivencia da santidade comum
Como disse anteriormente a santidade é para ser vivida em todos os âmbitos da nossa vida. No trabalho, em casa, com nossos familiares e amigos, na escola… Enfim, em todos os ambientes onde nos relacionamos com outras pessoas. Seja no supermercado, no banco, na farmácia, na padaria, no trânsito (sim! No trânsito), no horário do cafezinho no trabalho, nas conversas de corredor, nos posts do facebook e etc.
A santidade comum vai nos inserir no mundo. Como? Isso porque podemos ser santos no vestir, no falar, nos hábitos, como expressamos uma opinião e etc.. Podemos usar das situações, momentos de lazer e meios de comunicação para dar um novo sentido aquilo.
É importante lembrar que “não são as coisas em si mesmas que são corrompidas, mas sim como e com que intenção se as usam”¹. Por exemplo, dançar não é errado, muito pelo contrário, é saudável, nos alegra e nos faz bem. No entanto, ao usar a sensualidade estamos cometendo um mal a quem dança e a quem vê, deturpando o que era bom e transformando em pecado.
Ao escolhermos uma roupa, devemos ter em mente o que queremos expressar, pois a forma como nos vestimos expressa quem somos. Será que ao escolher uma roupa mais justa, ou com decote ou alguma transparência eu estou expressando a beleza de ser mulher, filha amada de Deus? Ou quero chamar a atenção dos outros, atraindo olhares? O que realmente move a minha escolha?
Este pensamento deve sempre nos acompanhar. Antes de qualquer escolha ou atitude, podemos refletir. O que me move a agir assim? Sendo filho/filha amada de Deus, isso é conveniente? Como Cristo agiria?
Acredito que agindo assim, daremos passos e nossos atos certamente vão “incomodar” aqueles que estão ao nosso redor. E, desta forma, a santidade comum vai se perpetuando de pessoa a pessoa e o Reino de Deus se tornando fonte de inspiração e objetivo de vida. Que nosso amado Deus nos dê a graça e a sabedoria de buscar a santidade comum!
Vanessa Cícera S. Ramos
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator
¹ Documento Santidade Comum da Comunidade Católica Pantokrator
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