Santa Hildegarda: virgem e doutora da Igreja

Hildegarda

Santa Hildegarda de Bingen é uma das muitas pérolas preciosas de nossa Igreja. Com seu testemunho de vida, lutou para alcançar o céu, confiando na força do Espírito Santo para vencer as adversidades da sua passagem pela terra.

Santa Hildegarda nasceu em 1089, na Alemanha. Foi entregue aos cuidados de uma abadessa beneditina aos 8 anos de idade. Filha de pais nobres e família abastada, fez seus votos aos 15 anos, tendo a regra de São Bento modelado seu modo de viver. Em 1136, foi escolhida como abadessa para dirigir o convento.

A vida de Santa Hildegarda tem muitos fatos interessantes, sendo impossível contemplar sua biografia em um singelo texto como esse, que não tem essa pretensão. Tenho a intenção de aguçar ainda mais a curiosidade pela história de vida dessa santa, que tendo vivido no século XII, hoje nos traz um fascínio por ser tão cheia de vivacidade e da graça do Espírito. Além de livros de teologia e de mística, escreveu também obras de medicina e de ciências naturais. Foi também compositora de música sacra.

Foi canonizada em 1584, pelo Papa Gregório XIII, mas recentemente, em 2012, foi proclamada doutora da Igreja pelo Papa Bento XVI.

Fundou dois conventos e foi abadessa de ambos. Novas vocações se achegavam ao convento de Hildegarda, trazidas pelo conhecimento e prestígio da santa que se espalhava rapidamente. A doutrina hildegardiana se dedica a revelar Deus, fazendo-o conhecido por seu amor. Desde pequena, tinha visões, que foram autorizadas pelo Papa Eugénio III a serem escritas e reveladas em pregações, tendo São Bernardo de Claraval como grande incentivador.

Suas principais obras são: Scivias, o Liber vitae meritorum e o Liber Divinorum Operum. Nessas obras, Santa Hildegarda narra suas visões e como o Senhor a incumbiu de as transcrever. Sua doutrina oferece uma síntese de toda a fé cristã, abordando desde a criação até o juízo final. 

A questão principal de sua doutrina é a tarefa fundamental da teologia: é possível ao homem conhecer a Deus? Sim, é possível através da fé como uma porta, segundo ela. No entanto, não em sua totalidade, tendo em vista que Deus não cabe em nossos entendimentos. Deus se torna conhecido pela criação, que não pode ser considerada em si mesmo, a fim de evitar erros e abusos. Sendo necessário fé e razão para se conhecer a Deus. Um segundo modo de se conhecer a Deus é pelas escrituras. Deus fala e o homem é chamado a ouvi-lo e respondê-lo. A santa coloca dois modos de responder a Deus: na celebração da liturgia e com uma vida virtuosa e santa.

A finalidade da existência humana na doutrina de Santa Hildegarda

O corpo na doutrina da mística alemã tem um lugar de destaque. Talvez por isso, Santa Hildegarda esteja tão em alta na atualidade. A santa reconhece que o corpo manifesta também as fragilidades para não cair na soberba. A vida eterna definitiva, não se pode obter sem o corpo, que assim como o corpo de Cristo está destinado para a ressurreição gloriosa. A respeito disso, teve uma visão contemplando as almas dos bem-aventurados à espera de se unir aos seus corpos.

Mesmo na condição de pecador, continuamos a ser destinatários do amor incondicional de Deus, que após a queda, tem o rosto da misericórdia. Para a santa, a definição mais exata do homem é de um ser a caminho. Somos peregrinos rumo à pátria celeste, chamados a lutar constantemente para escolher o bem e evitar o mal.  A escolha constante do bem produz uma existência virtuosa. 

Cristo possui todas as virtudes e se quisermos ter uma existência virtuosa, precisamos estar em comunhão constante com Ele. A força da virtude provém do Espírito Santo, que uma vez infundido em nossos corações, torna possível um comportamento constantemente virtuoso, sendo esta a finalidade da existência humana. 

A santa nos ensina que, para cumprir essa finalidade, Cristo doou os sacramentos a sua Igreja. Não é possível perseverar na escolha do bem apenas com o esforço da vontade, mas através dos dons da graça que Deus concede a Igreja.

Os sacramentos produzem a santificação dos católicos, a salvação e purificação dos pecados, o arrependimento, o amor e todas as outras virtudes. 

A Igreja vive porque emana o amor da Trindade, revelado por Cristo. Jesus veio da Trindade ao encontro do homem e pelo seio de Maria ele vai ao encontro de Deus. Para ela o ápice do sacramento é a eucaristia.

A redescoberta da medicina natural

Santa Hildegarda resumia seu tratamento do corpo e da alma em cinco pilares: Nutrir a alma; Nutrir o corpo; Viver saudavelmente; Reforçar a imunidade; e Desintoxicação. Dava o nome às suas receitas de “Maravilhas do Senhor”, pois eram inspiradas diretamente por Deus. 

Ensinava que o excesso de comida intoxica o organismo e produz tristeza. Dizia: “A alegria está na sobriedade e pureza da alma e dos nutrientes.” Os alimentos eram indicados de acordo com o estado de saúde da pessoa.

Demonstrava conhecimento em várias áreas: medicina chinesa, teoria dos temperamentos, dos fluídos corporais e humores, práticas árabes, conhecimento sobre Hipócrates e Galeno. Fez muitas observações originais e inventou terapias novas.

Santa Hildegarda publicou um grande tratado sobre muitas doenças e o modo de curá-las com o uso da natureza: plantas, ervas, partes de animais e pedras preciosas. Além desse tratado de medicina, escreveu livros para explicar como a natureza funciona de acordo com os preceitos misteriosos de Deus. 

Grupos se reúnem atualmente para estudar a medicina natural de Hildegarda e a teologia, na França, Alemanha, Bélgica, Espanha e Argentina. Em alguns desses países existem clínicas especializadas que realizam tratamento seguindo suas orientações.

Santa Hildegarda faleceu em 1179, atingida por uma doença, cercada por suas irmãs de convento. 

A inteireza de Hildegarda nos chama a atenção. Aceitou o chamado do Senhor para a missão, vivendo uma vida de magnanimidade. 

Santa Hildegarda, rogai por nós!

Thais Casarini
Discípula da Comunidade Católica Pantokrator

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