O Símbolo do herói e do vilão

,Todas as grandes histórias têm seus heróis e seus vilões. Este é, provavelmente, o maior símbolo da história da humanidade e nenhuma cultura foi construída sem ele.

O que é um símbolo?

Símbolo é uma conexão entre uma realidade e um objeto. O símbolo é essa seta que começa no mundo real e aponta para outro objeto material ou imaterial.

Por exemplo, quando você lê a palavra “árvore”, você pensa logo no objeto da árvore. No entanto, “árvore” é apenas uma junção de desenhos que nós chamamos de letras.

Com o passar dos anos, começamos a usar símbolos para transmitir mensagens mais complexas. No mundo da Grécia antiga, por exemplo, existiam as sereias, que eram seres mitológicos meio peixes, meio homens que podem ser imaginados materialmente (como podemos ver em vários filmes), mas que simbolizavam a sedução a algo que no final nos levaria ao “fundo”.

De acordo com o Livro do Gênesis, nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus (cf. Gn 1,26), ou seja, com liberdade; e comemos do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, o que fez com que, a partir desse momento, vivêssemos uma intensa luta entre o bem e o mal, as atitudes corretas e as atitudes erradas. E para isso, também criamos símbolos e representações.

O herói

No mundo antigo, herói era o ser humano que tinha “sangue divino” correndo em suas veias. Herói era aquele que conseguia realizar feitos que seres humanos normais não conseguiam e que, assim, entravam para a história e eram lembrados. Ou seja, antigamente, o conceito de herói não estava necessariamente ligado a virtudes e boas atitudes. Como, por exemplo, Hércules, que era considerado um herói, mesmo tendo matado seus próprios filhos, descontrolado pela sua ira.

Mas, a partir da vinda de Cristo e com o cristianismo, essa concepção de herói foi mudada. Como uma analogia de Jesus, o herói passou a ser aquele que escolhe pelo bem e põe a sua força em realizar o que é bom. Herói é a pessoa que se entrega pelos outros; ele é o que defende as pessoas que não conseguem se defender sozinhas.

Em outras palavras, o herói passa a ser uma imitação de Cristo, sendo Cristo o maior e o mais perfeito dos heróis.

Nós podemos ver isso até nos filmes e histórias modernas. Um bom exemplo está em Star Wars, quando Luke Skywalker, tendo derrotado Darth Vader escolhe não se deixar levar pela raiva e poupa a vida do vilão que depois acabaria se convertendo para o bem e derrotando o mal. É difícil ver Hércules fazendo isso, mas é fácil ver os dons de Cristo nas atitudes de Luke.

No entanto, nós não podemos confundir o símbolo do herói com o bem. O herói não é o bem por si mesmo. Mas o herói é aquele que se compromete com o bem e como todos os seres humanos (e Cristo), passa por provações e desafios; com muita luta e sofrimento, ele tem que escolher entre o bem e o mal. Contudo, ao contrário de Cristo, o ser humano não é perfeito e muitas vezes escolhe o mal, como, por exemplo, Frodo em “O Senhor dos Anéis”, que é seduzido pelo anel e, no final, não consegue destruí-lo.

A jornada do herói é a jornada da nossa alma, por mares e montanhas tempestuosas; nós somos chamados a escolher o bem, mesmo muitas vezes não o escolhendo. Por isso a imperfeição dos heróis é tão importante, pois é por ela que nós vamos nos enxergar e nos identificar. E como em boas histórias de heróis o bem sempre vence, nós somos inspirados a lutar pelo que é bom.
É justamente nesse ponto que a indústria cinematográfica está pecando. Pois, na tentativa de “desconstruir” e “valorizar classes excluídas”, os produtores estão substituindo personagens tradicionais por personagens dessas classes excluídas, mas, ao contrário dos antigos personagens, os novos são perfeitos e o único desafio deles é se libertar das amarras do mundo opressor. O objetivo das pessoas que criam esses filmes não é criar boas histórias que cativam (e realmente não cativam), mas promover uma ideologia.

 O vilão

O vilão é o espelho do herói, é como o herói, tem as mesmas dificuldades e lutas, mas escolhe o mal.

Por isso, em muitos enredos o vilão e o herói têm histórias semelhantes ou são da mesma família. A semelhança entre o herói e o vilão é extremamente importante para explicitar o poder das nossas decisões e nos convidar a escolher o bem.

Mas o vilão não é simplesmente um “complemento” para a história fazer sentido. Ele também nos representa quando tomamos más atitudes. O símbolo do vilão nos mostra a sujeira em que nós nos colocamos quando escolhemos o mal e nos ajuda a evidenciar o que é ruim.

A nossa história

A nossa alma vive em combate. Nós transitamos entre o bem e o mal. Por isso a cena em “Batman: o cavaleiro das trevas”, em que o Coringa diz ao Batman: “você me completa”, é tão marcante. Essa cena aponta para a nossa realidade: a nossa alma é heroína e é vilã. Nós não somos só heróis e não somos só vilões.

O símbolo do herói e do vilão é extremamente importante para essa batalha da nossa alma. Nós somos chamados, assim como Cristo, a escolher sempre o caminho do herói. Somos chamados a entregar as nossas vidas pelos outros e assim realizar a vontade de Deus.

Não se engane: as lutas sempre existirão e nós sempre estaremos lutando, mas, assim como nas grandes histórias, o bem sempre vence o mal.

 

José Henrique Hissung Botelho de Andrade
Postulante da Comunidade Católica Pantokrator

 

 

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