Vamos refletir juntos sobre esta pergunta: “Por que tenho medo de lhe dizer quem sou?”
É fácil, sim, revelar o que não é profundo, aquilo que é confortável, as coisas boas sobre nós mesmos. Mas existem pontos que nem mesmo nós gostamos de encarar, quanto mais mostrar aos outros!
AFINAL, QUEM SOU EU?
Filhos do Grande Mistério (Deus), carregamos este traço de nosso Pai Criador. Somos um mistério até para nós mesmos! Sendo assim, a pergunta “quem sou?” deve primeiramente ser refletida em nossa interioridade. Longe de se obter uma resposta instantânea, essa indagação deve ecoar por toda a nossa vida! E deve ser direcionada a Deus, o único que nos compreende na totalidade.
É lógico que, por sermos seres irrepetíveis, encontramos sobre cada um de nós respostas bem diversas. Mas existem fatos em comum: descobrimos em nosso ser muitos potenciais, dons dados por Deus, virtudes conquistadas e tantos pontos positivos, muito confortáveis para serem exibidos. Mas também descobrimos fragilidades: tendências más, vícios e muitas limitações (próprias do nosso ser mortal e vulnerável). Não possuímos a vida por nós mesmos, é Deus quem a concede e, além de tudo, vivemos em constante luta para mantê-la.
E POR QUE O MEDO?
Por sermos vulneráveis, como dito acima, e inseridos num mundo cheio de maldades, precisamos nos preservar. É importante, sim, certa reserva para se revelar o que há de mais profundo em nós.
Mas essa autopreservação pode se transformar em medo. E isso é um grande problema, que pode levar muitos a recorrer aos mais absurdos artifícios: mentiras, desejo de ser outro alguém, timidez ou excesso de expansividade (desejo de desviar o foco de si, apontando para os problemas alheios).
O CAMINHO PARA A LIBERDADE DE SER QUEM SOU
Santa Teresinha do Menino Jesus nos mostra este caminho: a “Pequena Via”. Ela contém elementos que nos libertam e nos reconciliam com nossas fragilidades, a ponto de amá-las. Os elementos são: humildade, confiança, simplicidade e inocência.
Humildade: “Na humildade se vê com a luz, a luz da verdade de Cristo. Então nada é deformado e se vê a verdade, na liberdade de quem sabe que ‘não é’ e Cristo é nele. O humilde sabe que ele não é importante, porque importante é ‘Aquele que É’. Por meio da humildade, o homem sabe que na verdade é precioso, é um bem, é belo, é amado” (André Luís Botelho de Andrade – Fundador e Moderador Geral da Comunidade Católica Pantokrator).
Confiança (no Amor de Deus): Quanto mais nos percebemos amados, mais frágeis nos permitimos ser. É o desamor presente no mundo que nos leva a tratar de nossa auto identidade de maneira reservada. É esse desamor a fonte do medo excessivo de nos revelarmos profundamente, buscando “defesas” desastrosas.
Simplicidade: “A pessoa simples é livre, é uma pessoa que vive na paz, que se basta em Deus (…). Ou seja, ela não precisa de nada, ela não está tão sujeita àquilo que o outro diz, o que ela tem, o que não tem, conquistou, não conquistou, foi bem, não foi bem, teve sucesso ou teve fracasso. Isso tudo é importante, mas de uma maneira periférica, porque ela está sustentada em Deus” (André Luís Botelho de Andrade).
Inocência: Reconhecendo-se guardada e protegida por Deus, a pessoa não vê necessidade de usar de maldades para se defender.
FRUTOS DA “PEQUENA VIA”
“Há algo muito interessante nas curas de Santa Teresinha: as curas recapitularam as fragilidades dela. O escrúpulo se tornou zelo pela lei. É impressionante. Ela era muito zelosa. A sensibilidade torna-se uma percepção profunda das coisas de Deus. E o medo de crescer se tornou a Pequena Via. As curas em Santa Teresinha foram tão poderosas que fizeram com que as suas fragilidades se tornassem dons” (André Luís Botelho de Andrade).
Busquemos essa mesma liberdade alcançada por Santa Teresinha! Deixemos que o Poder de Deus transforme nossas fragilidades em presentes amáveis, para Deus, para nós mesmos e para o mundo! Que Deus seja glorificado por meio de tudo o que somos, especialmente por meio de nossas fragilidades!
Luiza Torres
Discipula da Comunidade Católica Pantokrator