REZE COM A SUA VERDADE!

Verdade seja dita: muitos de nós, católicos, ainda patinamos bastante na nossa vida de oração. Não importa se nos convertemos há dois, dez ou trinta anos… Também não importa se já nascemos em “berço católico”, parece que em determinadas situações nos deparamos com uma dúvida espantosa: eu estou rezando direito?

Os próprios discípulos, que andavam com Jesus o tempo inteiro, certa vez o pediram: “Mestre, ensina-nos a orar” (Lc 11, 1). De fato, a oração é uma das coisas mais importantes que existem, pois nos conectam diretamente ao Autor da vida! Qualquer súdito, por mais tranquilo que seja, se preocupa em utilizar um vocabulário correto para se dirigir a um rei.

Mas, na realidade, Jesus não parece muito preocupado com burocracias ou com os nossos erros de português. A qualidade de uma oração, para o Senhor, não está tanto no grau de poesia ou na erudição teológica, mas no derramar sincero do próprio coração.

A ORAÇÃO SINCERA VALE MAIS QUE POESIA

Conheço pessoas que não rezam (ou rezam pouco) porque acham “difícil”. Não sabem bem o que dizer a Deus e, no fim, acabam desistindo. Mas olha o que diz Jesus ao nos ensinar a rezar: “Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras” (Mt 6, 7).

Significa que Deus não está interessado em orações “perfeitas” ou “inovadoras”. O Senhor não promove uma espécie de competição, em que opta por ouvir apenas as orações mais bonitas ou melodiosas. Não! O Cristo é claro sobre o fato de que não seremos ouvidos “à força de palavras”.

O que realmente importa para Deus é quando fechamos os nossos olhos e colocamos a nossa verdade para fora. É exatamente isso: Deus ama as orações verdadeiras. Eu te aconselho a fazer a seguinte experiência quando for rezar: antes de dirigir qualquer palavra ao Senhor, respire por um instante e pergunte a si mesmo: “Como eu estou? Qual a minha verdade de hoje?”.

Não pense que “Deus tem coisas mais importantes do que ouvir a minha verdade”. É justamente o que Ele quer! Quando puder, leia atentamente o trecho do Evangelho que trata sobre os discípulos de Emaús (Lc 24, 13-35). Eram dois amigos que caminhavam tristes e falando sobre as desilusões que tiveram em Jerusalém. Jesus se aproxima e pergunta: “De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?”. Ou seja, Jesus já chegou pedindo: “Me fala sobre a verdade de vocês…”

O AMIGO É AQUELE QUE REVELA A SUA VERDADE

Na Última Ceia, quando Jesus conversava com seus discípulos, Ele falou algo profundíssimo: “Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor. Mas chamei-vos amigos, pois vos dei a conhecer tudo quanto ouvi de meu Pai” (Jo 15, 15). Em outras palavras, Jesus está dizendo que o verdadeiro amigo é aquele que dá a conhecer a sua verdade ao outro. E ele se revelou em sua verdade de Filho de Deus.

Aposto que ninguém consideraria “difícil” desabafar com o melhor amigo. A própria palavra “desabafar” significa descarregar, se abrir, falar sem medo. Significa abrir sua alma e deixar sair o que está lá dentro, sem se preocupar com aquilo que o outro vai pensar. Se você está profundamente triste, não fará nenhum esforço para demonstrar um rosto falso ao seu melhor amigo.

E por que será que não fazemos o mesmo com Deus? Às vezes estamos tristes e fazemos “orações” vazias e genéricas – que podem até conter palavras bonitas e poéticas, mas não possuem nenhuma verdade. O fato é que temos medo de Deus, e não é possível ser amigo de quem você tem medo.

Mas Jesus se aproxima de nós como se aproximou dos discípulos de Emaús: “E aí, meu caro: por que você anda triste?”. Por mais estranho que pareça, Deus gostaria mais que você “explodisse” em desabafos diante Dele do que dissesse todos os elogios forçados que você já leu na Bíblia.

DEUS NÃO SE ESCANDALIZA COM A NOSSA VERDADE

Se você quer viver uma realidade nova em sua vida de oração, experimente dizer a Deus as coisas mais profundas que existem em você: os seus sonhos inatingíveis, as lembranças que te envergonham, os atos que você ainda não conseguiu perdoar, e até as tentações que você vem sofrendo.

Há certos tipos de pensamentos que não dizemos nem para os melhores amigos. Há coisas que nem mesmo nós gostamos de pensar, mas que – bem no fundo – estão dentro de nós. Experimente abrir esta verdade diante do Senhor, como quem abre um tesouro de família que estava guardado a sete chaves.

Isso é rezar! E não pense que Deus vai ficar “magoado” ou surpreso se você disser algo escandaloso. Lembre-se que Ele é onisciente – ou seja, Ele já sabe mesmo antes de você falar (conforme Mt 6, 8). Não é por curiosidade que Deus quer que você abra a sua verdade, mas porque Ele quer participar da sua vida e dar passos ao seu lado.

Que a Virgem Santíssima te ensine a rezar com simplicidade e verdadeira abertura de coração.

 

Rafael Aguilar Libório
Consagrado da Comunidade Católica Pantokrator

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