Que a minha vida seja uma oferta agradável a Deus! Esse tema diz muita coisa. Se formos usá-lo na oração de intimidade, com certeza renderia algumas boas horas de oração, porque ele é amplo e permite a reflexão sobre várias realidades.
Para compreender melhor, tomemos como exemplo Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face, que viveu isso de forma muito encarnada, entregando sua vida como uma oferta agradável a Deus. É uma santa carmelita do século XIX, teve uma forte história de vida, em que, ainda criança, ficou profundamente abalada, porque passou por várias perdas afetivas. Primeiramente, a perda da mãe de sangue; depois, “a perda” de Paulina, uma de suas irmãs mais velhas, que passou a ser sua segunda mãe, que, seguindo sua vocação, ingressou no Carmelo. Depois, foi acometida por uma séria doença e, posteriormente, o falecimento do pai.
Oferta de vida de Santa Teresinha
Mesmo com todos esses acontecimentos, e com característica de hipersensibilidade, no Natal de 1886, com 13 anos de idade, Jesus mudou o seu coração através de uma experiência em que Ele pedia que ela se desfizesse dos seus defeitos de infância (mimada). A partir daí, ela sentiu a caridade entrar em seu coração e reconheceu a necessidade de sair de si e trabalhar pela conversão dos pecadores. Torna-se uma gigante na fé, doutora da Igreja. Com 15 anos, ela já queria ingressar no Carmelo; foi, inclusive, conversar com o Papa Leão XIII, tamanho era o desejo de entregar sua vida a Deus.
Ela descobre, no decorrer da caminhada, que o que mais importa não é o que se faz, mas o quanto se ama o que se faz, que a santidade não é algo extraordinário, mas pode estar nas pequenas coisas diárias, que podemos realizar com renovado amor. É o caminho da pequena via.
Entendendo a pequena via
“Consiste em uma disposição do coração que nos torna humildes e pequenos nos braços de Deus, conscientes da nossa fraqueza e confiantes até a audácia em sua bondade de Pai” (1). Ela descobre que o que rejeitamos em nós, nossa fraqueza e imperfeição, atrai o olhar de Deus; assim ela descobre isso no “ser criança”: o pequeno é incapaz; portanto, o olhar de Deus é atraído por essa necessidade. “Jesus sente prazer em mostrar-me o único caminho que é a entrega da criancinha que adormece sem receio no colo do pai… oferece a Deus sacrifício de louvor e cumpre os votos que fizeste ao altíssimo” (2).
“Jesus não precisa das nossas obras, só do nosso amor”.
Nós não nascemos prontos para amar, isso esbarra em nossa humanidade. Para educar o meu desejo de oferta, pois é necessário fazer ascese (exercício), para fazer do nosso “nada” amor. Preciso todos os dias fazer esse movimento de entregar de vida, o que vou viver naquele dia, dificuldades, alegrias. Acolher o Reino de Deus como uma criança. Tudo é graça; eu me disponho e Deus realiza.
Santa Teresinha foi curada do escrúpulo. Tudo o Senhor aproveita, até as quedas. Ela descobriu-se assim um “nada” amado por Deus. Ela dizia: “Deus me ama do jeito que estou”.
Fragilidade e dependência
Há duas grandes marcas na “pequena via” de Santa Teresinha que podem ajudar nessa entrega de vida: a fragilidade e a dependência. Reconhecer-se frágil e tornar-se dependente de Deus. Ela dizia que queria ser uma bola de brinquedo nas mãos de Deus, que se Ele a esquecesse embaixo da mesa, ela ficaria feliz; ela falava dessa alegria, porque sabia que isso Lhe agradaria.
O amor é gratuito, é graça, é dom. Portanto, para que sua vida seja uma oferta agradável a Deus, é necessário uma só coisa: AMAR! Gastar sua vida amando a Deus e aos irmãos que o Senhor coloca no seu caminho. Nada nos torna mais próximos de Deus do que amar.
Deus abençoe você!
(1) ANDRADE, André L. Botelho, “Pequena Via de Santa Teresinha”, 1ª edição, São Paulo: Ed. Sagrada Família, 2021.
(2) SANTA TERESINHA DO MENINO JESUS, “História de uma Alma”, 6ª edição, São Paulo: Ed. Loyola, 1999.
Ariele Castilho Russo
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator